HARRY POTTER E A CRIANÇA AMALDIÇOADA NÃO DEVE SER TRATADO COMO UMA CONTINUAÇÃO DOS 7 LIVROS ANTERIORES. É UMA OITAVA HISTÓRIA ? SIM, MAS NÃO UMA CONTINUAÇÃO DAS 7 QUE O PRECEDEM.
Dito isso, posso começar a escrever.
Anunciado pela própria autora, o livro vem sido vendido e tratado como uma continuação e/ou um ‘oitavo Harry Potter’. Quando lido com essa mentalidade, a nova trama se torna contraditória, boba, fraca, absurda e até mesmo ruim, na opinião de muitos. Para quem não sabe, ele não foi nem mesmo escrito por J.K. Rowling, mas por Jack Thorne e John Tiffany. Os dois são os responsáveis pela peça de mesmo título, que está em cartaz em Londres, cujo roteiro foi adaptado e transformado no livro que estou falando sobre.
ALERTA DE SPOILERS ALERTA DE SPOILERS ALERTA DE SPOILERS
A história introduz personagens conhecidos, mas não explorados nas tramas anteriores, como os filhos de Harry, Gina, Rony, Hermione e Draco. Os dois protagonistas, além dos já citados acima, são Escórpio Malfoy e Alvo Severo Potter, duas crianças nascidas de pais “inimigos”, mas que desenvolvem uma bela amizade no decorrer do livro.
Diferente de tudo aquilo que era esperado do filho de Harry Potter, Alvo se acha o patinho feio da família, o que só é acentuado com sua escolha para Sonserina. Escórpio obviamente também é escolhido para trajar o verde e prata, e a amizade dos dois só cresce, o que levou muitos fãs a apoiarem o suposto casal. Durante diversos momentos, Thorne realmente dá a entender que uma paixão está se desenvolvendo, o que pode ter saído como um tiro no pé no final.
” Por mais agradável que seja a ideia de me esconder num buraco com você pelos próximos quarenta anos…eles vão nos encontrar “ (Alvo)
” Ainda assim, se eu tivesse de escolher uma companhia para a volta ás trevas eternas, seria você “ (Escórpio)
Os dois meninos viajam no tempo, tentando corrigir possíveis erros do passado, mas só pioram tudo. Enquanto isso, os adultos tentam vencer as próprias desavenças em prol de seus filhos, o que obviamente leva tempo. A ideia de introduzir o vira-tempo, possibilitou aos autores reviver antigos personagens, ja falecidos, como Severo Snape, (#RIPAlan) Alvo Dumbledore e Cedrico Diggory, e os torna parte da história novamente. Confesso que quase chorei lendo o nome Snape nas páginas.
O grande vilão do filme só é desvendado mais para o final, e claro, Lord Voldemort está por trás disso. Confesso que a opção de Thorne para o ‘inimigo’ da vez não me agradou, pois chega a beirar o absurdo e contradiz tudo que conhecemos até hoje sobre o lorde das trevas. Deixando isso de lado , o livro se encaminha para o final, e mais uma vez me decepcionei. Tivemos o clássico ‘happy ending’, e as maneiras para chegar a ele se assemelham a contos de fadas, onde tudo da certo no final.
Estamos falando de uma trama, onde personagens importantes e queridos morreram, e os fãs tiveram de superar suas perdas. É um público já acostumado a lidar com isso, então não era necessário apelar para acontecimentos que justificassem um final feliz.
Quando se descarta o final, a procedência do vilão e algumas incoerências (que talvez Rowling não cometesse), temos um livro bom. Está longe de ser o melhor de todos os tempos, ou o melhor do universo Harry Potter; mas também está muito distante de ser ruim. Uma vez que é a adaptação do roteiro de uma peça, as páginas descrevem basicamente diálogos, então a leitura é prática e rápida. Não, não são palavras de J.K., mas é uma nova história de um universo tão amplo, e que tanto desejávamos.
Agradeço a Jack Thorne e John Tiffany pela oportunidade, de mais uma vez, ler nomes como Harry Potter e Severo Snape em uma página. Discordo do título atribuído, pois é inevitável não relacionar as obras anteriores que possuem nomes extremamente similares. Harry Potter e a Criança Amaldiçoada deve ser caracterizado como spin-off, fanfic ou história paralela a franquia do mundo mágico, pois é exatamente isso que é, não uma continuação.