O rock finalmente chegou ao Rock in Rio, bebê! Após 3 dias recheados de atrações da música pop, o festival começou a apresentar o estilo que lhe dá nome, dando início aos 4 dias de pura imersão ao Rock’n’Roll. O dia escureceu logo cedo, a medida que o público chegava à Cidade do Rock trajando as roupas pretas clássicas de suas bandas preferidas. Mesmo não estando presentes no dia, camisetas estampando as logomarcas do Guns N’ Roses, Black Sabbath, Mettalica e Iron Maiden desfilavam pelo gramado, assim como as escolhas óbvias do Def Leppard e Aerosmith. Acrescentando qualidade ao espetáculo, a banda brasileira Scalene se juntou aos estrangeiros Fall Out Boy e Alice Cooper para completar a alegria do público do dia 21.
Eram oito horas da noite quando Alice Cooper e Arthur Brown subiam a bordo do Palco Sunset para realizar um dos shows mais aplaudidos da noite. Qual não foi a reação da plateia quando o guitarrista do Aerosmith, Joe Perry, se juntou ao banda e levou todos ao delírio. Com a tradicional maquiagem pesada e mórbida, o vocalista fez uma apresentação digna de um palco teatral, interpretando e cantando no que poderia ter sido feito no palco principal, ao invés do auxiliar.
Assim como o Alice Cooper merecia estar no Palco Mundo, a banda brasileira Scalene seria uma ótima atração do Sunset, com público pequeno e músicas pouco animadas. Ocupando a mesma posição que em dias anteriores foi ocupada por Ivete Sangalo, Skank e Frejat, o segundo colocado da segunda temporada do reality musical “Superstar” não surpreendeu, mas divertiu os poucos que conheciam seu repertório. Em uma noite onde as atrações eram, basicamente, para o público mais velho, uma banda jovem talvez não tenha sido a melhor escolha, apesar do esforço do vocalista Gustavo Bertoni.
Tocando pela primeira vez no Rio de Janeiro, o Fall Out Boy relembrou clássicos da adolescência de muitos que os assistiram no Palco Mundo. Ainda com a pose de boyband punk dos anos 2000, o grupo usou muito das tecnologias disponíveis para enfeitar o setlist, que ainda ganhou cover de Michael Jackson e duas músicas do disco novo. Os hits de maior sucesso da banda não ficaram de fora, e animaram o pequeno público que ainda chegava para as atrações seguintes. “Dance Dance”, “Light Em Up”, “MMRS” e “Centuries” foram de longe as mais cantadas – e reconhecidas. Apesar dos problemas técnicos do piano, o Fall Out Boy conseguiu abrir bem as presenças internacionais da noite.
O Def Leppard era, sem sombra de dúvida, uma das atrações mais aguardadas do quarto dia de festival. Os fãs eufóricos – trajando camisas pretas com o nome da banda – não se decepcionaram com a performance do grupo. Tendo cancelado de última hora durante a primeira edição do Rock in Rio, os britânicos enfim se apresentaram no festival e trouxeram consigo as tradições dos anos 80. Não há dúvida que a trajetória do Def Leppard foi difícil – a perda do braço esquerdo do baterista, a morte de um dos guitarristas em 1991 e o câncer de seu substituto em 2013 – mas quem os assistiu na noite de ontem não tem do que reclamar em relação as condições físicas da banda. Com sucessos como “Rock of Ages”, “Animal”, “Rocket” e “Love Bites”, o grupo abriu o Palco Mundo para a atração principal do dia.
Finalmente chegou a vez dos veteranos do Aerosmith se apresentarem no Rock in Rio. Já tendo passado pelo Brasil outras seis vezes – inclusive em outubro do ano passado -, o grupo encerrou com chave de ouro o quarto dia de Rock in Rio. Esbanjando uma saúde invejável aos 69 anos, o vocalista Steven Tyler não parou um segundo durante as quase duas horas de show, usando todo o poder de sua voz rouca e estridente. Compondo a turnê de despedida da banda, “Aero-Vederci Baby! Tour”, a performance de ontem superou a anterior no Rio de Janeiro e empolgou qualquer um que parava pra olhar. Após se apresentar com o Alice Cooper, Joe Perry enfim assumiu a guitarra de sua banda e deu uma aula de como tocar e empolgar um festival. Extremamente confortáveis no palco, Tyler chegou até a soltar um alto e sonoro arroto no microfone, fazendo a felicidade da plateia. Após a emblemática “I Don’t Wanna Miss a Thing”, o grupo ainda atendeu os pedidos do público e voltou para um bis, composto por “Dream On” e “Walk This Way”. Esperamos que esse não seja, de fato, o último show do Aerosmith no Brasil.
