Natal Sangrento começa com Billy (Logan Sawyer), ainda criança, visitando seu avô no asilo onde ele mora. É Natal, e seus pais estão se comportando mal, enquanto um homem estranho observa das sombras. Ao saírem do asilo, eles se deparam com um homem vestido de Papai Noel em uma estrada deserta, que mata os pais de Billy bem na frente dele, de forma semelhante ao que acontece no filme original de 1984. Depois disso, felizmente o filme de Mike P. Nelson (Pânico na Floresta: A Fundação) segue seu próprio caminho e não tenta recriar os acontecimentos do filme original.
Durante os acontecimentos do fatídico Natal, o garoto ganha uma voz na cabeça chamada Charlie (Mark Acheson). Agora adulto, Billy (Rohan Campbell) conta com a ajuda de Charlie para o ajudar em seu trabalho como assassino. A voz em sua cabeça, que soa muito como Venom, fica dizendo em quem ele deve se concentrar. Em vez de simplesmente ser afetado pelo que o Papai Noel assassino fez aos seus pais, há indícios de que pode haver alguma ligação sobrenatural entre eles. Fica claro desde o início que Billy é desequilibrado, afinal, ele tem um machado, uma coleção de fantasias de Papai Noel e um calendário do advento de matanças. Ele viaja de cidade em cidade procurando as pessoas que se comportaram mal, bem ao estilo Dexter, para finalizar seu calendário de 24 mortes até o Natal.
Ao chegar em uma nova cidadezinha, a pequena e pouco povoada Hackett, Wisconsin, ele consegue um emprego em uma loja local de produtos natalinos apenas alguns dias antes do Natal. Sua nova colega de trabalho, Pam (Ruby Modine), também é uma alma atormentada, com problemas de raiva que a levam a reagir violentamente. Inicialmente planejando apenas passar pela pequena cidade a caminho de sua próxima vítima, o nômade Billy logo se apaixona por Pam, ignorando os avisos de Charlie de que seu novo trabalho e o relacionamento com Pam estão o afastando de seu real objetivo, que é matar. O encontro romântico na pequena cidade e a estadia de Billy na pousada local evocam o aconchego desses filmes natalinos descomplicados estilo Hallmark, o que dá um toque de humor bem vindo.
A narrativa faz uma contagem regressiva para o Natal com a voz de Charlie decidindo quem será o próximo alvo, com seus nomes surgindo como títulos antes do início da matança. Então, vemos membros decepados, cabeças rachadas e eviscerações. Essas cenas são banhadas em vermelho enquanto o Papai Noel Billy segue com sua onda de terror. Com muito sangue e tripas, mas pouca violência realmente gráfica, Mike P. Nelson frequentemente corta as cenas no exato momento em que o machado de Billy acerta o alvo, fazendo com que Natal Sangrento seja um filme com muito menos cenas nojentas do que Terrifier – longa dos mesmos produtores. Ainda assim, os assassinatos são surpreendentemente engraçados em alguns momentos. Principalmente porque Billy é um assassino com princípios, que acredita que suas vítimas merecem a honra de um toque mais pessoal, como instrumentos afiados ou contundentes para uma morte sangrenta.
Enquanto o Billy original era perturbador, esta versão é muito mais complexa, graças à atuação convincente de Rohan Campbell. Ele é assustador, gentil e conflituoso ao mesmo tempo. O filme apresenta algumas cenas memoráveis, incluindo uma sequência marcante em que Billy se transforma em um mestre do massacre ao entrar em uma sala cheia de pessoas vestidas de Papai Noel. No entanto, o filme justifica repetidamente cada morte pintando as vítimas como “merecedoras”, o que leva o público a torcer por Billy. Romantização de um assassino? Talvez. Ou talvez Billy seja mais como um justiceiro e menos como um assassino insano. Neste filme, torcer pelo assassino é completamente justificável e, de muitas maneiras, pode ser catártico.
Embora não reinvente a roda do gênero de terror natalino, Natal Sangrento atualiza seu conceito com um toque de diversão e ferocidade, provando ser um remake que respeita o espírito original sem se prender a ele. Não dá pra dizer que é um filme realmente bom, mas certamente é um que fará com que os fãs do gênero se divirtam.
Natal Sangrento estreia nacionalmente em 11 de dezembro, com distribuição da Diamond Films.
Bom
Natal Sangrento atualiza o clássico com uma combinação inusitada de brutalidade estilizada e humor sombrio, criando um protagonista mais complexo e quase simpático. Embora o filme flerte perigosamente com a romantização de um assassino, sua estética, ritmo e a atuação de Rohan Campbell elevam a experiência. No fim, não reinventa o gênero, mas entrega um terror natalino surpreendentemente envolvente e cheio de personalidade.