O personagem multifacetado de Jamie Campbell Bower em Stranger Things é, sem dúvida, um dos pontos altos da temporada final da série. Seja como Um, Vecna, Henry Creel ou, mais recentemente, Sr. Fulano, o ator domina a cena com uma presença magnética e perturbadora.
Em uma recente entrevista à Variety, Bower revelou as camadas mais profundas e as referências assustadoras que ajudaram a construir sua performance mais recente e talvez a mais assustadora de todas.
A inspiração de Stranger Things em um líder de seita
Apesar de não possuir a aparência monstruosa de Vecna, a persona do Sr. Fulano pode ser ainda mais aterrorizante por sua natureza manipuladora. Bower confessou que uma das primeiras referências para a construção do personagem foi Jim Jones, o líder do culto Templo dos Povos que, em 1978, orquestrou um suicídio em massa com mais de 900 de seus seguidores.
Essa inspiração se manifestou de forma sutil, mas poderosa, na atuação. O ator explicou que a influência de Jones estava presente no seu processo de criação, especialmente na maneira como o personagem se comunicava com as crianças que caíam em sua armadilha. Bower ponderou sobre o uso de palavras específicas, como a troca de “vocês” por “nós“, para criar uma falsa sensação de pertencimento e família.

Segundo ele, essa é uma tática horrível que anula completamente a autonomia do indivíduo, sendo essencial adicionar essa camada de líder de culto ao personagem. O próprio ator admitiu que interpretar o Sr. Fulano foi tão aterrorizante quanto encarnar Vecna, pois havia um medo constante embutido na performance.
“Jim Jones foi uma referência inicial para mim. Ele estava nas minhas referências para o personagem, até em relação a como dizer certas coisas quando as crianças estão na frente dele. Tem momentos em que pensei, ‘Eu falo a palavra “vocês” ou uso “nós”? Nós somos uma família agora.’ E é algo horrível. Pode retirar totalmente a ideia de autonomia, então definitivamente tinha que ter essa camada de líder de culto no personagem. Foi tão aterrorizante quanto. Havia muito medo enquanto eu o interpretava.”
O passado de Henry Creel e os segredos de Stranger Things
A abordagem de Bower para a quinta temporada foi distinta da anterior. Enquanto na quarta temporada ele se concentrou em construir as memórias de Henry, agora o desafio era esconder suas verdadeiras intenções sob uma fachada de bondade. Para entender a complexidade do personagem, Bower mergulhou fundo em seu passado, algo que já havia sido explorado na peça prequela Stranger Things: The First Shadow.
O ator sabia que um evento monumental e transformador ocorreu com Henry aos oito anos em uma caverna, algo que o mudou para sempre. Ele insistiu com os irmãos Duffer para obter mais detalhes sobre essa história, pois era crucial para sua interpretação. No sexto episódio da temporada, os espectadores têm um vislumbre desse passado.
Enquanto Max e Holly navegam pelas memórias de Henry, elas testemunham um jovem Henry encontrando um homem ferido com uma maleta prateada em uma mina. Em pânico, o homem atira em Henry, que reage e o mata em legítima defesa. Quando questionado sobre o que havia dentro daquela mala misteriosa, Bower ofereceu uma única e enigmática palavra: “razão“.
A construção de Vecna em Stranger Things
A humanidade de Vecna, que Bower tanto explorou na quarta temporada, torna-se mais difícil de acessar agora, mas o ator acredita que ela ainda existe, enraizada em traumas e experiências ainda não exploradas. O final do sétimo episódio, que mostra Henry com doze crianças sequestradas em um jantar macabro na casa Creel, serve como uma preparação intensa para o que está por vir.
Bower adverte os fãs para esperarem o inesperado, afirmando que, se você acha que sabe o que vai acontecer no início do oitavo episódio, provavelmente está enganado. Segundo ele, o final realmente explode e supera qualquer expectativa.