Admirável Mundo Novo (1932) de Aldous Huxley e 1984 (1949) de George Orwell, foram as inspirações de Pedro Aguilera, criador e roteirista, quando ainda era estudante de cinema da USP, para desenvolver um universo distópico ao lado dos colegas Dani Libardi, Daina Giannecchini, Ivan Nakamura e Jotagá Crema. Lançaram um piloto sobre uma terra arrasada, onde os habitantes têm uma única chance na vida de escapar para uma espécie de paraíso. E apenas 3% da população passa no teste. O grande sucesso no Youtube chamou a atenção de uma gigante do streaming e não qualquer gigante.
Na onda da distopia, com a alta das discussões da sociedade atual com os exageros que geram identificação, como em Black Mirror, a Netflix comprou a ideia e decidiu produzir a primeira série totalmente brasileira do streaming.
E se depender da confiança do elenco da série, 3% tem tudo para se tornar o próximo sucesso mundial. Na coletiva de imprensa, que aconteceu nesta segunda-feira (21) em São Paulo, todos estavam com boas expectativas, principalmente por levar a imagem de uma produção nacional para o mundo.
Viviane Porto que vive Aline na série, destacou a importância e o orgulho de fazer uma ficção em língua portuguesa para todo o mundo. “O que eu gostei foi o fato de ser uma produção da Netflix, pelo jeito que é feito. Eu sou público da Netflix, a louca da maratona”, brincou. João Miguel (Ezequiel) foi atraído por seu personagem, “um personagem sistemático, que traz essa coisa de poder, corporativo, é muito diferente do que já tinha feito”.
Já Bianca Comparato intérprete de Michele, uma das protagonistas, enfatizou que a discussão política presente na história foi a primeira coisa que chamou sua atenção. Ela afirmou ainda que “o Brasil é uma grande distopia, então intelectualmente (a história da série) faz sentido”. Michel Gomes que vive o cadeirante Fernando, afirmou que a série é científica mas não está muito distante da realidade.
Um destaque na produção é a posição de minorias em evidência. “Uma coisa que sempre quis, era retratar o Brasil na série. A gente achou que seria interessante de que a sociedade já tivesse superado os problemas atuais como racismo e machismo. As camadas que não estão no poder hoje, lá (na série) estão em posição de poder”, disse Aguilera. Vaneza Oliveira (Joana), destacou ainda que “fugir do estereótipo e preconceito, ajuda a entender as múltiplas facetas das personagens”.
Dirigida por César Charlone – de O Banheiro do Papa e diretor de fotografia de Cidade de Deus-, a primeira temporada, com oito episódios, vai ao ar no mundo inteiro nesta sexta-feira (25).