Crítica | O Mundo Sombrio de Sabrina é uma agradável releitura

Sabrina, Aprendiz de Feiticeira, fez da personagem título e seu gato Salem ícones dos anos 90. A série da emissora ABC e Warner ganhou sete temporadas e telefilmes. 22 anos depois, a Netflix lança O Mundo Sombrio de Sabrina, uma releitura sombria e assustadora da personagem, seguindo os moldes da HQ de 1962. A nova versão pode causar espanto nos fãs da série original, pois não há tom descontraído/cômico e nem o gato Salem falante. A produção comandada por Roberto Aguirre-Sacasa (Riverdale) aposta no ocultismo e bruxaria.

A série

A trama apresenta Kierna Shipka como Sabrina Spellman, que está prestes a completar 16 anos de idade, fase em que toda bruxa e feiticeiro precisam assinar o livro de Satã e entregar sua alma em troca de mais poder. Sabrina, está dividida, pois, pertence a dois mundos já que sua mãe mortal se casou com o pai feiticeiro. A aprendiz acredita que será capaz de conciliar as duas vidas como seu falecido pai, mesmo não contando com o apoio total de suas tias Hilda (Lucy Davis) e Zelda (Miranda Otto). Sabrina desafia a Igreja da Noite ao continuar o relacionamento com o namorado mortal Harvey Kinkle (Ross Lynch), vivendo uma vida dupla na escola humana durante o dia e Academia das Artes Invisíveis durante a noite.

Não é série para Maratonar

Com toda a temporada disponível na Netflix, O Mundo Sombrio de Sabrina obriga uma maratona com seus 10 episódios. Mas, não é recomendável. Apesar de ser adquirida pelo serviço, cada capítulo funciona de forma semanal. São muitos detalhes, muitas questões a serem absorvidas. Os longos episódios de 1h precisam de uma pausa e análise sobre o que foi visto. Às vezes, é necessário digerir o episódio para depois seguir adiante.

Bruxaria

Apesar da série mostrar Sabrina dividida entre o mundo dos humanos e do sobrenatural, o segundo ganha maior destaque e os melhores episódios. Para os cristãos mais fervorosos, a série não pode agradar. Ela mergulha no ocultismo, rituais satânicos e uma estética visual deveras atormentadora. É evidente o estudo dos produtores sobre magia e tudo que envolve bruxaria. Todo o cenário é rico em detalhes e referências a clássicos filmes de terror como Hellraiser, A Morte do Demônio, O Exorcista e o Bebê de Rosemary.

Kiernan Shipka e elenco

De início, Kiernan Shipka parece presa e insegura como Sabrina Spellman. Falta carisma nos primeiros episódios. Mas a atriz de 18 anos evolui com a personagem, principalmente, nos episódios sobrenaturais. Nesta releitura, Sabrina desafia as ordens e regras estabelecidas, caminhando para encontrar uma nova alternativa. Sabrina comete erros considerados gravíssimos, mas são nas falhas que ela amadurece.

Ao final da temporada, Sabrina está mais madura e pronta para sua jornada como bruxa. Todos os desafios, alguns deveras dolorosos, moldaram a nova personalidade da jovem, que será mais sombria e maléfica na confirmada segunda temporada.

Outro destaque vai para sua família sobrenatural formada por Lucy Davis como Hilda Spellman, Miranda Otto como Zelda Spellman e Chance Perdomo como Ambrose Spellman. O trio é deveras competente conseguindo dosar com eficiência o humor e a seriedade. Cada um deles possui um fardo, bem trabalhado ao longo dos 10 episódios. As discussões sobre as motivações inesperadas de Sabrina rendem importantes momentos e fortifica os laços familiares, que estavam um pouco desatados no início da série.

A vilã Madame Satã/Professora Wardwell é vivido de forma brilhante por Michelle Gomez. A atriz repete a performance enigmática de Doctor Who, sendo uma antagonista que foge dos padrões costumeiros. Madame Satã não é caricata. Ela é inteligente, observadora e estuda o ponto fraco de Sabrina para atingir seu objetivo de forçar a jovem a assinar o livro satânico.

O eixo dos humanos formado por Susie, Rosalind e Harvey ficou devendo. Todos possuem fortes ligações com o sobrenatural dante do passado familiar, mas a série não avança com seus dilemas. Algo que pode ser melhor desenvolvido nos anos seguintes.

O que achamos?

O Mundo Sombrio de Sabrina é uma agradável e assustadora releitura da personagem. Com uma primeira temporada surpreendente e que soube trabalhar com eficiência e, despertar o imaginário do mundo sobrenatural, a série apresentou uma Sabrina destemida e desafiando quem não acreditava em seu potencial, dentro e fora da série.

4

Ótimo

O Mundo Sombrio de Sabrina é uma agradável e assustadora releitura da personagem. Com uma primeira temporada surpreendente e que soube trabalhar com eficiência e, despertar o imaginário do mundo sobrenatural, a série apresentou uma Sabrina destemida e desafiando quem não acreditava em seu potencial, dentro e fora da série.