Se o universo DC no cinema segue uma incógnita, na TV é outra história. Desde a chegada de Arrow, há um respeito pela mitologia dos heróis e crossover empolgantes com The Flash, Legends of Tomorrow e Supergirl. Contudo, as quatro séries não andam tão bem em audiência atualmente. Todas caíram na mesmice, principalmente em forçarem romances, mas aqui e acolá tem um episódio fora da curva.
Daí, surge Raio Negro, uma série que surpreendeu desde o seu anúncio, já que poucos conheciam a criação de Tony Isabella em 1977. Desenvolvido por Salim Akil, a primeira temporada que se encerrou na última semana nos EUA e hoje na Netflix (toda terça um episódio era liberado) apresentou com eficiência o herói para o grande público e, de longe, a melhor série de super-herói do ano.
A série
A história não tem rodeios e apresenta Jefferson Pierce (Cress Williams), que há nove anos aposentou o traje do Raio Negro e trabalha como diretor do colégio Garfield High School. Pierce acreditava que suas noites de ronda como vigilante só gerava mais violência. Com o surgimento da gangue local The 100, a onda de crimes continua fazendo-o pensar se a decisão que tomou foi a correta. Ao longo dos 16 episódios, Pierce apresenta relutância em retornar como Raio Negro.
Representatividade e Preconceito
Assim como Pantera Negra no cinema, Raio Negro traz o tema forte da representatividade. O elenco formado por negros abraça o cenário do gueto e apresenta uma trilha sonora com hip hop/rap, que se encaixam perfeitamente na série.
Outro tema recorrente na série é o preconceito racial. Os EUA é um dos países com a maior onda de crimes e violência contra negros e o primeiro episódio trata o assunto de forma direta. Com a gangue The 100, a violência só aumenta com os policiais batendo primeiro para perguntar depois. O choque cultural é evidente com uma realidade sendo ignorada por parte da sociedade em não aceitar que há falhas no sistema.
Elenco
Cress Williams está ótimo no papel de Jefferson Pierce, um personagem de carisma e autoridade. Como diretor, Pierce acredita que mantém a violência longe da comunidade onde vive, sendo que na verdade, ele só tapou o sol com peneira. Seus alunos são vítimas diárias com o crescimento do tráfico e gangues nas ruas. Ele demora a entender que apenas colocou uma cerca na escola, mas a realidade ignorada por ele acaba batendo na sua porta.
Anissa Pierce (Nafessa Williams), a filha mais velha, apresenta discussões pertinentes acerca do cenário escolar e bate de frente com o pai. A personagem cresce em cada episódio e se torna deveras importante. Embora pareça chata em boa parte da série, Jennifer (China Anne McClain) tem episódios pontuais quando percebe que a comunidade negra e seus amigos estão caminhando para a criminalidade.
O que achamos?
Raio Negro agrada por estabelecer um novo rumo do universo de heróis da CW. Embora haja um disse me disse se a série faz parte do arrowverse ou não, o formato apresentado mostra um lado mais cruel e duro do corpo social. Os episódios trazem assuntos fortes com o debates reflexivos no centro da trama. Os criminosos da série fogem do clichê. Eles são criminosos por um sistema falho que não deram oportunidade ou fingem que deram oportunidade. O descaso da população e das autoridades são as ferramentas que criam Lala (William Catlett), mais vítima do que antagonista na série. A discussão com Jefferson Pierce no primeiro episódio é algo que repercute durante toda a narrativa ao longo de 13 episódios: o racismo é o principal vilão de Raio Negro.
Ótimo
A história não tem rodeios e apresenta Jefferson Pierce (Cress Williams), que há nove anos aposentou o traje do Raio Negro e trabalha como diretor do colégio Garfield High School. Pierce acreditava que suas noites de ronda como vigilante só gerava mais violência. Com o surgimento da gangue local The 100, a onda de crimes continua fazendo-o pensar se a decisão que tomou foi a correta. Ao longo dos 13 episódios, Pierce apresenta relutância em retornar como Raio Negro.