Chegou ao fim mais uma edição do maior festival de música do país, e já está deixando saudades nos fãs. Durante duas semanas, o Rio de Janeiro respirou Rock in Rio, seja nos polêmicos cancelamentos de última hora e confusões no transporte ou nos shows emblemáticos e lotados de grandes bandas internacionais, o festival chegou na Cidade Olímpica e a transformou na Cidade do Rock. Ídolos da música como Maroon 5, Guns N’ Roses, Aerosmith, Justin Timberlake e até o novato Shawn Mendes, embalaram multidões durante os sete dias de festival, reunindo os mais diversos estilos e gerações de apaixonados por seus trabalhos.
Qual a melhor maneira de honrar o nome do evento? Encerrando-o com um dia de puro rock’n’roll . Logo as 16h Doctor Pheabes & Supla faziam o chão do Palco Sunset tremer, aquecendo o público para o que viria 3 horas depois na voz de Dinho Ouro Preto. Apesar de dividir a opinião de muitos, o Capital Inicial incendiou o Palco Mundo e abriu a última noite da melhor maneira possível. Sem maneirar no vocabulário, os tradicionais palavrões do vocalista não ficaram de fora, assim como os protestos contra a política do país. Com um “Fora Temer” entoado por milhares de pessoas, o Capital trouxe um repertório pra lá de conhecido pelos espectadores, com sucessos como “Que País é Esse”, “Natasha”, “Primeiros Erros” e até mesmo “Mulher de Fases“, que fez os fãs dos Raimundos enlouquecerem.
O Offspring fez o melhor show que seus fãs poderiam querer. Mesmo tendo vindo ao país há pouco tempo, a banda retornou ao Brasil e foi logo a primeira atração internacional do último dia do Rock in Rio, abrindo para Thirty Seconds To Mars e Red Hot Chilli Peppers. Após as inúmeras críticas feitas ao festival por alocar o grupo no Palco Sunset em 2013, os organizadores escutaram os apelos e a multidão presente no Palco Mundo comprovou que a mudança deu certo. Os tradicionais problemas técnicos estiveram presentes no show do Offspring também, mas o vocalista Dexter Holland soube contornar a situação e levar o público ao delírio. Sucessos como “Bad Habit”, “Pretty Fly (For a White Guy)”, “The Kids Aren’t Alright” e “Self Esteem” trouxeram a nostalgia dos anos 90 de volta, ao mesmo tempo que empolgavam a todos para o que vinha depois.
Possivelmente uma das maiores decepções do Rock in Rio – perdendo apenas para Lady Gaga – o Thirty Seconds to Mars tinha tudo para repetir o show épico de 2013, que empolgou os fãs antigos e trouxe os novos para a apresentação de 2017. Não há como negar o talento de Jared Leto para entreter público, talento esse que já lhe rendeu bons frutos em Hollywood através de sua carreira como ator. Ao chamar o rapper Projota para se juntar a ele no palco em “Walk on Water”, o vocalista pareceu estar começando outra performance emblemática, mas o (mini) setlist escolhido veio para acabar com qualquer esperança. O festival não é o maior de música do país por acaso, levando milhares de pessoas a comprar ingressos para admirar shows…de música. A sensação era de que tudo havia sido feito para aqueles que pagaram o Meet&Greet, e que tiveram a oportunidade de assistir a última música do palco. Os meros mortais que estavam na plateia? Tiveram de se contentar com 9 músicas e uma série de “OOOHs“.
Quando estava disposto a cantar, Jared Leto fez a alegria do público com seus hits de maior sucesso. “This is War”, “Kings & Queens”, “Do or Die” e “Closer to the Edge” conseguiram empolgar a multidão que veio assistir o Thirty Seconds, mas antes que pensávamos, acabou. Para fechar com chave de ouro, após a apresentação o vocalista deu uma entrevista para o Multishow, onde declarou estar cansado por conta do fuso horário e que por isso, não estaria afim de cantar. Como solução, ele jogou para plateia a “missão” de entoar suas canções. Vale lembrar que a banda se apresentou durante toda a semana no exterior, tendo chegado ao Brasil apenas na manhã do show, enquanto outras bandas chegaram, pelo menos, três dias antes. Que feio hein Jared?
O Red Hot Chilli Peppers recebeu a díficil tarefa de encerrar o Rock in Rio e buscando não decepcionar, apostou em um show seguro e sem muitas surpresas – o que não quer dizer que tenha sido ruim! O vocalista Anthony Kiedis pouco interagiu com o público, deixando sua fala para as músicas clássicas da banda. O baixista Flea assumiu o papel de conversar com a multidão, e o fez muito bem, declarando inclusive “Eu amo o Sepultura”. Diferente do que aconteceu duas noites antes no show do Guns ‘n’ Roses, o grupo respeitou os horários até demais, cantando 16 músicas em cerca de 1h30min. Lembrando que estavam em um festival e não em um show próprio, o Red Hot incluiu apenas três faixas novas em seu setlist, deixando a cargo das tradicionais animar a plateia. “Under the bridge”, “Californication”, “By the Way” e “Give It away” foram suficientes para classificar a terceira apresentação no Rock in Rio como uma das melhores, principalmente após as críticas feitas às anteriores. Foi uma boa maneira de encerrar os 7 dias de festival, agradando aos fãs do grupo e até mesmo os que não conheciam muita coisa.