Crítica | The Witcher – 1ª temporada

Reprodução/Netflix
Reprodução/Netflix

Após anos de expectativa, o bruxo Geralt de Rívia finalmente ganha vida nas telinhas. Sob produção da Netflix, The Witcher estreia sua primeira temporada entre altos e baixos, o que já era esperado. Não seria tarefa fácil adaptar a saga de livros do autor polonês Andrzej Sapkowski, já que a história ficou popularizada com os games, principalmente, The Witcher 3: Wild Hunt, o melhor jogo de 2015 e um dos melhores do PS4. Mas, os jogos tomaram liberdade criativa e servem como uma continuação dos livros. Eis que a Netflix opta por adaptar diretamente os contos, o que deve causar certa estranheza de início.

A primeira temporada apresenta os protagonistas Geralt de Rívia, Ciri e Yennefer. Os oito episódios são divididos em três linhas temporais, causando uma dor de cabeça de início. Os três primeiros episódios não deixam claro que Geralt, Ciri e Yennefer estão em épocas diferentes. A partir do quarto, o telespectador começa a ficar ambientado. Isso é uma faca de dois gumes. Pode ser que alguns desistam da série, como que também continuem pelas surpresas reservadas na narrativa não-linear.

Sendo bem claro, a série começa no presente acompanhando a tarefa dada a Geralt (Henry Cavill) de proteger a jovem princesa Ciri (Freya Allan). A segunda linha temporal foca no passado com algumas das aventuras de Geralt caçando monstros em troca de dinheiro. E a terceira é ainda mais distante, introduzindo a origem de Yennefer (Anya Chalotra) antes de se tornar a poderosa feiticeira. Apesar da estrutura diferente e ousada, o início fica mesmo confuso e bagunçado. O game The Witcher 3 apresenta uma estrutura semelhante misturando presente e passado. Porém, fica claro logo no início, criando uma atmosfera coesa para o gamer. Faltou um pouco de cuidado pelos produtores da série.

Os amantes dos livros não irão se decepcionar. Os oito episódios da série são tirados dos nove contos dos livros O Último Desejo e Espada do Destino. A adaptação está deveras coerente com a estrutura da série, caso não fosse pela linha temporal bagunçada. No mais, bastante fiel a obra de Andrzej Sapkowski.

O papel de Geralt caiu como uma luva para Henry Cavill, fã declarado da obra e dos games. O bruxo é descrito como alguém de poucas palavras e que não demonstra qualquer emoção. Como Cavill é massacrado pela falta de expressão em cena, não foi difícil para ele captar a essência do personagem, mostrando um Geralt curto e grosso, mas sem esquecer do sarcasmo que ficou clássico nos games. A performance e os trejeitos do bruxo são uma clara referência de que ele jogou muito Wild Hunt. Anya Chalotra rouba a cena nos episódios dedicados a Yennefer. Apesar do ritmo mais lento, a transformação da jovem deformada para uma poderosa feiticeira, faz jus a personagem, muito mais do que apenas um par romântico de Geralt. A sintonia entre Chalotra e Cavill funciona e rende divertidos momentos, como a clássica cena da banheira, um easter egg para os fãs do game. A jovem Freya Allan também surpreende como Ciri, deixando várias pistas da poderosa e importante personagem que irá se tornar.

No aspecto técnico, faltou capricho nos efeitos CGI para a criação dos monstros. Alguns chegam a ser assustadores, mas outros nem tanto pela falta de qualidade em virtude do orçamento limitado. Mas, por outro lado, a fotografia está bonita e capta a essência do mundo de The Witcher. Alguns cenários são um deleite para os fãs, como uma recriação da Batalha de Kaer Morhen, mais uma referência de Wild Hunt. Embora a série não siga os jogos na narrativa, ela foi eficiente em resgatar boa parte dos figurinos e da atmosfera presente na produção do CD PROJEKT RED. Outro ponto alto é a incrível trilha sonora, com direito a canções de bardo (que grudam que nem chiclete), fazendo o telespectador se sentir um habitante das vilas e aldeias.

Apesar do início descuidado, a primeira temporada de The Witcher deixa a sensação de um futuro promissor na Netflix. Com a segunda temporada garantida, é esperado que mais deste universo fantástico seja explorado. Ao final, a série motiva aqueles que não conheciam os livros e os games a conhecerem. Já os fãs, devem se sentir aliviados, pois, viram que a série não desrespeitou o material original.

3

Bom

Apesar do início descuidado, a primeira temporada de The Witcher deixa a sensação de um futuro promissor na Netflix. Com a segunda temporada garantida, é esperado que mais deste universo fantástico seja explorado. Ao final, a série motiva aqueles que não conheciam os livros e os games a conhecerem. Já os fãs, devem se sentir aliviados, pois, viram que a série não desrespeitou o material original.