A segunda temporada de True Detective tinha uma responsabilidade, no mínimo ingrata, manter a qualidade ou quiçá superar a excelente história de Rust Cohle (Matthew McConaughey) e Marty Hart (Woody Harrelson), entretanto, o segundo ano da série não conseguiu entregar nenhuma das duas opções.
É notório que a temporada passada apresentou algo diferente em relação as demais séries ao apostar em tramas muito bem intrincadas, que fugiam da mesmice e com atores, que geralmente trabalham com filmes de grandes orçamentos, haja vista Matthew McConaughey, que é ganhador do Óscar.
Apesar das comparações com a primeira temporada serem inevitáveis, se analisarmos o ano atual é inegável que ele tem suas virtudes. Os personagens principais: Ani Bezzerides (Rachel McAdams), Ray Velcoro (Colin Farrell), Paul Woodrugh (Taylor Kitsch) e Frank Semyon (Vince Vaughn) são extremamente bem trabalhados ao ponto, de o telespectador se preocupar com o destino de todos e a relação entre eles, apesar de curta, é interessante e verossímil. O destaque fica por conta de Frank Semyon, um mafioso que busca fazer as coisas do lado certo da lei, mas se vê obrigado a voltar com velhos hábitos e sua relação com Ray Velcoro, um policial com um passado conturbado, assim como todos os protagonistas.
Mais uma vez a série acerta em sua ambientação, que consegue passar toda a sujeira da cidade de Vinci com poucas tomadas, a sensação de claustrofobia é intensa. Se a primeira temporada contava com elementos de neo-noir, a atual também fez o mesmo e, realmente, parece que o perigo espreita em cada esquina e todos os personagens guardam um segredo terrível. Destaque para a cena do tiroteio que é uma das mais bem filmadas em toda a temporada, depois do ocorrido, a série tem um salto em termos de ritmo que consegue prender mais o espectador. Sem falar as metáforas com as músicas, que buscam retratar os momentos mais sombrios dos personagens.
Um ponto negativo dessa temporada foram os excessos de plot-twists, que tornam a trama um tanto confusa e também o exagero de explicações, não dando a mínima margem de interpretação para qualquer acontecimento como, por exemplo, o final de Frank, que é uma das melhores cenas da temporada, mas cai na mesmice de explicar tudo com um diálogo entre o mafioso e uma visão de sua mulher.
Esse tipo de série que conta com temporadas fechadas sempre vai abrir espaço para comparações, mas se encararmos como uma temporada isolada, a experiência é inegavelmente melhor. Por mais que sejam histórias com vários plots-twists e atores caros, a segunda temporada se tornou apenas mais uma série policial genérica, que interessa os mais aficionados por esse gênero, mas não entrega “o algo a mais” da primeira temporada.