Crítica | Sense8: Série se despede abraçando a diversidade

Um cancelamento de série da Netflix nunca causou tanta comoção quanto Sense8. A produção se tornou um grande hit, principalmente no Brasil, com os atores indo e vindo para o país em eventos. E ainda contou com um episódio gravado em plena Avenida Paulista na parada do Orgulho Gay.

Reprodução/Netflix

Grande parte público brasileiro foi responsável com as mais de 500 mil assinaturas do abaixo-assinado para o retorno da série, ou, um final digno que estes fãs mereciam. O serviço de streaming se solidarizou com os pedidos e deu sinal para verde para o episódio final de 2h30min, que encerra a trajetória dos clusters Lito Rodriguez (Miguel Ángel Silvestre), Capheus Onyango (Toby Onwumere), Sun Bak (Doona Bae), Kala Dandekar (Tina Desai), Wolfgang Bogdanow (Max Riemelt), Riley Blue (Tuppence Middleton) Nomi Marks (Jamie Clayton) e Will Gorski (Brian J. Smith).

Enredo

O cancelamento precoce da série motivaram J. Michael Straczynski e Lana Wachowski em fazer o possível para não deixar pontas soltas na narrativa. Uma tarefa difícil e complicada para responder perguntas que estariam sendo respondidas ao longe de uma terceira ou quarta temporada. Com isso, o episódio inicia a partir do momento do sequestro de Wolfgang pela misteriosa Organização de Preservação Biológica (OPB). Porém, o grupo capturou um dos líderes, o vilão Sussurro (Terrence Mann), que pode dar pistas sobre o paradeiro do sensate.

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Roteiro

O ritmo acelerado do episódio, apesar das duas horas e meia, acaba prejudicando o ritmo introduzindo muitas reviravoltas com o intuito de passar para o próxima passo. A OPB, por exemplo, tem um desfecho OK, mas nada além disso. Ainda ficaram muitas dúvidas. Sabendo que muita coisa ficaria de lado, Wachowski e Straczynski apostaram e acertaram em cheio em destacar todo o episódio nos clusters. A solução foi utilizar de maneira eficiente os momentos sensitivos para uma abordagem mais coletiva.

Os coadjuvantes também tiveram seu espaço. Dani (Eréndira Ibarra), Hernando (Alfonso Herrera), Bug (Michael X. Sommers), Amanita (Freema Agyeman) e Mun (Sukku Son) são importantes para a narrativa. A surpresa fica para Rajan (Purab Kohli), o marido de Kala que pouco era apreciado pelo público, mas sua presença é uma resposta para parte da sociedade alienada por obrigar certos padrões de vida.

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“O espírito de Van Damme”

O episódio final não economizou nas sequências de ação. Sun brilha com o conhecido “espírito de Van Damme” conquistando de vez o coração nostálgico de Capheus. A montagem sempre bem executada destaca as diferentes habilidades de cada um, deixando evidente a evolução dos clusters como grupo, trabalhando com mais eficiência o coletivo. Juntos eles são mais fortes. E a união acaba sendo crucial para a eletrizante sequência final.

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O que achamos?

Sense8 encerrou de maneira precoce. Orçamento e audiência no mercado estadunidense foram os motivos para o cancelamento. Mas, a Netflix pecou em não dar atenção ao público de outros países que abraçaram a mensagem que a série sempre fez questão de passar. O título do derradeiro episódio não poderia ser melhor – “Amor Vincit Omnia”, frase em latim que significa “Amor Conquista Tudo”. Foi com amor e respeito que a série abraçou a diversidade e o público LGBT. Há momentos tocantes com diálogos pregando que o amor não tem gênero, cor ou religião.

“Se pudéssemos escolher, passaríamos por tudo de novo para continuar sendo quem nos tornamos”, disse Will. Uma mensagem para aquecer o coração dos fãs acostumados com a jornada dos oito heróis. Apesar de alguns furos, o final de Sense8 não comprometeu tudo que a série conquistou.

4

Ótimo

O título do derradeiro episódio não poderia ser melhor – “Amor Vincit Omnia”, frase em latim que significa “Amor Conquista Tudo”. Foi com amor e respeito que a série abraçou a diversidade e o público LGBT. Há momentos tocantes com diálogos pregando que o amor não tem gênero, cor ou religião.