Traição Entre Amigas
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Traição Entre Amigas tem boas intenções, mas seus discursos parecem ter ficado nos anos 2000

Traição Entre Amigas, filme de Bruno Barreto baseado no primeiro livro de Thalita Rebouças lançado em 2000, acompanha Penélope (Larissa Manoela) e Luiza (Giovanna Rispoli), melhores amigas desde a infância com personalidades completamente opostas, que mudam radicalmente os planos de suas vidas depois de um episódio que abala o relacionamento delas.

Penélope é atriz, maximalista, daquelas pessoas que realmente gostam de aparecer e exalam confiança, já sua melhor amiga é uma escritora e estudante de psicologia super reservada, que se esconde atrás dos casacos largos e tem certa dificuldades de se relacionar com o sexo oposto. Luiza vive com os pais, a coach Laura (Guenia Lemos) e Augusto (Otavio Linhares) – um casal com uma vida sexual ativa e pensamentos conservadores. Já Penélope mora com a mãe, Calu (Emanuelle Araújo), uma empresária do ramo de lingeries que é super mente aberta e apoiadora da filha.

Luiza é apaixonada por Vicente (Dan Ferreira), mas nunca teve nenhuma chance com o rapaz, que sempre dá um jeito de escapar das tentativas de conversa que ela inicia. Penélope sabe muito bem dos sentimentos da amiga, mesmo assim, bêbada durante sua festa de formatura, ela acaba ficando com Vicente. Depois disso, ele finalmente dá bola para Luiza e também fica com ela. Penélope não aguenta manter segredo da amiga e revela que ficou com sua paixão antes dela, o que é imperdoável para Luiza.

O filme não perde muito tempo remoendo esse episódio que estragou uma longa amizade e o ocorrido vira apenas um ponto de virada para separar as trajetórias das jovens mulheres, já que logo em seguida Penélope se muda para os Estados Unidos. Ela é impulsionada por uma ambição artística e tem o sonho de ser atriz na Broadway. Claro, as oportunidades são escassas, ainda mais para uma estrangeira, então ela precisa se virar trabalhando com outras profissões como depiladora e garçonete enquanto faz os testes de atuação e espera ser chamada para algum trabalho no teatro. Luiza, por sua vez, foge dos holofotes e foca na composição de músicas, então abre um canal todo misterioso no YouTube com a ajuda da amiga Emilia (Gabrielle Joie) para apresentar suas novas canções.

Não demora muito para que o romance entre na vida das duas novamente. Penélope conhece Yanna (Nathalia Garcia), uma garçonete também aspirante à atriz. Luiza começa um relacionamento com Gabriel (André Luiz Frambach), um médico que está fazendo residência em Curitiba – cidade na qual se passa essa história. O início do relacionamento de Penélope com Yanna tem um certo estranhamento, talvez por ser a primeira vez que ela fica com outra mulher e as duas mantém algo aberto, com Penélope ainda se encontrando com outras pessoas, principalmente com David (Cadu Libonati). Já Luiza mergulha de cabeça em seu novo namoro, rapidamente apresentando o namorado para os país e falando sobre a possibilidade de ter filhos. É com esses novos relacionamentos que problemas realmente relevantes chegam para as ex-amigas e temas como traições (de verdade), aborto, carreira e solidão são abordados.

Traição Entre Amigas coloca Larissa Manoela e Giovanna Rispoli, que começaram suas carreiras ainda crianças e são conhecidas por serem atrizes mirins, em papéis muito mais maduros do que estamos acostumados à vê-las interpretando – os fãs das atrizes podem esperar momentos mais “apimentados” e um bom trabalho de ambas. Ainda assim, esse é um filme que de alguma forma passa a sensação de ser adolescente demais pra ser adulto e adulto demais pra ser adolescente, muito por conta das personagens estarem nesse momento conturbado da vida de uma mulher, mas também por uma questão de roteiro, que tem alguns momentos pouco inspirados.

Falando em roteiro, ele foi escrito por Marcelo Saback em parceria com a própria Thalita Rebouças e é uma adaptação do livro homônimo lançado no ano 2000. Já se passaram 25 anos entre o material original e o lançamento do filme, tempo o suficiente para que muita coisa mudasse no mundo. A autora revelou que algumas questões foram atualizadas, entre elas o fato de Luiza virar YouTuber e não mais escrever em um Blog e Penélope teve um de seus relacionamentos heterossexuais trocado por um namoro com uma mulher. Porém, é possível notar que muitos momentos do filme incluem certas questões e comportamentos que não cabem mais nos dias de hoje.

Temas como dores do crescimento, amizades imperfeitas e traição são bastante universais. No início, o filme faz um bom trabalho em apresentar esses temas de forma bastante natural, mas ao mesmo tempo ousando em algumas das escolhas. Mas, conforme o filme vai seguindo e temas mais “pesados” vão chegando, parece que há um certo receio de escolher um caminho a ser seguido e a naturalidade inicial vai se perdendo.

Traição Entre Amigas é uma tentativa ousada de atualizar temas clássicos da juventude, passando por amizade, amadurecimento e muitas escolhas difíceis para um contexto contemporâneo, mas nem sempre encontra o equilíbrio ideal. Apesar das inconsistências de tom e de alguns conflitos que poderiam ser explorados com maior profundidade, o filme se beneficia da entrega emocional de Larissa Manoela e Giovanna Rispoli, que conferem humanidade às suas personagens em transição. No fim, o longa funciona como um retrato sensível, ainda que irregular, de duas jovens mulheres tentando descobrir quem são enquanto lidam com as consequências de seus erros. Imperfeito, porém sincero, ele reforça a ideia de que crescer e perdoar raramente é simples, mas quase sempre necessário.

Traição Entre Amigas chega aos cinemas no dia 11 de dezembro, com distribuição da Imagem Filmes. Nos dias 6 e 7 de dezembro haverá pré-estreias pagas em todo o circuito de cinemas.

2

Regular

Traição Entre Amigas trata de temas universais de amizade e amadurecimento, mas nem sempre consegue equilibrar seu tom. Apesar das boas interpretações de Larissa Manoela e Giovanna Rispoli, o roteiro por vezes hesita diante dos temas mais densos. O resultado é um filme envolvente, porém irregular, que acerta nas emoções, mas tropeça na profundidade.

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