Pacto de Redenção | Crítica

Em uma história promissora, mas sem brilho, Pacto de Redenção marca o surpreendente retorno de Michael Keaton à direção.

O que mais me atrai em filmes como Pacto de Redenção é a capacidade de abordar problemas reais em personagens que desempenham tarefas fora do comum. É interessante colocar limitações físicas ou mentais no indivíduo da trama e, principalmente, explorar como ele supera esses desafios, especialmente quando o protagonista é um assassino de aluguel.

Aqui, acompanhamos John Knox (Michael Keaton), um exímio matador de aluguel que começa a sofrer de uma demência rara, semelhante ao Alzheimer, mas muito mais avançada. Ao descobrir que tem apenas semanas, ou dias, de lucidez, Knox decide que chegou a hora de se aposentar. No entanto, ao cometer um erro grave em seu último serviço, ele se vê sem saída, percebendo que sua vida está prestes a virar de cabeça para baixo.

O que já parecia ruim pode piorar ainda mais. Após uma visita inesperada de seu filho Miles (James Marsden), pedindo ajuda para resolver uma situação criminal envolvendo sua filha adolescente, Knox se vê correndo contra o tempo para realizar um último ato nobre antes de partir.

A ideia central do filme é mostrar o quão doloroso é perceber que estamos nos despedindo, especialmente quando o assunto são nossas memórias. Pacto de Redenção tinha tudo para ser um filme fora da curva, capaz de explorar a solidão de um homem que escolheu uma vida reclusa, mas que ainda tem uma última missão nobre: ajudar seus entes queridos. Contudo, embora tenha bons momentos, parece que a história não deseja ir além do superficial, entregando apenas o necessário, sem ousar.

Em várias cenas, o filme mostra sagacidade ao retratar os problemas que uma doença mental pode causar na vida de um assassino de aluguel. Este é o ponto forte da trama, pois os apagões e devaneios de Knox aumentam o senso de urgência, já elevado, à medida que a demência toma conta de sua mente. Como um assassino de aluguel lida com essas questões? Em uma profissão que exige extremo cuidado e precisão, como ele enfrentará esses obstáculos? Essas e outras perguntas surgem ao longo do filme, mas nem todas são respondidas de forma satisfatória.

O maior problema da história está na dificuldade de retratar sentimentos mais profundos do personagem de Keaton. Muito é dito sobre sua solidão e distanciamento emocional, mas nada disso é bem transmitido na tela. Os momentos que deveriam mostrar esses aspectos são breves demais ou dividem o foco com outros personagens, diluindo a sensação de isolamento que Knox deveria passar. Até mesmo os devaneios mentais poderiam ter sido mais bem elaborados para aumentar a sensação de confusão e desorientação, tanto para o personagem quanto para o público.

Ainda assim, Pacto de Redenção tem um roteiro que oferece momentos satisfatórios, principalmente ao se aproximar do clímax. Gregory Poirier, encarregado de escrever o filme, claramente se inspirou em outras obras do gênero e tentou adicionar um clima noir, buscando uma estética mais clássica e autêntica.

A direção de Michael Keaton é competente, mas talvez lhe falte personalidade. Embora o filme hesite em ser mais do que poderia, a melhor escolha do diretor foi apostar em sua própria atuação, transmitindo elegância e autoridade nas cenas principais. É perceptível que Keaton está melhorando com o tempo, como visto em seus ótimos trabalhos recentes em Spotlight: Segredos Revelados e Homem-Aranha: De Volta ao Lar. Assim, é quase inevitável que sua trajetória por trás das câmeras se torne cada vez mais autêntica e empolgante, assim como suas performances como ator.

Pacto de Redenção chega aos cinemas brasileiros em 26 de setembro de 2024, com distribuição da Diamond Films.

3

Bom

Com uma premissa interessante, mas mal aproveitada, Pacto de Redenção mostra o potencial de Michael Keaton na direção.