Crítica | Atypical: 2ª temporada é equilibrada, envolvente e com mais lições

Mesmo sem o grande apelo e chegando despercebido em 2017, Atypical conquistou o público com uma história equilibrada e que lida de forma humana e doce os desafios de um jovem no espectro autista. A performance magnética de Keir Gilchrist ajudou a discutir o assunto de uma forma menos preconceituosa. Suas dúvidas e anseios nos transportam para dentro de sua mente, nos fazendo refletir que nós somos as verdadeiras aberrações por tamanha ignorância ao lidar com pessoas sob a mesmas condições que Sam. Na primeira temporada, o jovem busca uma namorada. Uma tarefa nada fácil, tamanha a distorção que o amor é encarado por seus familiares e amigos.

Agora no ano 2, depois de passar por muitas provações e mais maduro, Sam está disposto a dar mais um passo quando decide ingressar em uma faculdade. Enquanto isso, sua irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) encara a nova escola preparatória, enquanto tenta esconder o que aconteceu com os pais Doug (Michael Rapaport) e Elsa (Jennifer Jason Leigh), vivendo uma crise conjugal.

A Mente de Sam

Assim como a primeira temporada, a mente de Sam não é chega a ser um quebra-cabeças. Diretamente ou indiretamente, o jovem assistindo a vida dos pinguins em seu notebook percebe que as relações entre os animais funciona como sua mente, extremamente metódica e racional. Porém, Sam precisa ser guiado. E a medida que intensifica seus relacionamentos sociais, ela evolui quando começa a participar de um grupo de jovens no espectro.

A produção acertou em cheio ao escolher atores autistas para contracenar com Keir Gilchrist. É quando fica claro que Gilchrist entrou na mente de Sam Gardner e os diálogos entre eles são tocantes e que ajudam a compreender que de aberração eles não tem nada. Nós que somos os monstros por não compreender a sensibilidade deles.

Zahid

A amizade entre Sam e Zahid (Nik Dodani) ganha novos contornos e, é o que tem de melhor nesta temporada. Apesar dos conselhos de Zahid colocar Sam sempre em apuros, é quando o jovem encara seus medos, aprende a lidar com Paige e encontra um novo affair. Contudo, o barato está em Zahid amadurecer ao lado de Sam. Apesar de parecer um cara sábio e bem-sucedido para Sam, Zahid é apenas um vendedor de eletrônicos que fuma maconha durante os intervalos. No episódio “In the Dragon’s Lair”, um dos melhores, Zahid se dá conta que aprendeu mais do que ensinou. A forma direta de Sam o motiva a sair da zona de conforto e buscar novos rumos.

Casey

Se a segunda temporada de Atypical evidencia o amadurecimento de seus personagens, o mesmo não pode se dizer de Casey (Brigette Lundy-Paine), a irmã mais nova de Sam. O carisma de Brigette é inegável, mas a atriz ficou presa em um roteiro raso que pouco propôs a personagem. Em muitos episódios, Casey é apenas a jovem rebelde buscando atenção. Intencional ou não, ela lembra Elsa na primeira temporada com atitudes semelhantes. Não é por menos, que a própria Casey assume ter puxado o gênio da mãe. Fato é que Casey está lidando com muita coisa ao mesmo tempo. Uma pena que o script optou por escolhas e destinos clichês.

O relacionamento com Evan (Graham Rogers) não vinga, e o roteiro ainda força um relacionamento com sua nova amiga de escola, que não convence pela falta de química e sintonia.

O que achamos?

Atypical segue uma série segura, honesta e envolvente. Merecia o mesmo respaldo que outras séries da Netflix recebem. A nova temporada continua instigando o público a rever seus conceitos com discursos pertinentes e reflexivos. A vida é movida por diferentes caminhos e perspectivas. A série mais uma vez nos ensina que todos possuímos falhas e que precisamos de ajuda em um determinado momento. “Cara, ninguém é normal”, já dizia Evan na temporada anterior.

4

Ótimo

Atypical segue uma série segura, honesta e envolvente. Merecia o mesmo respaldo que outras séries da Netflix recebem. A nova temporada continua instigando o público a rever seus conceitos com discursos pertinentes e reflexivos.