Crítica | Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco

Os Cavaleiros do Zodíaco marcou época na década de 90 e foi uma febre no Brasil. Contudo, a criação de Masami Kuramada foi censurada em muitos países do ocidente pela extrema violência, que incluem decapitações e sangue jorrando. Isso acabou tornando o anime restrito em alguns países europeus.

Sendo assim, a Toei Animation em parceria com a Netflix decidiram produzir uma nova versão da série, visando o público ocidental e infantil. Ou seja, os trintões fãs do anime clássico precisarão compreender que esse novo formato de produção é para o público atual.

Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco segue a mesma linha de outras séries do serviço como She-Ra e as Princesas do Poder e Carmen Sandiego. Um reboot, mas sem deixar de esquecer sua essência. Os primeiros seis episódios disponibilizados tem o roteiro escrito por Eugene Son, o mesmo de Vingadores: Guerras Secretas. As mudanças mais radiciais são do aspecto técnico. Sai o tradicional anime japonês e entra a computação gráfica. Sai o visual oitentista para uma repaginada nos Cavaleiros para os dias atuais.

Ah, a mudança de gênero de Shun que causou tanta revolta nos fãs trintões

Não houve descaracterização do personagem como se imaginavam. É o mesmo doce e delicado Shun da obra original e que ama incondicionalmente o irmão Ikki. Foi interessante a dublagem manter o nome Shun, já que nos EUA foi alterado para Shaun. Outra novidade é que Úrsula Bezerra (irmã de Ulisses Bezerra, a voz original do personagem) é a voz da cavaleira.

Atualização do anime

Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco serve como uma atualização do anime, corrigindo até alguns erros que todos conhecemos. Alguns conceitos lá atrás não se encaixam mais aqui. Por exemplo, as armaduras carregadas em tamanho real nas costas dão espaço para pingentes, algo já visto em Saint Seiya: Ômega. Os Cavaleiros de Ouro são peças importantes, já atuando quando necessário, ao contrário da versão original quando os cavaleiros mais poderosos são apenas figuras de enfeite.

Os seis episódios resolvem com eficiência a ameaça inicial sobre o mistério da armadura de Sagitário. Há um novo personagem adicionado, um rival de Mitsumasa Kido, avô de Saori. Ele atua como o primeiro grande vilão e controla as ações de Ikki, cego pelo ódio depois do período na Ilha da Rainha da Morte.

Vai causar estranheza a falta de sangue. Mas, como dito antes, é uma obra para o público infantil. As batalhas são pouco atraentes para o público mais velho, com exceção da chegada de Ikki, que continua sendo um personagem imponente e amedrontador.

Direto ao ponto

A série vai direto ao ponto. Não existem as pausas dramáticas e diálogos extensos durante cada golpe dos cavaleiros. O lado bom é que a série avança para as grandes ameaças da história. A narrativa deixa bem claro que Seiya e os outros cavaleiros terão desafios mais difíceis para encarar. O lado ruim é que durante alguns episódios os diálogos parecem sem vida. Hyoga solta umas piadas que não se encaixam e, não tem nada a ver com sua personalidade. Na verdade, a série pouco explora a personalidade de cada cavaleiro de bronze, dando mais espaço para a ação. Tomara que consigam corrigir nos próximos episódios.

Veredito

Ao contrário dos que muitos pensavam, Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco não vai destruir a infância dos amantes do anime original. Se permitir uma chance, podem até se divertir com os episódios. Como fã do mangá e do anime, deu um certo alívio ver que a Netflix está tratando o material com o cuidado necessário. Uma estratégia boa e maliciosa em apresentar apenas seis episódios e deixar um grande gancho para a próxima parte, que vai abordar um dos principais arcos da saga.

3

Bom

Ao contrário dos que muitos pensavam, Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco não vai destruir a infância dos amantes do anime original. Se permitir uma chance, podem até se divertir com os episódios.