É muita informação para ser processada! Em uma temporada criticada pela correria em seu roteiro, muito por conta do formato adotado (apenas 7 episódios), o último e estendido episódio nos entrega tudo que Game of Thrones tem de melhor, desde diálogos significativos até cenas de ação chocantes e relevantes para o desenvolvimento da história.
Sabíamos que faltando poucos episódios para o fim da série (agora só seis) os plots iriam colidir e se entrelaçar, mas a maneira como tudo isso aconteceu, sem o aprofundamento costumeiro, é que provocou a indignação dos fãs. Chega uma hora, porém, que até a reclamação fica um pouco repetitiva. O distanciamento da série com a obra de George R. R Martin pode ter sido derradeiro após os acontecimentos dessa temporada, mas o que deixa a dúvida nos fãs dos livros (eu) é se série está entregando realmente o que veremos (se Deus assim permitir) nos dois últimos volumes da saga.
The Dragon and the Wolf foi certeiro – uma piadinha a mais aqui e ali poderia ter dado espaço para explicações realmente interessantes – e ao final, o que esperávamos nos foi entregue de uma maneira muito competente e satisfatória. Muitos podem até achar, mas, meu Game of Thrones não está morto!
Vamos começar?
Porto Real
A cena que abriu o episódio me deixou um tanto confusa, pois ver Bronn (Jerome Flynn) e Jaime Lannister (Nikolaj Coster Waldau) no alto de um castelo enquanto o exército de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) se aproxima, pareceu indicar uma batalha. Confesso que fiquei: “onde esse pessoal está? Voltaram para o Jardim de Cima? Não estou entendendo”. Pode ter sido apenas confusão minha, por não identificar de cara Porto Real, mas as vezes sinto falta de uma legenda nas locações de Westeros. A chegada dos Imaculados e a integração dos Dothraki mostraram o tamanho do potencial da última remanescente dos Targaryen, que ainda tem mais dois dragões (os inimigos ainda não sabem que são apenas dois). Se a guerra fosse apenas essa, já estaria ganha! Entretanto, há uma guerra muito mais relevante para o futuro da civilização e por isso, todos os personagens principais foram reunidos no local que significou o princípio do fim da família de Daenerys, quando passaram a aprisionar seus dragões.
Fosso dos Dragões
Linda a locação em que foi filmada a cena do mega encontro de protagonistas, como uma arena de gladiadores para o teatro montado, em que cada um teve uma fala na “apresentação do TCC” para Cersei Lannister (Lena Headey).
Antes disso, mais reencontros que aquecem o coração e fazem menção a tudo que já aconteceu até aqui. Sandor Clegane (Rory McCann) e Brienne de Tarth (Gwendoline Christie) protagonizaram uma das lutas mais incríveis da série na quarta temporada, onde ambos tentavam proteger Arya Stark (Maisie Williams), cada um com suas motivações. A conclusão de Brienne é que “agora quem se meter com ela é que está em apuros”, mostrando a evolução da personagem, antes uma menina perdida que ficava de mão em mão e que agora é uma lutadora exímia. Foi mais um sinal de que ela não poderia estar voltando atrás com toda a história com a irmã em Winterfell.
Jaime e Brienne também tiveram uma breve chance de reencontro, uma troca de olhares que deixou Cersei de orelha em pé, além de uma conversa sobre honra. Interessante ser Brienne a dizer “dane-se a honra, querido, nós vamos é morrer se ficar nesse lenga lenga de Casa”.
Outro ótimo aperitivo foi o reencontro dos irmãos Clegane, o Cão e o Montanha, Gregor Clegane (Júlíus Björnsson), frente à frente, dando a impressão de que o Clegane Bowl fosse acontecer ali mesmo. Entretanto, tudo ficou só na conversa.
Finalmente temos o retorno de Euron Greyjoy às telas. O personagem, que apareceu com status de grande vilão da temporada, não fez muito depois de capturar as dornesas e manter a sobrinha como refém, mas seu ar vilanesco esteve presente durante a cena.
Daenerys não poderia apenas chegar andando em Porto Real, não é mesmo? A Rainha, que já pretendia demonstrar seu poder com o exército, não poderia simplesmente juntar-se aos reles mortais de forma não triunfal. Foi maravilhoso ver a dona de Westeros chegando montada em Drogon, que já aprendeu a fazer entradas que fazem os inimigos tremerem da cabeça aos pés.
Finalmente, após a presença confirmada de todos no meet & great com Cersei chegou a hora da demonstração do zumbi. Quem não ficou com um medinho do morto-vivo não ter resistido à longa viagem e tudo ter ido por água a baixo? E com dó do pobre Sandor carregando aquela caixa pesada? No final deu tudo certo e o bicho serviu ao seu propósito, deu uma bela assustada em Cersei, que pareceu convencida da iminente ameaça, e em Euron, que resolveu sair correndo para o mar.
