Na Prateleira | Quase seis anos depois de sua estreia, Drive continua sendo uma obra inesquecível

Existem produções que são inesquecíveis no cinema. Drive é o tipo de filme que se enquadra. Lançado em 2011 nos EUA, o filme dirigido por Nicolas Winding Refn foi aplaudido de pé no Festival de Cannes e levou o prêmio de melhor direção. 

O filme homenageia os filmes de ação dos anos 70, 80, mas diferencia por apresentar mais conteúdo e caprichar no visual. Além disso, o versátil Ryan Gosling interpreta o herói comum de poucas palavras, não tendo aquele jeitão brucutu de atores como por exemplo, Steve McQueen, que serviu de inspiração para o personagem.

Na trama, Gosling vive um sujeito pacato que trabalha como mecânico e dublê em filmes de ação em Hollywood, enquanto que à noite faz bicos como motorista para assaltantes. Porém, nesse serviço nada convencional ele possui um código de conduta de não se envolver com os bandidos, não portar arma, apenas dirigir. O motorista acaba desenvolvendo uma relação próxima com a bela vizinha Irene (Carey Mulligan) e o filho dela, mas a relação é abalada quando o marido preso (Oscar Isaac) é solto e retorna ao lar.  Ao descobrir que está sendo procurado pela máfia, o ex-detento recorre à ajuda do motorista para um serviço que pode limpar sua barra e, com isso, proteger Irene e o menino.

Baseado no livro homônimo de James Sallis, Drive é repleto de simbologia como a do escorpião na jaqueta do motorista. A jaqueta é usada em seus serviços perigosos. Ele acaba servindo como um traje de um anti-herói como a caveira do Justiceiro. O filme traz uma referência à conhecida fábula do Sapo e do Escorpião, que conta a história de um sapo que aceita ajudar a um escorpião a atravessar um rio mas, no caminho, ele é picado pelo ferrão do escorpião, que diz ao sapo que ele não pode fugir de sua própria natureza. Em Drive, o motorista é inofensivo como o sapo e descobre a natureza do escorpião quando se envolve com os bandidos. Seu lado destrutivo/ violento é revelado e a jaqueta do escorpião se torna um personagem a mais. Em uma determinada cena quando a câmera focaliza nas costas do motorista, o escorpião parece estar se movendo. É a transformação do sujeito comum perante o ambiente hostil que se encontra.

A trilha sonora de Cliff Martinez é simplesmente inesquecível e, sem dúvidas, um dos melhores trabalhos de 2011. As canções Nightcall e A Real Hero são marcantes e conseguem retratar com eficiência o universo do filme e seus personagens.

O filme ainda conta com as fortes presenças de Bryan Cranston, Albert Brooks, Ron Perlman e Christina Hendricks. A sequência final com o vilão interpretado por Brooks é sensacional.

Quase seis anos depois de seu lançamento, Drive continua sendo uma obra impecável. Daqueles filmes que sempre vão trazer algo de novo e enriquecedor. A construção da narrativa e de seus personagens é algo que pouco se vê no cinema atual.

Drive se encontra disponível em DVD e Blu-ray.

“Um ser humano real e um herói de verdade”. (A Real Hero)