Oppenheimer, o mais novo filme de Christopher Nolan | Crítica

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Muito antes de chegar aos cinemas, Oppenheimer já carregava a responsabilidade de ser o mais novo lançamento de Christopher Nolan. Neste século, o diretor recebeu mais de 15 indicações ao Oscar por suas produções, com atores e atrizes saindo vitoriosos por muitas delas.

Oppenheimer foi um projeto pessoal de Nolan e isso talvez explique a qualidade da produção, que em minha humilde opinião pessoal, foi a que mais impactou. Não é fácil falar de alguém, cuja reputação não é das melhores. Não é fácil falar de alguém que criou a arma responsável pela morte de mais de 100 mil pessoas. Nolan conseguiu, com maestria.

É provável que Oppenheimer tenha sido o filme de mais importância na carreira de Nolan, quando pensamos em seu significado para o “mundo real”. Hoje vivemos em uma tensão eminente, um medo constante de uma 3ª Guerra Mundial entre as principais potências mundiais. Todas elas, sem exceção, possuem um poderio bélico nuclear desenvolvido pela primeira vez anos antes, pelas mãos de Robert Oppenheimer.

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A história de Oppenheimer

É importante entender a história para que não cometamos os mesmos erros do passado e o novo lançamento de Christopher Nolan é, acima de tudo, uma maravilhosa aula de história.

Em longas três horas de duração, que passam relativamente rápido apesar de tudo, Cillian Murphy entrega o papel de sua carreira, o protagonismo há muito esperado por ele e que agora se fez valer. Murphy dá vida a um homem genial e insaciável de seu tempo, cuja ambição muitas vezes pode ser confundida com egocentrismo e egoísmo.

O cineasta encontrou em seu filme uma forma de evidenciar muito além do trabalho que deu a Oppenheimer o apelido de Pai da Bomba Atômica. Entender as nuances do homem por trás do gênio é fundamental para captar sua verdadeira essência, presente em seu vício por sexo, sua paixão não correspondida por Jean Tatlock (Florence Pugh), sua fixação por um mundo que só ele enxerga e entende e seus relacionamentos criados ao longo da vida.

O elenco

Nolan protege os seus e gosta de trazê-los para junto de si sempre que possível. A “rotação de elenco”, como foi descrita por Matt Damon, deixa claro a preferência do cineasta por conhecidos e Oppenheimer reforça isso. Jennifer Lame trabalhou com o diretor em Tenet e retorna para o novo filme com uma edição impecável, que atribui um ar poético a um cenário de guerra, mortes e ameaças políticas.

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A bomba atômica criada por Oppenheimer não apenas inspirou o desenvolvimento de armas nucleares ainda mais poderosas, como também resultou na morte de milhares de pessoas. Entender seu impacto na vida do personagem de Cillian Murphy, reflete nos momentos finais do filme, quando o país se volta contra Robert pela arma que ele mesmo ajudou a criar.

Embora o mérito precise ser atribuído a Nolan, boa parte do sucesso magistral de Oppenheimer está em seu elenco. Murphy se esforça para entregar um personagem aplaudido pelo público, mas odiado em seu âmago. Funciona e até mesmo os grandes fãs do ator de Peaky Blinders não simpatizarão com a história de Robert.

Matt Damon faz sua promessa a esposa valer a pena e traz uma versão de Leslie Groves em cima do muro de excelente qualidade. Ele atua como amigo de Oppenheimer ao mesmo tempo em que o coloca na berlinda quando o calo aperta diante de seus superiores.

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Emily Blunt, que vive a esposa de Robert, entrega um de seus maiores e melhores papéis. Apesar da mulher traída pelo marido, ela é a âncora que fica ao seu lado desde o primeiro momento, quando o mundo o idolatrava, até os últimos dias, quando Oppenheimer foi dado como grande vilão.

É impossível falar de Oppenheimer e não mencionar o magistral trabalho de Robert Downey Jr. no longa. Como Lewis Strauss, o ator deixa claro ter deixado o mundo dos heróis no passado, incorporando o lobo em pele de cordeiro e sendo um dos grandes antagonistas do filme, se é que podemos falar assim.

Por fim, a trilha sonora de Ludwig Göransson é a cereja do bolo do espetáculo de Christopher Nolan. Nos momentos de tensão, a ausência de música cria o silêncio absoluto que deixa o público ansioso, enquanto o aumento da melodia transporta quem assiste para momentos de euforia, explosões ou uma simples conversa com Albert Einstein.

5

EXCELENTE

Cillian Murphy entrega o papel de sua carreira, o protagonismo há muito esperado por ele e que agora se fez valer. Murphy dá vida a um homem genial e insaciável de seu tempo, cuja ambição muitas vezes pode ser confundida com egocentrismo e egoísmo.