Rosario.
Divulgação.
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Rosario, o verdadeiro terror está em perder seu tempo assistindo a este filme

A falta de expectativas é uma faca de dois gumes: pode surpreender ou decepcionar na mesma medida. Ao assistir ao terror dirigido por Felipe Vargas, a chance de sair surpreendido parecia grande — afinal, sem expectativa, não existe frustração, certo? Errado. Mesmo com esperanças quase nulas, ainda há espaço para sair completamente frustrado ao perceber que 1h28 da sua vida foi desperdiçada.

Filmes ruins existem e, mesmo assim, podem ensinar algo ou ao menos servir como distração. Mas casos como o de Rosario são diferentes: a jornada se torna frustrante pela história ilógica e completamente desconexa do gênero. Não é preciso ter um roteiro robusto ou altamente elaborado, mas é necessário um mínimo de coerência — exatamente o que falta aqui.

Acompanhamos Rosario (Emeraude Toubia), corretora de imóveis de Wall Street extremamente bem-sucedida — algo repetido pelo filme de forma nada sutil. Logo no início, quando enfrenta uma crise nas ações, basta virar o monitor, apertar duas teclas e tudo se resolve. Só essa cena já anuncia que os próximos 90 minutos serão assustadores, mas não pelo motivo certo.

Apesar da vida confortável, Rosario recebe um telefonema informando que sua avó materna faleceu repentinamente e que alguém precisa ficar com o corpo até a ambulância chegar. Mesmo assustada por memórias de infância, ela aceita a tarefa. Ao chegar à casa, encontra uma câmara secreta com artefatos ocultos ligados a rituais obscuros de gerações. Conforme fenômenos sobrenaturais surgem, Rosario precisa encarar os segredos da família e a verdade sobre seus sacrifícios.

Se faltou inspiração ou cuidado, não sei. Mas é fato que Felipe Vargas entregou um dos filmes de ocultismo mais sem graça dos últimos vinte anos. Nada desperta curiosidade, muito menos medo. As cenas — sejam espíritos ou tentativas de mostrar Rosario como uma milionária “humilde” — soam artificiais e mastigadas, como se o público fosse incapaz de compreender qualquer ideia mais abstrata. Não há desrespeito maior entre obra e espectador do que tratá-lo como incapaz.

As atuações poderiam ao menos compensar? Infelizmente não. O texto fraco somado à falta de carisma de Emeraude Toubia torna as cenas que deveriam ser emocionantes e assustadoras em momentos cômicos pela falta de lógica. Em vários trechos, a única pergunta que resta é: “qual o sentido disso?”. Aliás, prefiro ignorar o fato que um ator tão talentoso como David Dastmalchian esteja presente aqui.   

Rosario ainda tenta abordar o legado de uma família de imigrantes ilegais nos Estados Unidos, pauta relevante em 2025. Mas nem isso Vargas conseguiu tratar com cuidado, entregando uma representação que mais desmerece do que contribui para a luta dos imigrantes.

Se a família nos ensina algo, fica a lição que meu pai sempre repetiu — e que serve tanto para Rosario quanto para qualquer filme, de qualquer gênero: se for se comprometer a fazer algo, faça com dedicação e carinho. Caso contrário, era melhor nem ter começado.

Rosario já está em cartaz nos cinemas, com distribuição da Imagem Filmes.

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Muito ruim

Rosario se consolida como, provavelmente, o pior filme de terror de 2025.

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