Com uma poderosa história filmada em uma favela do Rio de Janeiro, “Pacificado” fez história ao se tornar o primeiro filme brasileiro a ganhar a Concha de Ouro de Melhor Filme no Festival de San Sebastián.
O filme dirigido pelo americano Paxton Winters e produzido por seu compatriota Darren Aronofsky (“Requiem for a Dream”, “Black Swan”), foi o grande vencedor da noite para receber também os prêmios de melhor ator, para Bukassa Kabengele, e melhor fotografia, para Laura Merians.
Filme brasileiro ganha prêmio em San Sebastián
Um dos favoritos do júri liderado pelo diretor irlandês Neil Jordan, a longa mostra as lutas pelo poder dentro de um grupo criminoso em uma favela do Rio, mas esse conflito é um pretexto para humanizar a área deprimida, destacando as relações de seus habitantes.
O filme foi rodado no Morro dos Prazeres, onde vive o diretor Paxton Winters, que colaborou com seus habitantes na realização do filme, filmado em condições muito complicadas em meio a tiroteios e batidas da polícia.
De fato, ao aceitar o troféu Winters agradeceu aos moradores da favela “que me ensinaram o que é uma comunidade real e quem fez o filme para nós”.
“Decidi ser uma voz, a voz de tantos que não têm oportunidade”, disse Kabengele, em mensagem lida por sua parceira, Debora Nascimento, na gala de encerramento no Kursaal, o emblemático palácio de San Sebastián.
Kabengele, nascido na Bélgica e naturalizado brasileiro, interpreta Jaca, ex-chefe de zona que, após 14 anos de prisão, retorna a uma favela “pacificada” pela polícia por ocasião dos Jogos Olímpicos de 2016. Ele encontra um equilíbrio precário e perigoso ao reconstruir a relação com sua filha Tati, de 13 anos, interpretada por Cassia Gil, que mora na favela.
A “Pacificado” competiu na Secção Oficial contra 15 outras produções, entre elas a mexicana “Mano de obra”, a chilena “Vendrá la muerte y tendrá tus ojos”, a americana “Blackbird” e a portuguesa “Patrick”.
Espanha também levou prêmios
A Espanha teve uma boa noite, com o prêmio de melhor diretor entregue aos cineastas bascos Aitor Arregi, José Mari Goenaga e Jon Garaño, por “La trinchera infinita”.
Os diretores, que trabalham juntos há 20 anos, assinaram este filme sobre um camponês andaluz de esquerda, Higinio (Antonio de la Torre), que se esconde em sua casa há mais de 30 anos para escapar da repressão da ditadura de Franco.
O prêmio de melhor atriz foi entregue à espanhola Greta Fernández pelo seu papel no filme “La hija de un ladrón” (A filha de um ladrão), longa de estreia de Belén Funes.
Fernández é Sara, uma jovem mulher com um filho pequeno e a cargo de seu irmão, numa Barcelona longe do glamour e do turismo, que manterá uma relação muito difícil com seu pai, recentemente libertado da prisão, interpretado por seu pai na vida real, o ator Eduard Fernández.
Greta Fernández dividiu o prêmio de melhor atriz com a alemã Nina Hoss, que em “Das Vorspiel” (Ina Weisse) é uma fria professora de violino cuja vida pessoal se torna caótica.
Este ano, o júri atribuiu o seu prêmio especial à francesa “Próxima”, dirigida por Alice Winocour e protagonizada por Eva Green, que interpreta um astronauta que se prepara para sair para o espaço e tem de lidar primeiro com a separação da sua jovem filha.
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