Muitas vezes olhamos para o rock como algo atemporal, ou vemos aqueles ídolos como seres quase mitológicos que nunca passarão por problemas comuns da vida, que não pagam contas, só curtem a vida e não envelhecem. Por mais que a gente queira, é impossível enganar o tempo e uma prova disso nos foi mostrada na última segunda-feira (18), com a passagem do Aerosmith por Belo Horizonte.
Ao longo das quase duas horas de apresentação, o Aerosmith passeou pela sua discografia e, curiosamente, deixou um pouco de lado o que foi lançado após o clássico Nine Lives, de 1997. As músicas mais recentes do setlist foram a adorada “I Don’t Want to Miss a Thing” e “Stop Messin’ Around”, cover do Fleetwood Mac que a banda gravou no álbum Honkin’ on Bobo, de 2004. O resto foi, literalmente, história. Lá estavam “Love In An Elevator“, “Cryin’“, “Livin’ On The Edge”, “Crazy”, “Eat The Rich”, “Sweet Emotion” e “Dude (Looks Like a Lady)”, além dos covers de “Oh Well” – mais uma do Fleetwood Mac – e “Come Together”, dos Beatles.
Enquanto as músicas eram tocadas, a banda interagia com o público que devolvia em forma de carinho, devoção e, principalmente, registros com seus celulares. Esbanjando carisma, Tyler chegou a pegar um dos inúmeros celulares para gravar algo do palco e ainda se arriscou no português mandando um “olá, mineiros” na parte inicial do show e um “bom demais da conta” em outro momento. Impressiona ver que após diversas declarações, shows, turnês, discos, atritos e trabalhos fora da banda, os cinco ainda se divertem no palco. Cada um de nós sabe que o tempo não foi tão generoso assim com Joe Perry, Tom Hamilton, Joey Kramer ou Brad Whitford e, ainda que Steven Tyler preserve sua vitalidade e corra pelo palco aos 69 anos, os efeitos do tempo aparecem ao longo da apresentação.
Encarar essa humanidade não é ruim. Ter isso em mente torna o show ainda mais incrível de se ver e essa talvez seja a grande verdade do Aerosmith hoje. Enquanto eles se divertirem no palco, a gente vai admirar tudo o que acontece lá em cima. Ver Joe Perry cantando “Stop Messin’ Around” é algo que ficará na lista de momentos especiais da vida de muita gente e não tem preço que pague ouvir “Dream On” ou “Walk This Way” ao vivo pela primeira vez. Mesmo que o setlist tenha sido burocrático e deixado clássicos como “Pink”, “Amazing”, “Hole In My Soul” e “Janie’s Got A Gun” de fora, ver tudo aquilo ao vivo é algo que todo ser humano que gosta de rock deveria fazer pelo menos uma vez.
Na próxima quinta feira (21) o Aerosmith se apresentará na quarta noite do Rock in Rio, fechando a noite no Palco Mundo.