Se você não conhece Jason Reynolds, chegou a hora de conhecer. A editora Intrínseca lançou Daqui pra Baixo, uma história intensa sobre desafios de um jovem negro em sobreviver na periferia americana.
O autor de 35 anos, negro, sobreviveu a estatística, e agora busca dar voz para esses jovens em suas histórias, que claramente tem inspirações em casos reais. Daqui pra Baixo acompanha Will, um jovem negro do subúrbio americano que convive com gangues, a violência, drogas e estatísticas de que poucos garotos de sua idade vão escapar de uma bala perdida ou de ser morto na beira da esquina. Afinal, ser negro na baixa sociedade é andar diariamente com um alvo na cabeça.
Porém, Will não imaginava que iria conviver tão de perto com a violência, quando já no primeiro capítulo do livro, descobrimos que seu irmão e mentor, Shawn, é assassinado. O jovem então se lembra das três regras obrigatórias que aprendeu com o irmão mais velho e, que todos são obrigados a seguir naquela comunidade. 1 – Não Chorar. 2 – Não Dedurar Alguém. 3 – Se Vingar Sempre.
Apesar da dor, Will não chora e não dedura, partindo para a terceira regra e achar o responsável pela morte do irmão. O garoto encontra a arma de Shawn e pega o elevador rumo ao seu alvo, disposto a se vingar. A partir daí, entre um andar e outro, 67 segundos separam Will da vingança. Para ele, estes segundos demoram uma eternidade e o jovem reflete sobre sua vida, reencontrando pessoas que ele perdeu no passado e encontrando respostas para aquele momento decisivo.
Jason Reynolds é habilidoso em contar uma história que se passa durante 67 segundos. Os capítulos são contados em tons de poesia, anotações e como letras de rap. Algumas páginas lembram trechos musicais de grandes nomes do gênero como Tupac, citado durante a narrativa. As páginas finais reservam momentos intensos, reflexivos e difícil de segurar as lágrimas.
Daqui pra Baixo é, com certeza, o melhor livro que recebemos neste ano. Um trabalho impecável de Jason Reynolds, que surge como um dos grandes autores da nova geração.
