Esse domingo, decidi falar sobre um livro que foi, para mim, um presente em 2016. Sempre fui fã do tema mitologia, seja ela qual for, mas é difícil achar uma trama que aborde esse tema e seja original. Deuses Americanos me foi recomendado por diversas pessoas, e quando a Editora Intrínseca mandou aqui para casa, tomei como um sinal e finalmente resolvi ler (muuuito obrigada Intrínseca!).
Datado de 2001, a obra possuí diversas edições com as mais diferentes capas, mas o mesmo conteúdo. Tive a honra de receber a chamada ‘edição preferida do autor’, com páginas amarelas (simplesmente não gosto de páginas brancas), capítulos expandidos, artigos, uma entrevista com Neil Gaiman, além de um ótimo texto de introdução
Deuses Americanos nos convida a pensar desde o início da história, utilizando-se de metáforas bobas e/ou inteligentes que tornam a leitura leve, em um livro de mais de 500 páginas. Confesso que tive receio de ler outra trama maçante, com termos históricos e arcaicos, mas é exatamente o oposto.
A história narra a vida de Shadow, preso a três, desejando terminar seu tempo e voltar para casa, para sua amada esposa Laura e para o conforto do lar. anos e seu maior sonho é voltar para casa, estar novamente com a pessoa que ama, Laura, sua esposa. Desde o momento que recebe a notícia de sua soltura, a vida de Shadow vira de cabeça pra baixo e ele se vê sem chão. É neste momento que surge Wednesday (Quarta-feira é o Dia de Odin na mitologia nórdica) , um velho Deus ‘esquecido’ que busca o antigo reconhecimento e adoração do passado. Antes que perceba, o rapaz se vê envolvido com Deuses, os novos e os antigos, além de trabalhar para eles em troca de um caminho para seguir na vida.
A trama gira em torno de uma guerra, premeditada a acontecer, onde Shadow percebe ter um importante papel. De um lado os velhos deuses, como Odin, Anúbis, Tot e Loki; do outro, os novos deuses, como a Media, a Internet e a Televisão, ou seja, artefatos que cultuamos em nosso dia a dia. Enquanto os novos buscam reconhecimento, os antigos querem recuperar a devoção que lhes foi atribuída quando os novos ainda não existiam. Shadow é recrutado por Wednesday, para ajudar a reunir os deuses esquecidos, que vivem uma vida “humana”, e declarar guerra aos modernos.
Apesar de abordar diversas vertentes da mitologia, Gaiman deixa de fora dois panteões de deuses bem conhecidos, os Gregos e os Cristãos, apesar de existir apenas uma pequena referência com a presença da deusa Easter, que significa Páscoa em inglês. Os trocadilhos estão presentes do início ao fim do livro, então é bom prestar atenção e tentar adivinhar antes de ser revelado na história (confesso que não percebi).
Quando pensamos que não tinha como melhorar, Gaiman encerra o livro da maneira mais brilhante possível. Shadow finalmente consegue desvendar, de maneira surpreendente, o mistério introduzido no início da história. Ao finalmente encontrar o corpo de Alison McGovern, a trama segue por um caminho que eu não esperava, e revela o lado de um personagem, praticamente “esquecido”.
Por fim, nas três páginas finais, Shadow se encontra na Islândia. O rapaz está em um restaurante, quando é surpreendido por ninguém menos do que Odin. Não, não o Wednesday de antes, mas o verdadeiro Deus Nórdico. Quando acusado por Shadow, por ser o suposto vilão, o Deus responde
“Ele era eu, mas eu não sou ele”
Wednesday era Odin, mas a versão levada a América pela fé dos imigrantes, não o mesmo que vivia nos países Nórdicos e não o mesmo Odin levado a outros países pela fé de outros imigrantes.
A história se encaixa e se desenvolve de maneira tão sensacional que será levada as telas da televisão em 2017. Com um elenco de peso, composto por Ricky Whittle (da série The 100), como Shadow Moon; Ian McShane (de Piratas do Caribe e Game of Thrones), como Wednesday, Gillian Anderson (de Arquivo X), como Media, Emily Browning (de Desventuras em Série), como Laura Moon, Pablo Screiber (de Orange is The New Black), como Mad Sweeney, Crispin Glover (de De Volta Para o Futuro), como Sr World, e Jonathan Tucker (de O Massacre da Serra Elétrica), como Low-Key Liesmith.