Ler é Bom, Vai! Love Kills, de Danilo Beyruth

Reprodução/Darkside Books

Com Samurai Shirô, Danilo Beyruth empregou nas páginas sua paixão por cultura japonesa, trazendo uma intensa história, sendo uma das melhores HQ’s nacionais de 2019. Agora, o autor revisita e explora com muita propriedade o mito dos vampiros, que se saturou nos últimos anos com as diversas adaptações no Cinema e TV. Mas nada é cansativo diante de um autor talentoso e capaz de revitalizar um gênero.

Love Kills apresenta um thriller urbano, que aproveita novamente o cenário paulista para uma história alucinante, graças ao ritmo frenético de Danilo. A trama apresenta Helena, uma vampira consolidada na grande São Paulo, que busca suas presas na incansável noite paulista. Quando ela se depara com uma gangue vampiresca atuando em seu território, descobre que os seres sobrenaturais estão à sua procura. No meio do embate, Helena cruza o caminho de Marcus, um rapaz comum que trabalha em um restaurante. O jovem é diferente de todos os humanos que Helena conheceu, não caindo no conhecido olhar de hipnose dos vampiros.

Do início ao fim, Danilo Beyruth confere homenagens para clássicas obras do gênero como Nosferatu, Entrevista Com o Vampiro e Drácula. Contudo, Danilo cria seu próprio estilo fazendo de São Paulo uma cidade que guarda muitos mistérios, assim como seus habitantes.

A grande São Paulo se torna um personagem a parte da narrativa. Em cada esquina há algo acontecendo e o autor trabalha com eficiência os diversos cenários da cidade, desde a parte nobre quanto a mais carente. Há uma importante discussão social da forma como os vampiros atuam e a forma como vivem, deveras semelhantes com a dos humanos. Uns tem muito e outros tem pouco.

Os traços da obra em preto e branco remete ao estilo mangá, com muitos detalhes nas expressões faciais dos personagens. Algumas páginas parecem pulsar da HQ. Nada passa despercebido na obra, fazendo o leitor voltar novamente às páginas para se atentar aos detalhes da arte e da história.

Os diálogos são um diferencial. A relação entre Helena e Marcus se torna deveras interessante. Felizmente, Beyruth não cai na tentação de formar um casal. Ele prefere abordar a relação entre uma imortal que carece de humanidade e um mortal vivendo um conflito existencial. Apesar de pertencerem a mundos diferentes, Helena e Marcus não vêem como estão conectados.

Ao final, Love Kills traz um novo frescor para o gênero vampiro. Apesar das 245 páginas, é uma leitura que passa rápido pelo ritmo que jamais deixa o leitor cansar. O final abre espaço para uma continuação da jornada de Helena e Marcus. Nós, leitores, torcemos para uma continuação.