Depois da morte de seu amigo, Sam parece um fantasma vagando pelos corredores da escola o que não é muito diferente de antes. Ele sabe que tem que aceitar o que Hayden fez, mas se culpa pelo que aconteceu e não consegue mudar o que sente. Enquanto ouve música por música da lista deixada por Hayden, Sam tenta descobrir o que exatamente aconteceu naquela noite. E, quanto mais ele ouve e reflete sobre o passado, mais segredos descobre sobre seu amigo e sobre a vida que ele levava. A PLAYLIST DE HAYDEN é uma história inquietante sobre perda, raiva, superação e bullying. Acima de tudo, sobre encontrar esperança quando essa parte parece ser a mais difícil. (Editora Nova Conceito)
“Nunca julgue um livro pela capa” é um ditado popular internacionalmente conhecido e que sempre pode ser aplicado a situações onde você é surpreendido por algo. Geralmente isso acontece no bom sentido: você tem uma primeira impressão muito ruim sobre algo e depois acaba amando. ‘Nunca julgue um livro pela capa’ é uma expressão que costuma vir com um sorriso. Mas, dessa vez, poderia vir com total desgosto.
Para ‘A Playlist de Hayden’, eu diria que as altas expectativas da capa, título e divulgação acabaram se tornando imensas decepções. No meu primeiro post no Poltrona, listei o livro como um dos mais esperados do ano. O título é incrível e remete a coisas que estão em alta, assim como a apresentação da orelha: música, suicídio, mistério e superação. A capa, que manteve o design original das publicações internacionais, é perfeita e bem executada, conseguindo passar bem o feeling que o título da obra e a sinopse apresentam. A frase de impacto, “Você nunca conhece uma pessoa até ouvir o que ela gosta”, também é a chave para levar o livro ao topo da lista de próximos livros a ler.
Só que tudo desmorona ao que se descobre o que há dentro.
A narrativa de Michelle Falkoff começa sutil e direta e é o que se espera de um prólogo quando você já sabe o que aconteceu: Hayden, o melhor amigo de Sam, cometeu suicídio e deixou para ele uma seleção de músicas, para que o mesmo conseguisse desvendar o que o levou àquilo. Nos próximos capítulos esperei que a autora construísse lembranças por meio das músicas escolhidas que davam título aos capítulos, porém não foi o que ganhei ao decorrer da leitura.
Todas as vinte e sete músicas escolhidas não tem nada a ver com seus capítulos designados. Sequer remetem alguma mensagem ou criam uma conexão com Hayden e o que aconteceu a ele ou com Sam e o que ele está por descobrir. Infelizmente o título acabou perdido dentro do enredo e significou só uma lista de músicas criada por alguém que se foi e citada ocasionalmente para que o leitor não se esquecesse desse detalhe.
E a esperança de que a narrativa superasse esse erro na obra, também foi por água abaixo. O jeito com que Michelle guia seu narrador é pobre para o que se espera de um livro que aborda a morte do melhor amigo do mesmo. Os sentimentos de Sam não se jogam para o autor e ligações não são criadas. Enquanto achei que teria um dejavú de ‘As vantagens de ser invisível’, onde parece que a narrativa sai do livro e se torna algo que realmente aconteceu para quem lê, o que acabei encontrando foi um personagem em foco que narra passagens de tempo, com acontecimentos que, na maioria das vezes, não dizem nada.
Os poucos mistérios desvendados ao longo do livro – todos eles ligados ao interesse amoroso de Sam, Astrid – são obsoletos. As pequenas aberturas que Michelle Falkoff cria para grandes plots, se desfazem com revelações sem graça, que não fogem do muito óbvio já trazido por várias histórias adolescentes.
No final, quando tudo está aberto na mesa, o que temos é um livro que não diz nada sobre Hayden. Às vezes grandes embrulhos não condizem com o presente.