Nem tudo é tão simples, e para ajudar a derrotar os mortos, Cersei quer garantia de que depois ficaria livre do ataque dos vivos. Ela exige que Jon Snow (Kit Harington) se comprometa a não intervir na guerra das Rainhas e Jon, em seu momento Ned Stark (Sean Bean), fala que já dobrou o joelho a uma rainha e não pode servir a duas. Assim, Cersei cai fora e diz que não compensa, opis é melhor deixar os mortos acabarem com o Norte e depois ela vê o que faz.
Então, Tyrion Lannister se propõe a falar com a irmã a sós, mesmo ela já tendo jurado matá-lo algumas vezes. Essa cena sim é a Emmy Tape (cena que vão enviar ao Emmy para concorrerem ao prêmio) de Peter Dinklage e Lena Headey. Que saudade dos diálogos dos Lannisters e toda aquela tensão que sempre envolveram suas cenas. É claro que haveria menção ao pai Tywin Lannister (Charles Dance) e aos filhos mortos da leoa. Outro jogo que ela fez com o anão, foi evidenciar que tinha um motivo para querer se proteger, afinal uma nova linhagem Lannister está a caminho, um filho que ela deseja proteger a todo custo. Imaginamos então, que depois de muito vinho, chegaram a um acordo amigável.
Enquanto isso, Jon e Dany conversam num cantinho, onde ela agradece pela honestidade e honradez do bastardo, enquanto fala um pouco do fim de sua família e dos dragões. O ponto alto da conversa foi ela afirmar, mais uma vez, que não pode ter filhos. Jon conclui que basear essa informação na fonte Mirri Maz Durr não é assim tão correto, já que a bruxa matou o marido de Dany e poderia muito bem só a estar assustando. O roteiro citar mais uma vez tudo isso nos direciona a pensar que um herdeiro feito de gelo e fogo pode estar próximo.
Cersei volta e diz que vai ajudar, o que deixa todos satisfeitos. Enquanto Jaime planeja como os Lannisters vão efetivamente ajudar, Cersei o humilha mais uma vez (“você não é o Lannister mais inteligente”) e revela seu plano em conluio com Euron sobre a Companhia Dourada. Enfim a gota d’água no relacionamento dos dois, em que só Jaime realmente ama. O regicida se cansa de ser capacho e vai embora, não sem antes temermos por seu fim pelas mãos do Montanha. Nesse episódio, aliás, Cersei ameaçou aos dois irmãos, mas não teve a coragem para executá-los.
Jaime vai embora, em uma linda cena do inverno chegando à Porto Real.
Pedra do Dragão
Jon e Dany conversam sobre as estratégias que devem usar na guerra contra os Outros, enquanto Jorah (Iain Glen) fala do ódio dos nortenhos pelos Targaryen, o que pode gerar alguns conflitos na próxima temporada quando os dois chegarem a Winterfell como aliados (amantes e familiares).
Theon (Alfie Allen) e Jon têm a oportunidade de uma conversa franca e não poderíamos esperar nada menos do que perdão vindo do honrado filho de Ned. A frase que Jon fala para o Greyjoy é muito interessante, pois mais à frente quando ele souber de suas origens, pode servir para si próprio. “Você não precisa escolher, pode ser Greyjoy e pode ser Stark”. Theon finalmente reconquista parte de sua antiga personalidade e o (pouco) respeito dos homens de ferro, partindo em resgate de Yara (Gemma Whelan).
Winterfell
Todo drama das irmãs Stark chegou ao fim (aleluia, glória a Deus!). No fim, elas estavam enganando a nós todos e estavam sim aliadas, mas ainda ficou a dúvida sobre em que momento perceberam que Petyr Baelish (Aidan Gillen) as estava manipulando. A conversa inicial de Sansa (Sophie Turner) com ele ainda deu aquele ar de desespero, pois como poderiam estar regredindo tanto com relação a uma personagem? Felizmente, não estavam!
A cena toda foi bem feita. Arya chegando ao conselho nortenho com ares de acusada e Sansa acusando Baelish em eu lugar. Foi de bater palma e levantar a plaquinha: Eu já sabia – mesmo com todas as dúvidas que os roteiristas conseguiram plantar. A verdade é que não me decidi se foi um bom plot pelo engano gerado em todos nós ou uma perda de tempo sem tamanho.
