Ler é Bom, Vai! O Caso da Mansão Deboën, de Edgar Cantero

O Caso da Mansão Deboën é o primeiro título do escritor e cartunista espanhol Edgar Cantero lançado no Brasil. O livro pode ser definido como um encontro de Scooby-Doo com It – A Coisa, dosando com eficiência o bom humor e o terror clássico das obras de Stephen King.

A trama apresenta o Clube dos Detetives de Blyton, quatro adolescentes e um cachorro, que desvendaram um caso misterioso e assustador de um lago no ano de 1977. O grupo descobre que o caso não envolvia monstros assustadores ou espíritos malignos, mas um criminoso fantasiado. Anos se passaram e os quatro adolescentes se tornaram adultos, mas a investigação do lago da cidade de Blyton Hills continua a aterroriza-los.

Andy, Kerri, Nate e Peter lembram o Clube dos Otários de It – A Coisa. São adolescentes “estranhos”, que não figuram entre os mais populares da cidade. A curiosidade e o apreço pela aventura une o quarteto e o cão Sean.

Mesmo com o salto temporal e cada um ter seguido seu caminho, o passado continua preso a eles. Principalmente, Andy, uma mulher de personalidade forte, convencida de que precisam retornar ao local onde tiveram férias agitadas. E eles ganham uma nova companhia canina, Tim, bisneto do cão Sean. Mesmo não falando como Scooby-Doo, o cão se torna uma figura essencial para a história.

A narrativa de Edgar Cantero é instigante e nostálgica para quem viveu os anos 80 e 90, marcadas por clássicas histórias envolvendo detetives juvenis. Ele derrapa no final quando a história passa a se tornar um pouco previsível, mas o último capítulo reserva uma grande surpresa.

A força do livro estão nos personagens Andy, Kerri, Nate, Peter e Tim. Andy se destaca pela liderança e racionalidade. Intencional ou não, Cantero dá uma pequena alfinetada em Scooby-Doo, onde o líder era Fred, mas a cabeça pensante da equipe sempre foi Velma. Andy é uma mistura dos dois e fácil se torna a personagem favorita do leitor.

O Caso da Mansão Deboën foi uma boa aposta da editora Intrínseca. Apresenta ao leitor um autor ainda desconhecido, mas que demonstra nesse livro potencial com uma história de linguagem fácil e fluida nas 352 páginas.