Soco no estômago!
É assim que posso definir Noite em Caracas, romance de estreia da autora venezuelana Karina Sainz Borgo. Lançado no Brasil pela editora Intrínseca, o livro mistura fatos reais com personagens fictícios em uma narrativa que envolve a Guerra Civil na capital da Venezuela.
A história é bem direta, apresentando Adelaida Falcón, uma mulher que abruptamente se encontra perdida após a morte da mãe. Poucos dias após o funeral, sua casa é invadida por um grupo de mulheres pedindo socorro. Sua vizinha de confiança é encontrada morta. Enquanto isso, as ruas estão tomadas pela violência, caos e desordem. Ninguém está seguro e Adelaida precisa encontrar uma maneira de sobreviver.
Os capítulos se misturam entre o passado e presente de Adelaida, que carrega o mesmo nome da mãe. De forma intencional, a autora deixa a impressão de que Adelaida do passado passou pelos mesmos desafios que a filha no presente. A convivência com a mãe a deixou forte para encarar a Guerra Civil que toma conta da cidade. Por fim, é como se Adelaida fosse uma só mulher, ou uma extensão da outra.
Morando em Madrid desde 2006, Noite em Caracas é um apelo de Karina Sainz Borgo, que encara sem esperança os últimos acontecimentos de seu país natal. A história de Adelaida é uma ficção, mas a situação de Caracas no livro não foge muito do que está sendo mostrado na TV. Alguns vão encarar que a autora está de aproveitando do momento crítico da Venezuela para vender seu livro de estreia. Prefiro encarar como uma história emocional, contundente e crítica sobre uma mulher em ruínas após perder a mãe e, agora está perdendo suas raízes, seu lar.
