Quando falamos de Tartarugas Ninja: O Último Ronin, estamos nos referindo a uma obra que redefiniu os paradigmas das aventuras desses personagens tão queridos. Ambientado em um futuro sombrio, o título original trouxe uma narrativa visceral e melancólica, que apresentou Michelangelo como o último sobrevivente de sua família ninja. Nesse contexto, Tartarugas Ninja: O Último Ronin – Anos Perdidos chega para expandir esse universo, oferecendo aos leitores um prelúdio que busca aprofundar o arco emocional e físico dessa jornada de superação e vingança. Lançado no Brasil pela competente Pipoca & Nanquim, o volume reúne o retorno de Kevin Eastman ao lado de Tom Waltz e dos artistas SL Gallant e Maria Keane, garantindo o selo de qualidade que já é esperado da casa das Tartarugas Ninja no Brasil.
O enredo central de Anos Perdidos explora duas linhas temporais: o exílio de Michelangelo no Japão, onde ele busca redenção e força para o inevitável confronto final, e o presente, em que Casey Marie Jones assume o papel de mentora de uma nova geração de Tartarugas. Enquanto o primeiro arco mergulha nas cicatrizes emocionais de Michelangelo, mostrando-o lidando com a perda de seus irmãos, do Mestre Splinter e de Casey Jones, o segundo apresenta um mundo em transição, onde os legados ninja de April e Casey Marie são postos à prova para formar novos heróis.
O aspecto mais cativante da obra é, sem dúvida, a exploração psicológica de Michelangelo. É doloroso e ao mesmo tempo fascinante ver a transformação da tartaruga que, outrora, era o alívio cômico do grupo. O humor juvenil dá lugar a uma tristeza palpável, enquanto ele enfrenta a culpa e o peso da solidão. Ao longo das páginas, acompanhamos seu treinamento com um diferente mestre, enquanto ele constrói não apenas um corpo preparado para a batalha, mas também uma mente resiliente diante do caos. A narrativa aqui atinge picos emocionais raramente vistos em histórias das Tartarugas Ninja, colocando Michelangelo como um herói multifacetado, repleto de falhas, mas também de determinação.
Já o arco no presente, focado em Casey Marie e na nova geração de mutantes, apresenta um tom mais funcional do que impactante. Embora seja interessante ver Casey Marie se consolidando como a nova sensei e dando continuidade ao legado ninja, os novos personagens carecem de carisma. É difícil criar uma conexão com as jovens tartarugas, cujos nomes e personalidades passam despercebidos. Ainda assim, a presença de April e o treinamento meticuloso de Casey Marie são pontos que trazem frescor à narrativa, especialmente ao estabelecer uma nova ameaça que exige preparação e união.
Visualmente, Anos Perdidos mantém a excelência da franquia. Enquanto SL Gallant e Maria Keane retratam o exílio de Michelangelo com uma abordagem sombria e detalhista, Ben Bishop traz uma energia vibrante ao arco no presente, criando um contraste interessante entre as duas épocas. A transição entre os estilos artísticos reflete perfeitamente as nuances das histórias, contribuindo para a imersão do leitor.
- Ler é Bom, Vai! O Último Ronin, de Kevin Eastman e Peter Laird
- Paramount anuncia filme live-action de O Último Ronin
Apesar de não alcançar o impacto emocional e narrativo de O Último Ronin, Anos Perdidos é uma leitura indispensável para os fãs da franquia. Ele não apenas preenche lacunas importantes da trajetória de Michelangelo, mas também pavimenta o caminho para um futuro incerto, onde o legado ninja enfrenta novos desafios. É uma obra que honra a essência das Tartarugas Ninja enquanto expande seu universo com coragem e respeito aos fãs. Para quem se emocionou com O Último Ronin, este prelúdio é um convite a mergulhar ainda mais fundo nas camadas desse universo tão rico.