Mindinho já havia passado da hora, mas sua morte com ordem de Sansa e execução de Arya não poderia ser mais significativa. Petyr, que havia manipulado as irmãs Tully (Catelyn e Lysa) desde a infância, não conseguiu fazer o mesmo com as Starks, filhas de sua amada Catelyn. Foi muito bom vê-lo suplicar por sua vida e morrer sem nenhuma dignidade.
As irmãs conversam e finalmente ouvimos a frase de Ned Stark: “Quando as neves caem e os ventos brancos sopram, o lobo solitário morre, mas a matilha sobrevive”. Tudo indica, implicitamente, que Bran usou os poderes de Corvo para ajudar as irmãs a enxergarem no que estavam metidas.
Samwell Tarly (John Bradley-West), que faz as viagens mais demoradas de Westeros, chega a Winterfel e conversa com Bran. A cena gera momentos reveladores e até engraçados, como quando Sam acha que Bran viu que Jon e Dany estavam se deslocando para Winterfell, mas ele apenas recebeu um corvo avisando.
O relevante aqui é, porém, a conversa que os leva a desvendarem a origem de Jon. Bran já havia tido visões da Torre da Alegria, onde Lyanna Stark (Aisling Franciosi) dá a luz ao bebê e depois morre. Depois disso, ele supõe que Jon não tem o sobrenome certo, pois ao invés de Snow (bastardo nortenho) ele se chamaria Sand (bastardo dornês). É então que Sam completa a informação, de acordo com o que Gilly (Hannah Murray) leu no diário do septão Maynard: Rhaegar Targaryen (Wilf Scolding) anulou seu casamento com Elia Martell e se casou com a jovem Stark. Assim, Bran usa seus poderes e finalmente conhecermos o verdadeiro nome de Jon: Aegon Targaryen.
Em uma cena muito rápida (aqueles minutos perdidos com as piadas de pênis entre Jaime e Bronn seriam úteis aqui), Bran narra os acontecimentos e a conclusão para onde tudo isso leva. Jon na verdade é Aegon Targaryen, filho legítimo de Rhaegar e Lyanna (R+L=A) , ou seja, ele é o verdadeiro herdeiro do Trono de Ferro. Enquanto isso, Jon e Dany têm sua primeira noite de amor no barco. Ali, ainda sem saber, tia e sobrinho unem mais uma vez o gelo e fogo, para quem sabe, trazer ao mundo o príncipe prometido. Que emoção! Ainda não sabemos o que significou o olhar de Tyrion ao se dar conta de que os dois fizeram uma aliança carnal, afinal, ele mesmo ficou cantando a bola de que os dois ficariam juntos. Cenas dos próximos episódios…
Muralha
A Muralha caiu! Quem diria que todo aquele plano bizarro de capturar um zumbi para mostrar a Cersei, faria com que o Rei da Noite tivesse uma arma (provavelmente a única) para enfim derrubar a barreira que separa os mortos dos vivos? Fica a dúvida se o Rei da Noite já sabia de tudo o que aconteceria e seu ataque ao dragão tenha sido planejado.
Montado em Viserion – agora cuspindo chamas azuis – ele destrói parte da Muralhaem uma cena maravilhosa, permitindo assim, que seu exército finalmente entre no continente. Tormund (Kristofer Hivju) e Beric (Richard Dormer), pelo visto, não morreram no episódio passado só para termos alguém para identificar nessa cena.
E é isso! Não só o inverno chegou, mas também seu exército. Nós ficamos aqui ansiosos, esperando a próxima e última temporada de Game of Thrones – que talvez só retorne em 2019.
Obs.: O “nome de batismo” de Jon ser Aegon Targaryen foi bem surpreendente e ao mesmo tempo, confuso. Sabemos que Rhaegar tinha dois filhos com Elia Martell, Aegon e Rhaenys, então dar o nome ao terceiro filho, repetindo o do menino já nascido, não faz muito sentido. Fora isso, existe um personagem nos livros, Jovem Griff, que supostamente é o Aegon Targaryen, que em uma trama de Varys não foi morto pelo Montanha e agora retorna para requerer o trono, aliado à Companhia Dourada. Entendem a confusão que isso causou na mente dos leitores? Será que a série mesclou o plot de Jon com o de Jovem Griff (suposto Aegon)? Rhaegar já estava morto quando Jon (Aegon) nasceu, então Lyanna teria dado o nome sozinha?Ainda assim, ela escolheria o mesmo nome do outro filho de seu marido? Eu fiquei realmente chateada por ser esse o nome, até porque isso levanta muitas dúvidas, inclusive de que os pontos principais da história serão bem divergentes entre a série e os livros! E com apenas seis episódios restantes, não me parece que vão explicar muito mais que isso.