Crítica | Desventuras em Série encerra sua história na Netflix

Uma das grandes produções da Netflix dos últimos tempos, chegou ao fim. Literalmente, pois o último episódio de Desventuras em Série se chama O Fim. A terceira e última temporada da série foi ao ar no dia primeiro de janeiro desse ano, nos proporcionando a primeira maratona de 2019. Infelizmente, tivemos de assistir aos sete episódios sabendo que seriam os últimos. Embora tenha tido uma primeira temporada fraca, não há como negar o sucesso da produção protagonizada por Neil Patrick Harris.

Para aqueles que ainda não sabem, Desventuras em Série baseia-se nos livros de Lemony Snicket. O autor norte-americano Daniel Handler não apenas cedeu seu pseudônimo para o narrador da série da Netflix, como também assinou seus livros com ele. Os treze capítulos de sua história, porém, encontraram um ótimo desfecho na literatura. Pena não podermos dizer o mesmo da adaptação.

A História

A terceira temporada de Desventuras em Série não é muito diferente das anteriores para os irmãos Baudelaire. A ironia de nos divertirmos com a trágica vida do trio continua. Para a felicidade de Klaus, Violet e Sunny, o desfecho conta apenas com sete episódios, enquanto as anteriores tiveram um total de dez.

A trupe de Conde Olaf terminou a segunda temporada pondo as mãos em Sunny. A mais nova Baudelarie foi sequestrada pelos vilões e agora depende de seus irmãos para resgatá-la. E é desse ponto que nova temporada começa. Inúmeras aventuras, tramóias e injustiças acontecem, vidas são perdidas e outras resgatadas. O famoso humor negro associada a tragédias está ali, assim todos os mistérios envolvendo CSC.

Uma vez que estamos diante da terceira e última temporada, era de se esperar que tudo fizesse sentido no final. Entretanto, apesar dos seis capítulos serem coerentes com o que já nos foi apresentado até agora, o sétimo deve ser tomado como algo a parte. Foi uma péssima maneira de encerrar a produção, que tanto melhorou com o passar do tempo.

Desventuras em Série

Um dos fatores mais impressionantes da série, é o quão rápido passam seus episódios. Ao passo que tem seu requinte de crueldade, são leves e divertidos. Antes que percebamos, já estamos clicando no botão vermelho e indo para o próximo. Chega a ser triste imaginar que não teremos tal sensação novamente, pelo menos com a série protagonizada por Neil Patrick Harris.

Não espere ver mais do mesmo nesse último bloco de episódios. A trama sofre uma grande reviravolta, e nova perguntas surgem na cabeça dos jovens Baudelaire – e nas nossas também. Quem será que é realmente o vilão? Os mocinhos eram verdadeiramente bons? Até que ponto devemos acreditar em uma história contada? O roteiro ziguezagueia entre o passado e o presente dos Snicket, assim como da família Baudelaire. Muito aprendemos sobre Beatrice, Kit, Esmé Squalor e principalmente, o conde Olaf.

O enredo principal está relacionado aos mistérios de CSC, assim como ao famoso açucareiro. O que acontece no presente com Klaus, Violet, Sunny e os trigêmeos Quagmire, está relacionado a assuntos mal resolvidos do passado. E agora sabemos quais.

O Elenco

Apesar do final desastroso, temos de aplaudir de pé o elenco de Desventuras em Série. Em todo momento, nos dão a sensação de estarmos em uma peça de teatro, com os atores a nossa frente. Diversos momentos individuais são um verdadeiro espetáculo a parte. E com um roteiro previamente conhecido por aqueles que leram o livro, ficaria difícil surpreender a todos. Mas eles conseguem.

Neil Patrick Harris

Embora seja desnecessário mencionar o talento de Neil Patrick Harris, não há como negar. O ator, que interpreta o vilão Olaf, dá forma ao conteúdo de Desventuras em Série. Ele consegue liderar as cenas e guiá-las para os momentos futuros. Ficamos ansiosos para saber quais serão as próximas peripécias de Olaf, e se tem uma razão pela qual sentiremos saudade da série, Neil é essa razão. O ator se mostra plenamente confortável no papel do performista, e dessa vez, demonstra traços até então desconhecidos. Será mesmo possível odiar conde Olaf ?

Os vilões

Os grandes destaques da produção ficam por conta do lado dos malvados. Além de enaltecermos Neil Patrick Harris, sua trupe de bandidos também é excelente.

Usman Ally, no papel do homem com as duas mãos de gancho, desenvolve um personagem totalmente novo, diferente do que vimos até agora. Ele consegue até mesmo desenvolver empatia no público. Esmé Squalor é ainda mais impiedosa do que no livro. Lucy Punch nos entrega a versão perfeita da vilã da história. Gananciosa, inteligente e diabólica, está disposta a tudo para conseguir o que quer. E não pensem que ela será apenas uma sombra de seu então namorado.

Por fim, Kitana Turbull interpreta a irritante Carmelita Spats. Por mais odiosa que seja, não há como não dar os créditos a menina. Apesar da pouca idade, Turbull brilha na tela e entrega uma personagem maravilhosa.

Os mocinhos

Não poderíamos falar do elenco de Desventuras em Série sem mencionar seu adorável narrador. A participação de Patrick Warburton como Lemony Snicket é ainda maior nessa última temporada. Para a felicidade geral, temos o prazer de ver o ator realmente atuando, não apenas narrando brilhantemente a história.

Malina Weissman, Louis Hynes e Presley Smith repetem o mesmo desempenho das temporadas anteriores. Com destaque para Presley, que agora está mais velha e mais falante, os irmãos ganham mais espaço nessa última temporada. Apenas combater Olaf não é mais suficiente, e agora eles precisam assumir suas responsabilidades.

Por mim , temos novos rostos surgindo com participações especiais. Embora o tempo de atuação seja curto, cumprem bem o papel a que foram designados. Dentre os nomes temos Morena Baccarin como Beatrice Baudelaire, Dylan Kingwell como Quigley Quagmire, Max Greenfield como os irmãos Frank, Ernest e Dewey, Angelina Capozzoli como Beatrice Baudelaire II, Peter MacNicol como Ishmael, Kassius Nelson como Fiona Widdershins e Allison Williams como Kit Snicket.