Silvio Santos é indiscutivelmente o maior comunicador da televisão brasileira, uma figura cuja influência transcende gerações. No entanto, sua maior contribuição pode não estar em suas habilidades como apresentador ou empresário, mas sim em sua fidelidade ao público infantil, um segmento que ele nunca deixou de valorizar e nutrir ao longo dos anos.
Desde o início, Silvio Santos sempre reservou um espaço especial na programação do SBT para as crianças. Programas de auditório como Bozo, Mara Maravilha, Eliana e Angélica dominaram as manhãs e tardes da emissora, criando uma conexão única com o público jovem. Além disso, o SBT se tornou a casa de muitos desenhos animados que marcaram a infância de gerações, como Cavalo de Fogo, DuckTales, Street Fighter Victory, entre muitos outros. E, claro, não podemos deixar de mencionar Chaves e Chapolin, os clássicos mexicanos que frequentemente colocavam o SBT no topo da audiência, superando até mesmo a poderosa Rede Globo.
Vale destacar que Chaves e Chapolin foram subestimados pelos executivos do SBT, mas não por Silvio Santos. Determinado a levar esses programas ao público brasileiro, ele enviou um funcionário diretamente à casa de Roberto Gómez Bolaños para negociar os direitos de exibição. Bolaños indicou o departamento de fitas da Televisa, e alguns episódios foram adquiridos. O que se seguiu foi uma história de sucesso que ainda ressoa na memória de muitos.
Para Silvio Santos, o público infantil sempre foi o mais fiel, e ele reconhecia isso com gratidão. Esse compromisso se traduziu em uma decisão firme: jamais permitir que as crianças fossem esquecidas na programação do SBT. Mesmo nos anos 2000 e 2010, quando muitas emissoras começaram a retirar programas infantis devido a regulamentações que proibiam anúncios durante a programação, Silvio Santos resistiu. Ele proibiu a retirada de desenhos e novelas infantis, mesmo ciente de que a audiência já não era a mesma de outrora.
“Afinal, o que as crianças iriam assistir?”, questionava ele. Nem todas as famílias tinham acesso a streaming ou TV a cabo. Para Silvio Santos, a responsabilidade com o público infantil, que tanto contribuiu para o seu sucesso, era inegociável. Ele jamais esqueceu esse compromisso.
E, em um gesto final de carinho, até no dia de sua morte, Silvio Santos pediu que fossem exibidos desenhos em vez de um obituário, mantendo sua promessa de alegrar as crianças até o último momento.
