O sexto dia de Rock In Rio se destacou por um público seletivo, que veio apenas para assistir o show do Guns N’ Roses. Mesmo diante de grandes performances e momentos icônicos como a presença do The Who, o público presente reservou toda sua energia para a atração principal na noite desse sábado (23).
O Palco Mundo teve início com o show dos Titãs. A banda brasileira trouxe o bom e velho rock nacional com canções marcantes. Hits como “Cabeça Dinossauro”, “32 Dentes”, “Sonífera Ilha”, “Comida”, “Go Back”, entre outros, foram um ótimo esquenta para os shows internacionais. A banda que está por lançar uma ópera rock em 2018, apresentou três canções inéditas que estarão nesse projeto. Destaque foi para “Me Estrupem”, canção que narra o ponto de vista de uma vítima de estupro.
A primeira atração internacional do Palco Mundo foram os californianos do Incubus, que apesar de um show executado com eficiência, não chamou tanto a atenção do público, que parecia não estar a fim de acompanhar o show. O que já era esperado, porque a plateia em peso estava à espera do Guns N’ Roses. Mais um erro de planejamento dos organizadores do evento em escalar bandas de estilos e épocas diferentes para a mesma noite. O momento mais importante do show foram a sequência de hits “Anna Molly”, “Wish You Were Here”, “Love Hurts”, “Pardon Me”, “Drive” e “Nice to Know You”.
O penúltimo dia de Rock in Rio foi histórico por trazer pela primeira vez os britânicos do The Who. Em um show apoteótico, a banda apresentou todos os clássicos, algumas delas chiclete por serem temas da série CSI. Os britânicos mostraram o porque de serem uma das bandas mais importantes do rock. Roger Daltrey ainda um grande frontman e Pete Townshend com seus famosos riffs de guitarra e dancinhas que se tornaram sua marca registrada. Porém, o público permaneceu em boa parte morno, se animando em poucos momentos. O melhor momento de interação foi com “Behind Blue Eyes”, cantada do início ao fim pela plateia.
Outro destaque da apresentação foi Zak Starkley, baterista que substitui Keith Moon, morto em 1978. Starkley é filho de Ringo Starr, baterista dos Beatles. Zak é afilhado de Keith Moon, que lhe deu a primeira bateria e o ensinou a tocar, já que Ringo não aprovava o filho se tornar um músico.
Zak Starkley participou da edição do Rock in Rio de 2015 com o Hollywood Vampires, banda formada por Alice Cooper, Johnny Depp e Joe Perry.
Fechando a noite, Guns N’ Roses retornou ao Rock in Rio depois da polêmica apresentação em 2011, que teve horas de atraso e um Axl Rose com cara de poucos amigos. Agora foi tudo diferente. Eles foram pontuais e permaneceram longe de problemas. Com o retorno de membros da formação original (Slash e Duff), a banda apresentou um extenso repertório com canções dos álbuns Appetite for Destruction, Lies, Use Your Illusion I e II, e Chinese Democracy. Não muito diferente da última e recente passagem do grupo no território brasileiro.
Houve ainda espaço para homenagens como a cover de “Black Hole Sun”, dedicada ao falecido cantor Chris Cornell. The Who, que havia se apresentado antes, também foi homenageado com a cover de “The Seeker”.
Axl Rose está renovado, visivelmente mais em forma, mas sua voz não é mais a mesma quando chega nos agudos. Mas seu esforço é compensado com o público cantando em uníssono em quase todo o show.
Slash, um dos mais assediados durante a apresentação, pode estar acima do peso, mas não fora de forma no que diz respeito aos famosos solos de guitarra, que causaram frisson. O público brasileiro tem uma paixão especial (e até exagerada) pelo Guns, que soube retribuir o carinho com mais de 3 horas de show. Axl Rose e cia encerraram o penúltimo dia de festival em grande estilo, apagando a imagem ruim que ficou em 2011.