Lançada no Brasil pela editora Panini, Batman: Amaldiçoado inaugurou em 2018 o selo DC Black Label, histórias do universo DC voltadas para o público acima de 18 anos. A edição em capa dura reúne os três volumes da parceria entre Brian Azarello e Lee Bermejo.
Depois de muitas polêmicas no mercado estadunidense envolvendo o bat-pênis na primeira edição lá fora, a HQ traz uma história concisa, trabalhando com eficiência o lado psicológico do Homem-Morcego, que usa o capuz para esconder o trauma da morte dos pais. Embora seja uma temática batida de outras histórias, Batman: Amaldiçoado faz um estudo da mente fragmentada de Bruce Wayne.
Na trama, o Coringa está supostamente morto e Batman não sabe o que aconteceu. Ele começa a se questionar que o responsável pela morte do Palhaço do Crime foram suas mãos. Logo de início, somos surpreendidos com o narrador da história ser John Constantine, sendo interessante ver o ponto de vista do ocultista sobre a figura do Homem-Morcego. Para Consantine, Batman é uma figura doentia vista como herói, pois não há ninguém melhor em Gotham.
A narrativa se baseia no misticismo, trazendo outros importantes personagens da Liga da Justiça Sombria como Desafiador, Etrigan, Zatanna, Espectro e o Monstro do Pântano, além de John Constantine. O trabalho artístico está impecável, fazendo um bom uso da linguagem visual para as transições do que é real e ilusão.
Batman: Amaldiçoado deve dividir opiniões. Trata-se de um novo formato de histórias da DC, focando mais em questões existenciais, algo que o filme do Coringa decidiu fazer nas telonas. O leitor ficará se perguntando sobre o final em aberto. Há várias camadas ali. Fato é que Bruce Wayne precisa todos os dias enfrentar demônios internos. Embaixo do capuz há um ser humano tentando fechar uma ferida que jamais será fechada.