O mundo do rock em luto: morre Ace Frehley, o “Space Ace” do Kiss
O universo do rock perdeu uma de suas estrelas mais brilhantes. Paul Daniel “Ace” Frehley, guitarrista, vocalista e um dos fundadores da icônica banda KISS, faleceu aos 74 anos, após sofrer ferimentos decorrentes de uma queda no mês passado. As informações são da Variety. A notícia foi confirmada por um comunicado emocionante divulgado por sua família nesta quinta-feira.
“Estamos completamente devastados e com o coração partido. Em seus últimos momentos, tivemos a sorte de poder cercá-lo de palavras, pensamentos, orações e intenções amorosas, atenciosas e pacíficas enquanto ele deixava esta Terra (…). A magnitude de sua morte é de proporções épicas e incompreensível”, diz o comunicado.
Ace Frehley ao lado do KISS criou uma identidade visual e sonora que redefiniu o rock dos anos 70. Com maquiagem prateada, traje metálico e uma aura interplanetária, “Space Ace” era o alienígena do grupo — símbolo da extravagância, da rebeldia e da teatralidade que tornaram a banda uma das mais reconhecíveis do planeta.
O homem por trás da máscara
Nascido no Bronx, em Nova York, em 1951, Ace cresceu cercado pela efervescência cultural da cidade. Ganhou sua primeira guitarra em 1964 e, sem jamais ter tido aulas formais, mergulhou de cabeça no instrumento que mudaria sua vida. Inspirado por nomes como Jimi Hendrix, Jeff Beck e The Who, o jovem Paul Daniel logo ganhou o apelido “Ace” entre os amigos — um trocadilho com sua habilidade em “acertar” encontros com garotas.
Sua entrada no KISS em 1972, ao lado de Paul Stanley, Gene Simmons e Peter Criss, marcou o nascimento de uma das bandas mais teatrais e influentes da história do rock. Com solos incendiários, presença de palco magnética e uma persona que misturava ficção científica e rebeldia juvenil, Frehley ajudou a construir a mitologia do grupo — uma mistura explosiva de som, performance e espetáculo visual.
O legado de um guitarrista das estrelas
Durante os anos 70, o KISS se tornou sinônimo de entretenimento em larga escala. Em uma época anterior à MTV, os shows da banda eram uma experiência sensorial completa: explosões, chamas, plataformas elevatórias e a energia incontrolável de Frehley dominando o palco. Sua guitarra “que soltava fumaça” virou marca registrada, uma assinatura que sintetizava o espírito megalomaníaco e divertido do rock daquela era.
Apesar de a crítica muitas vezes olhar o KISS com desdém, o impacto cultural do grupo foi colossal. Milhares de bandas e fãs foram inspirados por sua ousadia estética e por sua crença inabalável na força do espetáculo. E nesse universo de pirotecnia e riffs poderosos, Ace Frehley brilhou como uma constelação própria.
Em 1978, quando os quatro integrantes lançaram álbuns solo simultaneamente, foi o de Frehley que mais se destacou. Seu cover de “New York Groove” se tornou um hino e provou que o guitarrista tinha identidade própria, capaz de brilhar fora da sombra da banda.
Saída, retorno e imortalidade
Frehley deixou o KISS em 1982 para seguir carreira solo, fundando o Frehley’s Comet, mas o chamado das estrelas foi mais forte. Em 1996, ele voltou para uma turnê de reunião que se transformou em um dos eventos mais lucrativos da história do rock. Sua despedida definitiva veio em 2002, mas seu legado — tanto com o KISS quanto sozinho — jamais saiu dos palcos ou da memória dos fãs.
Até seus últimos dias, Ace seguia sendo reverenciado como um dos guitarristas mais influentes do rock, com um estilo que misturava virtuosismo e carisma em doses perfeitas. Sua morte representa o fim de uma era — mas seu som continuará ecoando nos corações de quem cresceu sonhando com o impossível.
Ace Frehley: o astro que voltou para o espaço
Hoje, o “Space Ace” volta ao cosmos de onde veio. E, enquanto houver alguém tocando “New York Groove” em uma guitarra elétrica, Ace Frehley jamais será esquecido.