Ler é Bom, Vai | Origem traz de volta o estilo de Dan Brown

Após tantos anos de sucesso, não parece possível que Dan Brown ainda consiga nos surpreender…mas ele consegue. Confesso que não sei também, como autor ainda não foi sequestrado ou punido por qualquer uma das instituições a quem ele criticou. Desde os Iluminati até o Priorado do Sião, Brown usou palavras nada agradáveis enquanto construía sua narrativa, sem perder o requinte e a qualidade de suas tramas. Não há dúvidas de que o autor encontrou a fórmula perfeita para o suspense desde O Código Da Vinci e só a aprimorou com o passar dos livros. Em Origem, seu mais novo sucesso publicado pela Editora Arqueiro, o auto nos levará junto de mais uma série de segredos escondidos pelo tempo.

Apesar de tratem de assuntos diferentes, as histórias de Dan Brown parecem ter saído do mesmo molde. O renomado simbologista Robert Langdon se encontra em algum lugar distante de onde a trama se passa, até que recebe um chamado misterioso para comparecer a algum evento, onde alguma autoridade no assunto central será assassinada. Ao lado de uma personagem feminina – vividas até então por atrizes fisicamente semelhantes, Langdon adentra um mundo de mistérios e enigmas envolvendo obras de arte, teorias conspiratórias e alguma vertente da igreja católica não muito conhecida. Mesmo com os já tradicionais clichês, Brown consegue nos fazer devorar as páginas e perder o fôlego a cada revelação.

“De onde viemos? Para onde vamos?
Robert Langdon, o famoso professor de Simbologia de Harvard, chega ao ultramoderno Museu Guggenheim de Bilbao para assistir a uma apresentação sobre uma grande descoberta que promete “mudar para sempre o papel da ciência”. Os convidados ficam hipnotizados pela apresentação, mas Langdon logo percebe que ela será muito mais controversa do que poderia imaginar. De repente, a noite meticulosamente orquestrada se transforma em um caos, e a preciosa descoberta de Edmond Kirsch corre o risco de ser perdida para sempre. Numa jornada marcada por obras de arte moderna e símbolos enigmáticos, os dois encontram pistas que vão deixá-los cara a cara com a chocante revelação de Kirsch… e com a verdade espantosa que ignoramos durante tanto tempo.”

Como o nome já diz, tudo nesse novo mistério gira em torno da origem da terra e da raça humana. Atribuídas a Deus em muitas crenças, as respostas para tais questões sempre geraram muita polêmica e discrepância entre cientistas e autoridades religiosas. Acostumado a lidar com igrejas escondidas, Langdon é obrigado a enfrentar algo um pouco fora de sua zona de conforto, a ciência moderna. Mensagens ocultas em pinturas ficam de fora dessa vez, mas Brown não decepciona os fãs. Através de fontes artificiais de inteligência, livros escondidos e tudo aquilo que a tecnologia pode nos proporcionar, o autor nos mostra que até mesmo Robert Langdon pode ter dúvidas.

Dessa vez o livro nos leva para a Espanha, precisamente Barcelona. Lá se encontra o Museu Guggenheim Bilbao e caso já o tenha visitado ou visto fotos, saberá que transborda modernidade. Como é tradicional de seus livros, Brown nos oferece uma visita guiada pelos principais pontos turísticos da cidade, como A Sagrada Família e a Casa Milà (La Pedrera).

Tenho de ser sincera e dizer que esperava (muito) mais da grande revelação de Kirsch. Já estando acostumada com as obras anteriores de Brown, nas quais o gran finale veio apenas para coroar o bom enredo, em Origem isso poderia ter sido deixado de lado. Não temos a tradicional caça as pistas por algum artefato específico, mas sim uma busca incansável pelo assassino do futurólogo. Não pense que isso faz com que o livro seja mais fraco, longe disso, acredito tenha sido um dos melhores. Entretanto, principalmente após a fraquíssima adaptação de Inferno nos cinemas, precisávamos de uma boa dose do tradicional Dan Brown.

Divulgação/Paula Lerner

Mesmo quando não lida especificamente com a igreja católica, o autor sempre encontra uma maneira de criticá-la. Para tentar “tirar” um pouco de sua responsabilidade, Brown optou por uma maneira extremamente inteligente de fazer seus comentários. Através dos típicos sites sensacionalistas da atualidade, intercalados com os capítulos do livro, o autor procurou incluir o leitor em meio a trama. As reportagens do site são o toque de normalidade em meio ao caos tecnológico que se instalou.

Mesmo sem a sensação de surpresa com a revelação do verdadeiro culpado, que ficou forçada em minha opinião, Dan Brown ainda nos entrega um ótimo livro. Caso siga a tradição, nos resta esperar que essa história ganhe uma adaptação cinematográfica melhor do que a anterior. E vamos combinar, nunca é demais ver Tom Hanks no papel de Robert Langdon.

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