Crítica | Arremesso Final

Reprodução/ESPN/Netflix
Netflix

O ano de 1998 marcou o fim de uma dinastia da NBA. Chicago Bulls, equipe liderada por Michael Jordan (o maior jogador de basquete de todos os tempos), lutava para levantar seu sexto troféu. Seria a última temporada daquele elenco, que autorizou uma equipe de filmagem para registrar os bastidores dos jogos.

22 anos depois, a Netflix lança em parceria com a ESPN o documentário The Last Dance (Arremesso Final), nome que o treinador Phil Jackson usou para classificar aquela última temporada dos Bulls. Antes do início do campeonato, Jackson foi informado pelo dirigente Jerry Krause que seria seu último ano sob o comando da equipe. O elenco seria reformulado, o que forçaria a saída de muitos atletas vitoriosos e símbolos de uma geração.

Dirigido por Jason Hehir, o documentário de 10 episódios mostra como aquela equipe tinha um DNA de campeão. Diante de um ambiente cercado por dúvidas e pressão por mais um título, Michael Jordan liderou a equipe para mais uma “dança”, mesmo sabendo que a porta seria fechada meses depois, campeões ou não.

Arremesso Final é eficiente em fazer um recorte do basquete americano no ano de 1984, quando Michael Jordan chegou à Chicago e inicia sua trajetória na NBA, ocasionando muitas mudanças. Todos os grandes nomes do esporte daquele ano enxergavam potencial naquele garoto. Jordan atravessou um longo caminho para conseguir seu primeiro título da NBA, que aconteceu somente em 1991. Antes, era visto como um grande cestinha, mas jamais um vencedor como Magic Johnson e Larry Bird. Jordan usou a desconfiança sobre a falta de títulos para se aperfeiçoar mais, treinar mais e criar uma imagem que marcou sua carreira como atleta. Enquanto muitos jogadores da época encaravam o basquete como apenas um jogo, Jordan fez do esporte sua vida. Ele viveu para dar o máximo e exigia a todos que estivessem ao seu lado os 100% de dedicação ao basquete.

Mesmo sendo o jogador mais valioso da NBA, o documentário é hábil em mostrar que Jordan não venceria nada sozinho. Era necessário parceiros à altura. Com a chegada de nomes como Scottie Pippen, Dennis Rodman, Toni Kukoc e Steve Kerr, o Chicago Bulls se tornou uma fortaleza difícil de ser derrubada.

Conquistando os primeiros títulos, Michael Jordan se tornou uma figura heroica e sua imagem estava estampada em ações publicitárias de todos os cantos do planeta, e com uma linha de tênis que se tornou febre nos anos 90, o Air Jordan.

Arremesso Final também mostra o lado sombrio da carreira de MJ. Seu gênio competitivo gerou conflitos com alguns companheiros de equipe, que falam abertamente no documentário o quanto ele era insuportável nos treinamentos. Não demorou para sua vida privada começar a ser vasculhada e seus deslizes serem revelados, como o vício em apostas.

Antes de encarar os difíceis adversários nos playoffs da NBA, o documentário faz um aparato na vida de todos os jogadores do elenco vitorioso do Chicago Bulls. Apesar de pensarem que são diferentes, eles têm muito em comum. Muitos passaram por eventos trágicos ainda jovens. Poderia ser o fim da jornada antes do sonho de se tornar um profissional. Porém, eles usaram a dor como superação. Chegando no ano de 1998, a direção de Jason Hehir estabelece o porquê daquela equipe jamais desistir nos momentos mais complicados das partidas. A vida os ensinou a darem tudo. Não existe dor. Não existe o impossível para Michael Jordan e cia.

Com dois episódios exibidos por semana, Arremesso Final consegue cativar o espectador pela clima de suspense no final de cada capítulo. Mesmo com todos os resultados já registrados e podendo ser assistidos no YouTube, o documentário ainda é capaz de gerar uma torcida por cada lance de três de Jordan entrar, como na monumental disputa contra o Indiana Pacers para a final da NBA em 98.

Heir ainda reserva um espaço merecido para exaltar grandes nomes do basquete nos anos 90. Reggie Miller dos Pacers, Karl Malone do Utah Jazz, Charles Barkley dos Suns, entre outros. Ao ver todos esses atletas relembrando os intensos duelos, o sentimento é de nostalgia para quem presenciou aquelas partidas e um ponto de partida para quem deseja conhecer essa fase histórica da NBA.

No momento em que todos os eventos esportivos estão parados devido à pandemia do coronavírus, Arremesso Final cai como uma cesta de três pontos para preencher a ausência de jogos na TV. Sendo atleta ou não, o documentário inspira para que todos busquem superar seus desafios. As palavras finais de Michael Jordan e do treinador Phil Jackson deixam um sentimento agridoce. Havia determinação para que eles buscassem mais um título, o que provavelmente aconteceria, já que a equipe tinha uma veia de campeã inabalável. Contudo, a jornada dos Bulls ficou marcada na história não só do basquete, mas do esporte mundial. A última partida desta equipe serve de motivação em tempos tão angustiantes e de incertezas que encaramos hoje.

Michael Jordan é uma lenda e esta produção ajuda para que ela se mantenha viva.

5

Excelente

No momento em que todos os eventos esportivos estão parados devido à pandemia do coronavírus, Arremesso Final cai como uma cesta de três pontos para preencher a ausência de jogos na TV. Sendo atleta ou não, o documentário inspira para que todos busquem superar seus desafios. As palavras finais de Michael Jordan e do treinador Phil Jackson deixam um sentimento agridoce. Havia determinação para que eles buscassem mais um título, o que provavelmente aconteceria, já que a equipe tinha uma veia de campeã inabalável. Contudo, a jornada dos Bulls ficou marcada na história não só do basquete, mas do esporte mundial. A última partida desta equipe serve de motivação em tempos tão angustiantes e de incertezas.