O pai do survival horror faz aniversário: 20 anos de Resident Evil

Tenho memórias bem frágeis quando se trata sobre Resident Evil porque era um moleque na época em que o game chegou aos consoles. Na verdade, não tinha nem mesmo nascido. E, com a situação econômica da época (as mudanças presidenciais na entrada do milênio) era difícil financeiramente adquirir um videogame, especialmente o PlayStation 1, sonho de todos.

Mas lá estavam, quando tinha 4 ou 5 anos, meus irmãos jogando Resident Evil 2.

De fato, é o título que mais recordo em minha infância. Depois vem o Resident Evil 3: Nemesis. Lembro de estar comendo pipoca ao lado dos meus dois irmãos mais velhos, ainda um pivete, e eles percorrendo o cenário com Leon e brigando para ver quem jogaria depois. Afinal, os clássicos da franquia não tinham vidas e, caso você morresse, continuava na última gravação, então parecia meio cronometrado quem jogava e quem ficava lendo o detonado. Sim, o jogo era difícil! Depois disso, lembro ainda de jogar o Resident Evil 3: Nemesis com meu irmão mais velho. Eu iria ler o detonado e ele jogava porque, francamente, estava borrando as calças.

Mais tarde, meu contato de jogar para valer veio mesmo com Resident Evil 4 em 2006. Tinha uma lan house perto da minha casa, quase numa esquina, em que o Fabiano (dono) cobrava R$ 2,00 a hora. Estava lá minha pessoa, todos os dias, sendo o único cliente e jogando a tarde inteira. Dois anos depois adquiri meu próprio PlayStation 2 e zerei Resident Evil 4 milhares de vezes, apresentando o jogo aos meus amigos e até meu sobrinho.

O que este relato tem a ver?

Hoje, dia 22 de março de 2016, a franquia Resident Evil completa seus 20 anos de idade. É inegável dizer a importância trazida a todos os gêneros, inovando primeiramente como survival horror. Se não fosse por RE, não teríamos tido clássicos como Galerians, Dino Crisis e até Alone in the Dark. Mais tarde, ainda sob supervisão de seu criador, Shinji Mikami, a franquia inovou de novo com RE 4. Aquela ação frenética com jogabilidade e gráficos superior para a época tornaram o game um clássico contemporâneo e o jogo da saga a receber mais ports para os consoles (RE4 foi praticamente lançado para todos os videogames existentes, até mesmo celulares) e deslanchou o personagem (Leon) e o chavão mais famoso da série: LEON, HELP! LEON, HELP!

Santa Ashley!

Resident Evil é um marco no mundo dos jogos. Um feito de valor imenso, podendo ser comparado a titãs como Metal Gear Solid (cuja inovação é mais para o lado cinematográfico) até clássicos como Mario. Embora a franquia tenha cometido suicídio criativo, tentando replicar seus jogos repetitivamente e reviver as glórias do passado, jogar os antigos ainda bate aquele sentimento bom. O gostinho da infância na tarde de domingo, comendo pipoca com os irmãos mais velhos e se borrando de medo quando um corvo quebrava a janela. Toda vez que está noite e falta luz, Resident Evil nos faz lembrar o icônico barulho de uma porta abrindo.

Resident Evil não somente deu vida a um gênero e estabeleceu o que é um jogo de verdade, mas também criou uma nação de fãs e jogadores eternamente gratos por todos aqueles sustos nas noites chuvosas.