Crítica | Feel Good – Primeira Temporada

Reprodução/Netflix

No atual momento em que o distanciamento social está sendo necessário para nossa segurança, a Netflix se torna uma ótima alternativa para superar esse período. Sem tanto alarde, o serviço lançou no último final de semana Feel Good, séria estrelada e criada pela comediante Mae Martin. São essas séries sem alarde que acabam conquistando e esta produção que mistura drama e comédia fala de forma natural sobre os dilemas do amor e do vício.

A série de seis episódios, em sua maioria de 25 minutos, é levemente inspirada na vida da canadense Mae Martin, figura carimbada do cenário stand-up. Ela é uma ex-viciada, lésbica e se relacionou com mulheres heterossexuais. Muitas de suas apresentações narram seus dilemas. E a série apresenta uma versão fictícia (pero no mucho!) da artista.

Ela também interpreta Mae, uma aspirante no stand-up que tenta manter a sobriedade. Em um de seus shows, Mae conhece George (Charlotte Ritchie), uma mulher heterossexual que aparenta muitas frustrações nos relacionamentos anteriores. As duas engatam um namoro intenso e passam a morar juntas. Parece o cenário perfeito para uma comédia romântica, mas Feel Good também é um drama e trabalha com eficiência os dois gêneros.

Apesar de curtos, os seis episódios desenvolvem de forma certeira e direta as angústicas de Mae e George. Enquanto Mae tenta esconder sem sucesso que frequenta um grupo de Narcóticos Anônimos, George precisa filtrar que está no seu primeiro relacionamento homossexual e teme pela opinião dos amigos e da família. Uma crise é estabelecida entre as duas e logo estamos conectados com essa história.

Mae Martin está excelente no papel. Ela é carismática, ágil nas piadas, mas algumas delas são na verdade desabafos da personagem. Quando ela decide falar de seu namoro com George em um de seus quadros de stand-up, a cena proporciona risos, mas ao mesmo tempo demonstra que Mae se sente insegura devido a forma que George encara o relacionamento, mantendo às escondidas dos amigos. Ela não se sente especial, não sente que a namorada está completamente satisfeita. E começa a questionar que o problema está no seu corpo, na sua sexualidade.

A ausência de drogas deixou sequelas, fazendo dela paranoica e negativa. Isso resultou no relacionamento distante dos pais, que moram no Canadá. Lisa Kudrow interpreta a mãe de Mae de forma brilhante. A princípio ela parece uma dondoca que se livrou da filha viciada e lésbica. Mas, na verdade, seu amor pela filha nunca deixou de existir. Ver a filha viciada se destruindo foi doloroso. Expulsa-la foi um duro baque, mas era o meio da filha encontrar um rumo percebendo que o vício a tirou dos pais.

Não conhecia o trabalho de Mae Martin e a primeira temporada de Feel Good foi uma ótima porta de entrada. Uma série curta, mas que explora com eficiência muitos temas como inseguranças, vícios, sexualidade e amadurecimento. Os minutos finais abrem espaço para uma segunda temporada ainda mais intensa.

4

Ótimo

Não conhecia o trabalho de Mae Martin e a primeira temporada de Feel Good foi uma ótima porta de entrada. Uma série curta, mas que explora com eficiência muitos temas como inseguranças, vícios, sexualidade e amadurecimento.