Crítica | Os Defensores está para a Netflix como Os Vingadores está para o cinema

Se 2012 foi um ano marcante com a estreia de Os Vingadores, filme que marcou a primeira reunião dos heróis do universo compartilhado da Marvel Studios, pode-se dizer que 2017 também ficará marcado com Os Defensores, a primeira reunião dos vigilantes de Nova York, que complementam esse universo.

Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro tiveram temporadas entre altos e baixos, as três últimas oscilando mais. O desafio da Netflix seria de como unificar universos distintos de forma coesa como os quadrinhos o bem fizeram. Os Defensores parte do princípio básico de uma ameaça maior que obriga os personagens colocarem as diferenças de lado para defenderem sua cidade. Os quatro heróis são bem diferentes, não combinam em absolutamente nada, e justamente essa distinção que os fazem se entenderam.

Os primeiro quatro episódios trabalham exatamente no encontro deles motivado pela ameaça de Alexandra (Sigourney Weaver), que está ligada à organização Tentáculo, já citada nas séries solo. Os conflitos e problemas pessoais de cada acabam se cruzando e a forma como se encontram é eficiente e convincente. A enfermeira Claire Temple (Rosario Dawson) continua exercendo com excelência o elo em comum dos heróis, fazendo Luke Cage e Danny Rand se encontrarem, mas sua função vai além disso.

E a dinâmica entre eles? Bem, a forma como Matt Murdock (Charlie Cox), Luke Cage (Mike Colter), Jessica Jones (Krysten Ritter) e Danny Rand (Finn Jones) vão se conhecendo é um dos pontos altos do programa. Entre troca de farpas, ceticismo e sarcasmo, muitos deles partindo de Jessica Jones, a série vai mostrando que eles tem mais em comum do que imaginam.

Outro ponto interessante é a parceria já conhecida nas HQ’s de Luke Cage e Danny Rand. Os dois são conhecidos por se juntarem em excelentes aventuras nos quadrinhos, e a série deixa esse gosto para algo no futuro. Colter e Jones estão bem a vontade nos respectivos papeis e o último consegue uma redenção depois de críticas duras após a primeira temporada de Punho de Ferro. Ficou claro que o grande problema foi o péssimo showrunner Scott Buck que retalhou o roteiro, não sabendo aproveitar o potencial que tinha em mãos.

Charlie Cox também merece destaque. Aqui, Matt Murdock indiretamente assume a função de líder, pois é o mais experiente ao ter mais tempo de combate ao crime nas ruas. Antes relutante em voltar como Demolidor, o advogado cego tem papel primordial nos episódios finais. Krysten Ritter continua durona como Jessica Jones, que usa de forma eficiente sua astúcia como detetive.

A Alexandra de Sigourney Weaver entra na lista de excelentes vilões do universo Marvel na Netflix. Diferente do cinema, que os vilões são caricatos e vazios, em sua maioria, aqui os antagonistas ganham pano de fundo necessário para que se possa compreender suas motivações.

No aspecto técnico, a série apresenta as mesmas qualidades e vícios. As lutas são bem coreografadas e eletrizantes, mostrando com clareza a habilidade que cada um possui. O posicionamento da câmera deixa o telespectador com a noção exata do que está acontecendo durante os combates. Mas, o mesmo vício dos outros programas está aqui: a velha conhecida luta no corredor filmada sem cortes. Ela é ótima, mas repetitiva.

Os Defensores é empolgante, divertido e nostálgico. Os oito episódios não decepcionam e apresentam tudo aquilo que se esperava dos quatro heróis e se consolida como um dos grandes eventos do ano. Os Defensores está para a Netflix como Os Vingadores está para o cinema.

4

Ótimo

Os Defensores é empolgante, divertido e nostálgico. Os oito episódios não decepcionam e apresentam tudo aquilo que se esperava dos quatro heróis e se consolida como um dos grandes eventos do ano. Os Defensores está para a Netflix como Os Vingadores está para o cinema.