Conheci Karin Slaughter através da parceria que temos com a HarperCollins Brasil. É provável que, sem a mesma, eu nunca tivesse ouvido falar da autora norte-americana. Essa é a terceira vez que Slaughter aparece aqui no Ler é Bom, Vai! Entretanto, a nota alta ficou, por enquanto, restrita ao primeiro livro da autora: Flores Partidas. Karin se consagrou através de uma leitura intensa, com um thriller psicológico de altíssima qualidade. Por ser meu estilo favorito de livro, muito me animei ao saber que mais uma obra chegaria as estantes. Após ter me decepcionado com Esposa Perfeita, tive a esperança que A Boa Filha pudesse tirar o estigma ruim que o livro anterior deixou. Contudo, ainda não foi dessa vez. A nova história não é ruim, mas está longe de atingir o potencial que sabemos que a autora tem.
Sinopse
Quando eram adolescentes, a vida tranquila de Charlotte e Samantha Quinn foi destruída por um terrível ataque em sua casa. Sua mãe foi assassinada. Seu pai um famoso advogado de defesa de Pikeville, Geórgia ficou arrasado. E a família foi dividida por anos, para além de qualquer conserto, consumida pelos segredos daquela noite terrível. Vinte e oito anos depois, Charlie seguiu os passos de Rusty, seu pai, e se tornou advogada, mas está determinada a ser diferente dele.
Quando outro caso de violência assombra Pikeville, Charlie acaba embarcando em um pesadelo que a obriga a olhar para trás e reviver o passado. Além de ser a primeira testemunha a chegar na cena, o caso também revela as memórias que ela passou tanto tempo tentando esconder. Agora, a verdade chocante sobre o crime que destruiu sua família há quase trinta anos não poderá mais permanecer enterrada e Charlotte precisa se reencontrar com Samantha, não apenas para lidar com o crime, mas também com o trauma vivido.
O Livro
A história de A Boa Filha gira em torno das irmãs Quinn. Charlotte e Samantha viviam juntas em Pikeville, uma pequena cidade localizada no estado da Geórgia. No final dos anos 80, início dos anos 90, elas eram obrigadas a carregar o peso da péssima fama de seu pai. Rusty se tornou conhecido na cidade por pegar casos considerados perdidos. Defender quem não “merece” ser defendido o rendeu diversos inimigos.
Conforme a vida seguia, as irmãs Quinn aprenderam a viver em meio a repressão e olhares tortos. O que elas não imaginavam, porém, era o quanto sua vida viraria de cabeça para baixo. A mãe das meninas, Gamma, é brutalmente assassinada em frente as filhas. Para piorar, enquanto fugiam dos assassinos, Sam leva um tiro na cabeça. A garota sobrevive, mas as cicatrizes que ficam permeariam por um bom tempo.
“Nada nunca desaparecia de verdade. O tempo apenas amortecia as dores”
A história avança 28 anos no futuro, em um tempo onde as irmãs não têm mais contato uma com a outra. Charlie se tornou advogada e ainda vive na mesma cidade que seu pai. Samantha por sua vez, resolveu tentar esquecer o passado na turbulenta cidade de Nova York. Embora enfrentem seus próprios problemas pessoais, uma nova tragédia obrigada as irmãs Quinn a se encontrarem novamente. Mesmo após tanto tempo, isso pode ser o que elas precisavam para enfim compreender o que aconteceu anos atrás.
O Que Achamos de A Boa Filha?
Quando tive a chance de ler a sinopse do livro, não perdi tempo. Comecei a história animada, ansiosa para saber o que enfim tinha acontecido no passado de Charlotte e Samantha. Logo reconheci os traços característicos de Karin Slaughter. Em A Boa Filha, ela repete o estilo de suspense que a consagrou. Detalhes minuciosos que pouco revelam, mas que com o tempo passam a fazer sentido para quem está lendo. As clássicas transições entre o presente e o passado também estão ali, criadas de forma confusa, mas estão ali. Tais idas e vindas tornaram, em minha opinião, a leitura arrastada.
Uma vez que traz uma capa misteriosa, sem muitos detalhes. A Boa Filha promete uma trama de suspense. Sinto lhe decepcionar se foi atrás disso que você foi ao adquirir o livro. Nessa nova história, a autora narra um drama familiar recheado de erros e mal entendidos, mas acima de tudo, recheado de segredos.
“O que um estuprador toma de uma mulher é o seu futuro. A pessoa que ela se tornaria, que deveria se tornar, desaparece. De certa forma, é pior que o assassinato, porque ele mata o potencial da pessoa, erradica aquela vida em potencial. Ainda sim, a mulher continua viva e respira e tem que descobrir outro jeito de prosperar”
Para desvendarmos o crime brutal do passado, é preciso que entendamos a vida de cada irmã. Muito foi jogado para baixo do tapete com o tempo, e só é possível tirar de lá com esforço. Confesso que durante a leitura me perdi muitas vezes. Não foram poucas as situações em que tive de voltar uma página e ler tudo novamente.
As personagens foram muito bem construídas. Elas são a chave da trama, bem como o relacionamento entre as duas. E embora seja uma história de ficção, Slaughter desenvolveu suas protagonistas de forma muito inteligente. Quem é A Boa filha do título? Só mesmo lendo para saber!