Ler é Bom, Vai | Em Dois a Dois, Nicholas Sparks mostra que ainda pode nos surpreender

Divulgação/Editora Arqueiro

Já são quase 20 anos desde que Nicholas Sparks publicou seu primeiro livro, entitulado Diário de uma

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Paixão, e cuja trama foi adaptada para os cinemas com Ryan Gosling e Rachel McAdams nos papéis principais. Em 2017, a Editora Arqueiro trouxe o autor ao país para divulgar e lançar sua mais nova produção, Dois a Dois, levando centenas de fãs a loucura em livrarias espalhadas pelo Brasil. E é exatamente sobre ele que falaremos hoje no Ler É Bom, Vai! Não sei se foi pelo fato de ter o livro autografado na estante, ou pela foto, ou apenas pelo fato de Sparks ser uma pessoa extremamente simpática e humilde, mas Dois a Dois merece toda e qualquer atenção por seu conteúdo: é definitivamente um dos melhores livros dele!

Em questão de meses, Russ perde o emprego e a confiança da esposa, que se afasta dele e se vê obrigada a voltar a trabalhar. Precisando lutar para se adaptar a uma nova realidade, ele se desdobra para cuidar da filhinha, London, e começa a reinventar a vida profissional e afetiva – e a se abrir para antigas e novas emoções. Em Dois a dois, Nicholas Sparks conta a história de um homem que precisa se redescobrir e buscar qualidades que nem desconfiava possuir para lutar pelo que é mais importante na vida: aqueles que amamos.

Logo conhecemos Russell Green, o tradicional romântico apaixonado pela esposa Vivian e pela filha London, cujo maior objetivo de vida é mantê-las satisfeitas e felizes. Além delas, a família ainda é composta por Marge, a maravilhosa e divertida irmã, o pai tradicionalista e emburrado e a mãe preocupada com o bem estar de todos. Rodeado por mulheres, Russ está acostumado a deixar seus sentimentos de lado em prol das mesmas, e engole muito sapo para evitar confusões. London é o grande amor da vida dele, e tê-la por perto é o que gira as engrenagens do dia à dia do rapaz – mesmo que ele só tenha isso para fazer. Com um emprego fixo, uma casa confortável, uma família que o ama e uma situação financeira estável, Green parece ser o homem mais realizado do mundo. E é aí que Sparks nos ensina a primeira lição: nem sempre o que é ideal para os outros, é ideal para você.

Vivian é a menina dos olhos de Russ, o grande amor de sua vida por quem ele nutre uma paixão avassaladora mesmo após tantos anos. Entretanto, podemos dizer que ela é a grande vilã da história – e responsável por todos os meus xingamentos ao virar as páginas. Assim como Sparks tem a habilidade de criar personagens adoráveis e apaixonantes, o autor conseguiu desenvolver uma figura tão insuportável, mesquinha, egoísta e irritante, que me fez inclusive demorar a terminar sua trama por ódio a Vivian. Enquanto Russ faz tudo a seu alcance para manter a esposa alegre, ela o retribui com acusações absurdas, injustiças e grosserias desnecessárias. Acreditando que ela é sua própria versão de Julia Roberts em Uma Linda Mulher – sim, ele é romântico a esse ponto -, ele releva todas as as grosserias e atividades suspeitas de Vivian, depositando toda a culpa em si mesmo. No momento em que Russ resolve seguir seus instintos e abre sua própria agência de publicidade, qual não foi minha surpresa quando a digníssima esposa ficou contra ele.

 Há sempre outra camada, outro erro do passado ou uma lembrança dolorosa que surge e então conduz ainda mais para o passado, e ainda mais, em busca da verdade definitiva. Cheguei ao ponto em que parei de tentar entender: agora, a única coisa que de fato importa é aprender o suficiente para evitar repetir os mesmos erros.”

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A única boa decisão de Vivian é retornar a seu antigo emprego, alegando que Russ não está fazendo nada para contribuir com a conta bancária da família, sendo que ela mesma não abre mão de seus luxos desnecessários. O novo trabalho da esposa obrigada o marido a ficar em casa de babá da filha, e assim conhecemos melhor a criança encantadora que é London, e por consequência o objetivo central de Sparks ao escrever o livro. Dois a Dois narra o relacionamento entre pai e filha, e o quão intenso e bonito ele pode ser. Seja levando ela ao ballet, a aula de piano ou a aula de artes, Russ descobre os trejeitos da menina, seus gostos e manias, além de suas fragilidades e medos. Lição número dois aprendida com sucesso: criar uma criança não é algo simples, mas sim trabalhoso e demorado. Quando bem feito, o resultado é o mais positivo possível.

Meu amor por London jamais estivera em questão. O que eu agora compreendia era que também gostava dela, não só como minha filha, mas como a menina que só pouco tempo antes passara a conhecer.

Mudanças assustam, mas estão longe de ser algo unicamente negativo, e Russ descobre nelas o recomeço de sua vida. O passado também lhe ensina que nunca é tarde para se perdoar e pedir perdão, e muito menos reconhecer os erros, sendo eles essenciais para a construção dos acertos no futuro. Diferente de Vivian, Emily é amável, amiga e companheira, além de valorizar as coisas abstratas da vida como o amor e o diálogo. A saída da esposa traz de volta a ex-namorada e intensifica ainda mais o relacionamento entre Russ e Marge, na minha opinião a melhor pessoa de toda a história.

Uma das coisas que mais me agrada em uma história é o fator surpresa, aquele plot twist repentino que guia o enredo para um lado completamente diferente do que estávamos imaginando. Por mais que essa mudança tenha levado embora boa parte de minhas lágrimas mensais, trouxe uma maturidade extra para o conjunto da obra e fechou com chave de ouro as lições que o autor procurou ensinar. Mesmo com tantos problemas, temos de dar prioridades aos momentos e as pessoas certas, uma vez que a vida é curta demais para alguns. Dois a Dois é um dos melhores livros de Nicholas Sparks, pois contém as qualidades necessárias para nos fazer rir, chorar e aprender mais um pouco com seus ensinamentos.

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