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Quarteto Fantástico: Primeiros Passos | Crítica

Além dos quadrinhos, em circulação desde a década de 1960, filmes passados já contaram a história de origem do Quarteto Fantástico para o grande público. Então, em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, muito rapidamente aprendemos que o gênio da ciência Reed Richards (Pedro Pascal) liderou uma expedição espacial com sua esposa, Sue Storm (Vanessa Kirby), seu cunhado, Johnny (Joseph Quinn), pilotada por seu melhor amigo Ben Grimm (Ebon Moss-Bachrach). Quando seu foguete encontrou uma tempestade cósmica, ela alterou o DNA de todos eles e eles retornaram para a Terra com superpoderes (no caso de Ben, com um físico completamente diferente).

Reed ganhou membros elásticos e pode se esticar o quanto quiser. Sue se tornou capaz de se ficar invisível e pode gerar poderosos campos de força e explosões, enquanto seu irmão Johnny, também conhecido como Tocha Humana, passou a se envolver em chamas e voar. Por último, Ben ficou forte e grande como o Hulk, parecido com uma pedra, mas não passa de um gigante gentil com aqueles que não fazem o mal. 

Então, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos engrena sua trama com os heróis já sendo conhecidos como protetores da Terra muito queridos pela população. Além disso, Reed e Sue estão esperando um bebê!  O clima é de comemoração, até que a Surfista Prateada (Julia Garner) aparece nos céus e alerta os cidadãos da Terra de que o planeta está prestes a ser destruído por uma entidade cósmica chamada Galactus (Ralph Ineson).

A alegria da chegada de um filho fica em segundo plano quando eles são obrigados a deixarem seu lar, o edifício Baxter, em Nova York, para voltarem ao espaço e enfrentarem essa grande ameaça. Apesar da aproximação da data prevista para o parto de Sue, eles decidem que é melhor procurar o adversário do que esperar a destruição da Terra. Mas sua tentativa de negociar fracassa quando Galactus se oferece para poupar a Terra em troca do bebê que Sue está esperando.

Assim começa o dilema filosófico central do filme, que força a família a confrontar seus papéis como salvadores da humanidade enquanto o povo da Terra não aceita com bons olhos ter suas vidas colocadas em risco. O filme, dirigido por Matt Shakman, de WandaVision, tem um enredo bastante simplista, então não espere uma grande reviravolta. Como é a natureza dos super-heróis clássicos, o Quarteto Fantástico recebe a tarefa de resolver um enigma que parece impossível e então os acompanhamos tentando resolver esse enorme problema. É simples, mas divertido, mesmo que lhe falte um pouco da magia de alguns dos filmes mais antigos da Marvel – e certamente é a melhor produção do Quarteto fantástico já feita para o cinema.

Uma sacada muito boa foi a escolha do visual e da atmosfera retrofuturista que mistura elementos dos anos 50 e 60 com carros voadores e robôs ao estilo dos Jetsons. Até mesmo os elementos da história de origem são tratados em estilo vintage em um especial que celebra os quatro anos do Quarteto Fantástico, apresentado por Ted Gilbert (Mark Gatiss). Um trabalho muito bem feito de design de produção de Kasra Farahani e no figurino de Alexandra Byrne. O CGI tem altos e baixos, mas atrapalha no visual incrível do filme, ainda que em alguns momentos seja possível notar o quão falso é o bebê – aparentemente, bebês são extremamente difíceis de serem feitos dessa forma, já que tivemos uma grande cota de pequenas criaturinha estranhas no cinema. Todo o visual do filme ganha muita força com trilha sonora orquestral empolgante de Michael Giacchino.

Com o lançamento de Thunderbolts* em maio e agora de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos fica claro que a Marvel aprendeu lições valiosas com seus recentes fracassos de bilheteria e resolveu priorizar os relacionamentos entre os personagens, e no filme fica claro que a família é o que traz esperança e força. Além disso, eles entregam uma aventura pronta, sem fazer com que o público precise de conhecimento prévio de outras histórias e outros mundos para poder mergulhar na trama, já que esse filme se passa em um universo completamente novo dentro do multiverso. É um alívio assistir a um filme da Marvel sem precisar se lembrar de mais nada. 

O elenco está muito bem e tem uma boa química, mas é preciso destacar quão impressionante é o calor e sensibilidade que Ebon Moss-Bachrach injeta em seu personagem. Apesar de ser o único dos protagonistas escondido pela tecnologia de captura de movimentos, ele é o mais vulnerável e sensível do grupo, conseguindo transmitir muito através de seus olhos. Mas quem rouba as cenas é Vanessa Kirby como Sue, ela faz um discurso sobre família que é emocionante e ainda entrega muito, tanto como heroína, quanto como uma mulher que está grávida e lida com sua comunidade. A química dela com Pedro Pascal ajuda a fazer o relacionamento de Reed e Sue funcionar na tela, mas ela é excepcional por si só. Pascal interpreta Reed como um homem sobrecarregado por seu gênio analítico, condenado a imaginar o pior cenário possível em sua busca para proteger o mundo. Do elenco principal, o único que não chama tanto atenção é Joseph Quinn, que faz um Johnny um pouco sem graça em comparação com os anteriores.

Fique até o final, pois Quarteto Fantástico: Primeiros Passos tem duas cenas pós créditos, uma envolvendo o futuro do Universo Cinematográfico Marvel e a outra, uma homenagem.

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos chega aos cinemas em 24 de julho de 2025.

3.5

Muito bom

O diretor Matt Shakman soube aproveitar os elementos vintage que deram tão certo em WandaVision e fez um filme visualmente belíssimo. Com uma trama focada em seus personagens e um elenco bem escolhido, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é mais um acerto da Marvel após um período conturbado.