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The Alto Knights: Máfia e Poder | Crítica

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The Alto Knights: Máfia e Poder, novo filme estrelado por Robert De Niro e dirigido pelo vencedor do Oscar Barry Levinson, chega aos cinemas em 20 de março. Baseado em uma história real de guerra de máfia, o filme acompanha a disputa pelo controle das ruas de Nova York por dois dos mais notórios chefes do crime organizado da cidade, Frank Costello e Vito Genovese, ambos interpretados por Robert De Niro.

Costello é o mafioso cavalheiro, um contrabandista e apostador com ligações ao Partido Democrata e um apartamento na cobertura no Waldorf Astoria de Nova York. É casado e feliz com sua esposa judia, Bobbie (Debra Messing). Vito, um antigo amigo de infância de Frank, é um cabeça quente retornando do exílio, deixando um rastro de cadáveres em seu território em Manhattan, que acaba envolvido em um caso de divórcio muito público e amargo com Anna (Kathrine Narducci), que também é uma pessoa exaltada.

Por um tempo, Frank e Vito eram quase como irmãos, embora o último sempre tivesse o temperamento mais quente, o que explica por que Vito, nascido na Sicília, fugiu do país para escapar de uma acusação de assassinato, entregando sua parte do negócio para Frank em sua ausência. Ele abertamente se ressente dos esforços de Frank para abandonar suas raízes, mas está mais bravo com seu velho amigo por não lhe dar uma fatia maior dos negócios quando ele retorna do exterior, governando a baixa Manhattan com sangue e balas.

O longa passou por um extenso processo de produção, que se iniciou ainda na década de 1970 e finalmente recebeu sinal verde em 2022.  A trama começa abruptamente em 1959, com uma execução malfeita no saguão do prédio de apartamentos de Frank em Nova York — uma cena tensa e eficaz. O resto da história é narrada de um futuro distante, pois Frank não está morto e pretende se vingar. A bala atinge milagrosamente seu couro cabeludo e se curva em torno de sua cabeça, e embora Frank reconheça o atirador como um dos capangas de Vito (Cosmo Jarvis), ele respeita o código e não conta nada à polícia.

Foi Vito quem quebrou uma das regras cardeais: nunca atacar outro chefe. Ainda que a vingança fosse esperada e apropriada por tal erro, Frank não tem interesse em aumentar a violência. Com um olho na aposentadoria, ele prefere cozinhar lentamente sua vingança — cujos resultados forçaram o governo e a imprensa dos EUA a reconhecer a existência da máfia como crime organizado por toda a nação.

The Alto Knights: Máfia e Poder abrange várias décadas e retrocede para explicar como um grupo de imigrantes amorais explorou a Lei Seca, que Frank descreve ironicamente como uma política que ninguém queria seguir e que as autoridades estavam relutantes em aplicar. Trabalhando para Charlie “Lucky” Luciano, eles começaram de baixo, mas trabalharam seu caminho até a Comissão, o nível mais alto da Cosa Nostra.

Em muitos dos filmes do gênero tão querido pelo público, incluindo sucessos como O Poderoso Chefão, Os Bons Companheiros e O Irlandês, os diretores reservaram um tempo para construir personagens e seus relacionamentos. Mas não é o caso aqui. O diretor Barry Levinson e e o roteirista Nicholas Pileggi (de Os Bons Companheiros) passam por cima dos anos de camaradagem de Frank e Vito, correndo por essas manchetes rápidas e chamativas, até chegar no momento atual da história, sem se aprofundar em praticamente nada. Obviamente há talento suficiente na frente e atrás da câmera para fazer um trabalho incrível, mas aqui eles erraram a mão.

Falando em talento… “Você é o ator! O melhor ator do mundo! Melhor que Clark Gable!” grita Anna Genovese para seu ex-cônjuge, o gangster Vito Genovese, em um tribunal onde ele alega que não tem fundos para sustentá-la. É engraçado, pois Robert De Niro é um dos melhores atores do mundo, reverenciado em nossa época como Gable foi na dele. Mas nem sua presença em dobro é suficiente para alavancar The Alto Knights: Máfia e Poder. Uma coisa é escalar um ator para interpretar irmãos, ou clones, mas De Niro interpreta dois homens diferentes que não são parentes. O papel duplo acaba se mostrando uma distração totalmente desnecessária. Ele demonstra uma performance tipicamente sólida e imponente como o chefão Frank, mas é um tanto quanto caricato quando surge na tela como Vito, com seu rosto repleto de próteses.

O que o filme acerta em cheio é no design de produção. Toda a história nos faz circular vigorosamente pelas várias eras, especialmente os anos 50: passando pela música, pelas roupas, pelos carros e pelos mínimos detalhes das casas onde Frank e sua esposa, Bobbie vivem. Esses elementos brilham.

The Alto Knights: Máfia e Poder chega aos cinemas em 20 de março, com distribuição da Warner Bros. Pictures Brasil.

2.5

Regular

Dirigido por Barry Levinson, escrito por Nicholas Pileggi e estrelado por Robert De Niro, The Alto Knights: Máfia e Poder prova que nem sempre uma equipe incrível resulta em um filme incrível. Com uma trama bastante didática e um grande ator escondido por trás de próteses, o filme baseado em uma história real de guerra de máfia não empolga.