A reimpressão de Blade: A Lâmina do Imortal pela Editora JBC é um verdadeiro presente para os amantes de mangá e uma oportunidade imperdível para aqueles que ainda não conhecem essa obra-prima de Hiroaki Samura. Originalmente publicado entre 1993 e 2012 no Japão, e trazido ao Brasil pela Conrad entre 2004 e 2007, o mangá encontrou nova vida nas mãos da JBC, que lançou uma edição concisa, compilando os 30 volumes originais em apenas 15, entre 2015 e 2018. Agora, com esta reimpressão, novos leitores podem mergulhar em um dos mais influentes mangás de samurai já criados.
No primeiro volume de Blade: A Lâmina do Imortal, somos apresentados a Manji, um samurai que carrega o peso da imortalidade. Salvaguardado pela misteriosa monja Yaobikuni, Manji possui vermes sagrados que o impedem de morrer, mesmo após as mais terríveis feridas. Contudo, a imortalidade não é um presente, mas sim uma maldição para Manji, que deseja nada mais do que a morte como redenção por seus atos passados. Seu único caminho para a liberdade é através de um acordo com Yaobikuni: matar mil criminosos malignos para expiar suas próprias transgressões. Essa busca por redenção através da morte de outros cria uma tensão moral palpável e uma exploração filosófica profunda sobre a vida, a morte e a justiça.
Samura magistralmente entrelaça ação e filosofia, proporcionando ao leitor não apenas cenas de batalha impressionantes, mas também questões morais e éticas que ressoam profundamente. Cada luta é coreografada com precisão quase cinematográfica, refletindo o talento incomparável de Samura para o detalhe. As páginas são um banquete visual, onde o contraste entre o preto e o branco é usado de forma excepcional para destacar a intensidade e a violência dos confrontos, enquanto as expressões faciais capturam a complexidade emocional dos personagens. Manji é um protagonista cativante precisamente por suas falhas e contradições, oferecendo uma jornada de autodescoberta e penitência que desafia o leitor a questionar suas próprias concepções de bem e mal.
A narrativa é enriquecida por um elenco de personagens secundários igualmente fascinante, cada um com suas próprias motivações e histórias de fundo que se entrelaçam com a de Manji. A jovem Rin, em busca de vingança pela morte de seus pais, torna-se uma figura central na vida de Manji, oferecendo uma dinâmica poderosa entre vingança e redenção. Sua relação evolui ao longo da série, trazendo nuances emocionais que aprofundam a narrativa e oferecem um contraponto às sequências de ação. Samura não se esquiva de retratar a brutalidade da época em que a história se passa, e essa autenticidade histórica confere uma camada extra de realismo ao mangá.
Blade: A Lâmina do Imortal é uma obra que transcende o gênero, sendo tanto uma exploração filosófica quanto uma epopeia de ação. É um mangá que desafia convenções e obriga o leitor a confrontar temas de moralidade, sacrifício e o verdadeiro custo da imortalidade. Com uma arte inigualável e uma narrativa profundamente envolvente, a reimpressão da JBC é uma celebração de um clássico que continua a impactar e inspirar novas gerações de leitores. Para os fãs do gênero e para aqueles que apreciam uma boa história bem contada, esta é uma leitura obrigatória que merece um lugar de destaque em qualquer coleção.