Mauricio de Sousa – O Filme emociona e inspira
Divulgação/IURY SENCK
Mauricio de Sousa – O Filme emociona e inspira
Divulgação/IURY SENCK

Mauricio de Sousa – O Filme emociona e inspira

Poucos artistas no Brasil tiveram um impacto cultural tão vasto e duradouro quanto Mauricio de Sousa, e agora, prestes a completar 90 anos, sua trajetória finalmente ganha vida nas telonas. Mauricio de Sousa – O Filme é uma celebração de sonhos, conquistas e desafios que moldaram a carreira de um dos maiores nomes dos quadrinhos mundiais. A produção conta com um detalhe emocionante: o próprio filho do artista, Mauro Sousa, interpreta o pai, trazendo uma camada extra de autenticidade e afeto à narrativa.

Mauricio de Sousa – O Filme emociona e inspira

O longa começa em Mogi das Cruzes, onde o pequeno Mauricio, vivido com ternura por Diego Laumar, descobre o fascínio pela leitura graças à influência da avó, a inesquecível Vó Dita, interpretada magistralmente por Elizabeth Savalla. Essa relação afetuosa mostra não apenas o nascimento de uma paixão pelos livros e pelas histórias, mas também o alicerce de um futuro marcado pela resiliência. O filme não esconde as dificuldades da juventude do cartunista, revelando que o caminho para viver de quadrinhos no Brasil era árduo, muitas vezes visto como inviável. Essa escolha narrativa humaniza o mito e mostra que, antes de se tornar ícone, Mauricio foi apenas um garoto sonhador com lápis e papel.

A força do filme está em entrelaçar vida e arte. Emílio Orciollo Neto e Natália Lage dão vida a Tonico e Nila, pais de Mauricio, enquanto Thati Lopes encarna Marilene, sua primeira esposa, testemunha silenciosa da ascensão do artista. Nesse ponto, o roteiro costura de forma delicada como as pessoas próximas a Mauricio influenciaram diretamente na criação de seus personagens. O exemplo mais emblemático é Bidu, inspirado no cão de infância Cuíca, que estreou em 1959 ao lado de Franjinha na Folha da Tarde. Há ainda referências sutis a figuras que moldaram sua galeria de personagens icônicos, como Horácio, reflexo do próprio criador, e as adoradas Mônica e Magali, baseadas em suas filhas.

Dirigido por Pedro Vasconcelos, o longa possui uma estética inventiva que aproxima a narrativa da linguagem das HQs. A câmera, muitas vezes estática, simula os quadros de uma página, e as transições lembram a cadência das tirinhas que popularizaram o autor. Essa escolha estilística é um dos maiores acertos do filme, pois não apenas presta homenagem ao universo visual de Mauricio de Sousa, mas também gera uma atmosfera de nostalgia irresistível para quem cresceu folheando gibis da Turma da Mônica. Cada sequência dedicada ao nascimento de um personagem é construída como um verdadeiro ode à imaginação.

Assumir o papel do próprio pai poderia soar como um exercício de imitação forçada, mas Mauro Sousa surpreende pela sutileza. Ele não faz uma caricatura: reproduz pequenos trejeitos, tons de voz e, principalmente, o brilho nos olhos que marcaram a juventude de Mauricio. Esse olhar esperançoso, aliado ao sorriso que parece sempre prestes a surgir, cria um retrato íntimo e emocionante. Há uma verdade nessa interpretação que nenhuma atuação externa poderia transmitir, e isso confere ao filme uma aura especial, quase documental.

Mauricio de Sousa – O Filme não é uma cinebiografia ousada ou arriscada em termos narrativos. Pelo contrário, aposta na simplicidade e no tom afetivo para construir um retrato simpático, leve e acessível. O que poderia ser um defeito se transforma em qualidade, já que a intenção aqui não é reinventar a linguagem do gênero, mas sim prestar homenagem a um dos maiores nomes da cultura brasileira. Para fãs de longa data ou para aqueles que conheceram a Turma da Mônica nas bancas, a experiência é carregada de nostalgia, ternura e orgulho de ver a história do artista finalmente reconhecida no cinema.

Uma produção da Focus Films e da Boa Ideia Entretenimento, com coprodução e distribuição da Disney e colaboração da MSP Estúdios, o longa chega aos cinemas em 23 de outubro.

3

BOM

Para fãs de longa data ou para aqueles que conheceram a Turma da Mônica nas bancas, a experiência é carregada de nostalgia, ternura e orgulho de ver a história do artista finalmente reconhecida no cinema.

Conteúdo relacionado

Críticas

Mais lidas