Os mato-grossenses Caio Ribeiro e Pahblo Smorcinski, ao lado de Mauricio Mota, Andrés Bazán e Kauê Daiprai desenvolveram junto à Pahca Games o livro RPG de mesa Célula Selvagem – Testamento da Terra.
No jogo, você assume o papel de um sobrevivente em um Ecoapocalipse desencadeado por S.A.R.A.H (Ser Artificial Restrito ao Aprendizado Humano), que se descontrola e submete o estado de Mato Grosso a dinastia da natureza. Utilizando sua alta tecnologia de bio-crescimento avançado, transforma a capital do Estado numa verdadeira ruína selvagem: cerrados desérticos, planícies alagadas e florestas densas tomam conta de tudo.
Por apenas R$24,90, a edição digital do livro RPG já está disponível para compra no site da Pahca Games.
Sobre Célula Selvagem
Em um futuro (distópico?) em que as atividades humanas aceleraram o aquecimento global, intensificando seus efeitos colaterais, como mudanças nos regimes das chuvas e períodos de seca mais longos e severos, surge uma tecnologia com capacidade de controlar o clima.
Essa é a premissa de Célula Selvagem: Testamento da Terra, um RPG de mesa, desenvolvido pela produtora independente Pahca Games, em que jogadores assumem o papel de sobreviventes em um ecoapocalipse desencadeado por S.A.R.A.H (Ser Artificial Restrito ao Aprendizado Humano).
Nesse universo fictício, Mato Grosso é o maior produtor de alimentos do mundo e para manter-se no topo, é o primeiro a investir na tecnologia Célula Selvagem, para gerenciar ciclos climáticos ao seu bel prazer.
Mas algo sai do controle e a natureza passa a imperar transformando a capital do Estado, Cuiabá, em uma ruína selvagem com paisagens desertificadas, planícies alagadas e florestas densas habitadas por animais geneticamente modificados, dotados de força e inteligência incomuns. É nesse ambiente que seres humanos tentam sobreviver – quantos dias conseguirem -, sob a vigília constante de S.A.R.A.H.
A história original foi concebida pela mente criativa do escritor e fã de RPG, Caio Ribeiro, que orquestrou toda equipe junto a seu parceiro criativo e outro entusiasta de RPG, Pahblo Smorcinski. Este assumiu a gerência de programação do jogo.
O livro Célula Selvagem: Testamento da Terra traz todos os manuais e regras, a história do jogo e a 1ª campanha. O projeto conta ainda com um aplicativo de gerenciamento de fichas para tornar a criação de personagens e atualização de dados mais eficaz. O app roda em celular e computador. Para acessar todos os conteúdos, acesse o site da PahcaGames.
A história que desencadeou no ecoapocalipse é contada a partir de fragmentos de jornais diários e relatórios reunidos por Marcus Madureira no chamado Testamento da Terra, um personagem da trama que o criou para que as gerações futuras soubessem como tudo começou. Foi o artista visual e designer Maurício Mota que trabalhou nisso, criando os layouts dos arquivos e logomarcas exclusivos.
DINASTIA DA NATUREZA
Para pensar todo o arcabouço de narrativas, Caio conta que realizou intensa pesquisa. “A Célula Selvagem é um satélite que fica na lua, enviando ondas para a Terra. S.A.R.A.H. operacionaliza tudo, mas as diretrizes de segurança PISSA (Programa Inteligente de Segurança de Ser Artificial) é quem regula suas iniciativas. Quando um cientista o desinstala para tentar dominar a poderosa tecnologia, S.A.R.A.H. interpreta como uma mensagem de que o ser humano é incapaz de viver em um ciclo ecológico e a raça humana precisa ser extinta e para começar, dá início a um gigantesco descontrole climático”.
É então que o ecoapocalipse é instaurado e seus efeitos se espalham por todo o país até alcançarem o mundo todo. Cuiabá é cenário do jogo. Um mapa no livro revela a cidade dividida em três cenários onde os biomas a dominaram: Cerrado – porém desertificado -, em alguns pontos vira planície alagada e em outros, a selva amazônica se sobrepõe. Cartões-postais da capital mato-grossense, como a Catedral Bom Jesus de Cuiabá e a Arena Pantanal, ressurgem totalmente alterados com o domínio da natureza.
Para idealizar o game, foi realizada uma pesquisa aprofundada sobre os biomas. “Incluindo sobre a sua diversidade, como sobre raízes comestíveis, plantas e frutas que podem ser usadas como remédio ou alimento pelos sobreviventes e dizem muito sobre este, que é um Estado da Amazônia Legal”.
REPRESENTATIVIDADE
O jogo também tem uma preocupação social com diretrizes como a equidade. “A personagem Caçadora-Coletora, por exemplo, confere representatividade às mulheres que são entusiastas do RPG e a vestimenta pensada pelo ilustrador Andrés Bazán reflete sua preocupação com bem-estar e proteção, na contramão da hipersexualização de personagens”.
Em um universo marcado pela presença de homens brancos e musculosos, também houve a disposição em apostar na diversidade. “Personagens afrodescendentes, um idoso e uma indígena também aparecem como sugestões na estética visual do jogo”, explica Andrés Bazán, responsável por ilustrar as funções.
No jogo, existem cinco funções disponíveis para criação dos personagens. Caçadora-Coletora é paciente e estável, responsável por caçar e coletar itens, enquanto a Rastreadora é silenciosa e furtiva, responsável por rastrear inimigos e informações. Batedora é a aventureira curiosa, responsável por explorar os lugares conhecendo rotas e pontos seguros.
Escambista é o carismático bon vivant que cuida das negociações, trocas e diálogos nem sempre diplomáticos. Neutralizadora lida com ameaças. Sua bravura protege o grupo de qualquer tipo de perigo. Socorristas dedicam suas vidas a ajudar e cuidar de seus companheiros, sendo os guardiões da saúde do grupo.
BIOMAS E BIODIVERSIDADE
Já os animais, como sucuris gigantes, a onça-dente-de-sabre e a gangue de macacos que amedrontam sobreviventes na região central de Cuiabá foram materializados pelo ilustrador Kauê Daiprai.
Ele usou software 3D para construir as paisagens da Cidade, para dar ponto de vista de leitura aos jogadores. “Como não conhecia Cuiabá, decidi fazer um mapa tridimensional da cidade e ir construindo os cenários das ilustrações baseados nessa blocagem 3D, para ser o mais fiel possível”.
Responsável pela curadoria científica, Pahblo – que também é estudante de biotecnologia – pensou as regras do jogo. “Pensei em como deixar esse mundo coeso e então, criei as regras. Claro que há soluções mais fantasiosas, afinal, se trata de uma obra de ficção. Mas tentamos, dentro do possível, criar um ambiente crível, extrapolando as tecnologias atuais”, explica.
Ele trabalhou ao lado de Guilherme Tchornei, o programador responsável pelo APP. “Estamos vivendo no futuro e o RPG acompanha este movimento. Antigamente as fichas de personagens eram feitas no papel, editadas a lápis. Pensamos no APP justamente para que seja mais portátil e prático de acessar. Com a ficha no celular ou no computador, não precisa de papel, caneta e nem de dados”, comenta Guilherme.