Disponível no Netflix desde o dia 28 de agosto, a 1ª temporada de Narcos apresenta a ascensão e queda de Pablo Escobar, o traficante mais perigoso da história da Colômbia, visto como herói para uns e um monstro para outros.
O projeto marca a nova parceria entre o diretor José Padilha (Tropa de Elite, Robocop) e o ator Wagner Moura (o icônico Capitão Nascimento de Tropa de Elite).
É inegável a assinatura do diretor brasileiro conhecido por deixar em seus projetos uma resposta e crítica à sociedade. Além da produção, Padilha dirigiu os dois primeiros episódios que, aproveita de maneira eficiente o cenário colombiano no início da década de 80 para criar uma discussão acerca da corrupção e do tráfico de drogas. Narcos vai além do início do reinado de Pablo Escobar. A série esfrega na cara do telespectador que um dos grandes problemas da sociedade em geral, é a facilidade em se corromper facilmente com o dinheiro. Não é a toa que Escobar tranquilamente subornava a polícia, políticos, jornalistas e qualquer um que pudesse impedir seu mercado de cocaína da Colômbia aos EUA.
Durante os 10 episódios, a série apresenta um caráter documental com uma postura sempre crítica e, como se trata de um programa, traz aspectos cinematográficos de um thriller policial com suspense, drama e pitadas de humor, um humor negro bastante característico de José Padilha, a propósito.
A recriação da Colômbia marca o engenhoso trabalho de fotografia de Lula Carvalho. A série usa de maneira efetiva o uso de cores para evidenciar a mudança de temperamento entre os personagens. Notem quando Escobar se sente incomodado ou ameaçado, sua feição está sempre sob cores mais fortes, com caráter sombrio.
O elenco da série não decepciona. Mesmo não sendo fluente em espanhol, Wagner Moura empregar naturalidade e, assim como o Capitão Nascimento, o ator entrega uma atuação com muita personalidade. Mesmo já interpretado por outros atores, o Escobar vivido por Moura se destaca pela composição conflituosa do chefão do tráfico. Pablo era o tipo de sujeito que beirava à cumplicidade e carinho com sua família e para a comunidade onde foi criado, mas ao mesmo tempo era responsável por atrocidades como derrubar um avião sem se importar com as pessoas inocentes que ali estavam, portanto que eliminasse apenas um único alvo ali presente. Os implacáveis agentes do DEA vividos por Pedro Pascal e Boyd Holbrook não comprometem e apresentam interpretações densas e complexas.
Para os fãs da série Breaking Bad, muitas referências poderão ser vistas, principalmente na construção de Pablo Escobar e Walter White durante o decorrer da temporada.
Sabendo que a renovação acontecerá em questão de dias, Narcos termina de maneira satisfatória e deixa espaço para abordar o momento mais crítico da vida de Pablo Escobar.
Ao final, mais uma grande produção do Netflix.