Após uma longa ressaca literária, finalmente trouxe os livros de volta ao meu dia a dia. Afinal, uma vez dentro do gigantesco mundo da leitura, sempre dentro do gigantesco mundo da leitura. Além disso, ver a pilha de livros se acumulando na estante começou a me perturbar. Pensando nisso, resolvi começar por um dos últimos lançamentos da Intrínseca, Uma Casa no Fundo de um Lago, de Josh Malerman. O autor já apareceu antes no Ler é Bom Vai!, com o thriller psicológico A Caixa de Pássaros. Confesso não ter sido meu livro favorito do ano, mas certamente não foi um dos piores. A semelhança entre as tramas, porém, fica restrita àquele que as escreveu. Uma Casa no Fundo de um Lago é misterioso, mas segue a vertente do romance em determinados momentos. Mas calma, sem spoilers!
Sinopse
James e Amélia têm dezessete anos. Em comum, além da idade, têm o fato de estarem um a fim do outro e de serem tomados pelo nervosismo quando James chama Amélia para sair. Mas tudo parece perfeito para um primeiro encontro: um passeio de canoa pelos lagos, levando um cooler cheio de sanduíches e cervejas. À medida que se aprofundam na exploração, os dois chegam a um lago escondido e encontram algo impressionante debaixo d’água. Um lugar perigosamente mágico: uma casa de dois andares com tudo que tem direito — móveis, um jardim, uma piscina e uma porta da frente, que está aberta. Enquanto, fascinados, vasculham o imóvel e tentam passar uma boa impressão para o outro, cresce o medo. Será que um local misterioso como aquele esconde alguém — ou algo — vivo? Uma coisa é certa: depois de mergulhar nos mistérios da casa no fundo do lago, a vida deles jamais voltará a ser a mesma.
Uma Casa no Fundo de um Lago
Embora sejam apenas 160 páginas, a trama de Josh Malerman tem muito potencial. Com uma boa premissa, personagens aptos a serem mais desenvolvidos e um mistério cativante, é o prato cheio para uma produção cinematográfica. Entretanto, temos a impressão de que o autor ficou com medo de avançar mais em sua história.
James e Amelia têm dezessete anos e parecem saídos de um filme de época no começo. Mas isso não deve ser tomado como um fato negativo, pelo contrário. A mudança na forma de agir e pensar dos personagens acompanha a transformação da história. O que começa com um romance, termina por ser um thriller tenso e curioso. O problema está no fato de que assim que o livro começa a engatar e começamos a ficar desesperados com a leitura, as páginas se aproximam do fim. Após ler Caixa de Pássaros, ver a maneira como Uma Casa no Fundo de um Lago termina é quase decepcionante.
Caso você seja claustrofóbico como eu, não recomento que invista nessa leitura. Embora tenha alguns furos, nos momentos em que nos pegamos envolvidos, é uma boa trama. E nas cenas em que os protagonistas mergulham para dentro do sinistro mundo da casa, confesso que fiquei até sem ar. Outro motivo para isso se deve a inclinação que a história tem para o terror. Fiquei aguardando apreensiva pelo momento em que algo terrível aconteceria aos dois jovens. Contudo, parece que a profundidade da trama cresceu em paradoxo a profundidade real do lago.
Ela estava sorrindo. O sorriso de sobrancelhas arqueadas que amigos dão uns aos outros antes de entrarem na casa dos horrores do parque de diversões ou de darem play em um filme extremamente assustador.
O maior problema em Uma Casa no Fundo de um Lago foi, para mim, a expectativa. O tempo todo parece que vamos começar a ler uma história sem igual, repleta de suspense e detalhes. E isso certamente não é. Não se enganem, o mistério existe, e nas páginas que o contém é suficiente. O problema começa quando temos de tratar o livro como algo ainda mais denso. Não passa de um conto bem escrito e envolvente. Quanto ao romance, repleto dos mais tradicionais clichês do gênero.