Lobos | Crítica

Filme se sustenta na presença carismática de George Clooney e Brad Pitt

Lobos (Wolfs) marca o retorno aguardado da dupla George Clooney e Brad Pitt, que conquistou o público na trilogia Ocean’s Eleven, trazendo de volta a química inegável que ambos compartilham em tela. Dirigido por Jon Watts, conhecido por sua visão na trilogia Homem-Aranha do MCU, o longa original da Apple TV+ trouxe consigo a ambição de ser um grande sucesso de bilheteria. O orçamento de 100 milhões de dólares, o elenco de peso e a proposta de alcançar as salas de cinema deixavam claro o desejo de criar um blockbuster. No entanto, após o fracasso de Argylle, a Apple optou por uma distribuição limitada, deixando Lobos em cartaz nos Estados Unidos por apenas uma semana antes de sua estreia hoje na plataforma de streaming.

Lobos | Crítica

Desde o início, Lobos evoca o espírito dos filmes de ação e comédia dos anos 80 e 90, onde duas personalidades divergentes são forçadas a trabalhar juntas, enquanto resolvem suas diferenças ao longo do caminho. Watts, que além da direção também assina o roteiro, soube capitalizar a química entre Clooney e Pitt para construir um filme divertido, mas que, infelizmente, não consegue escapar de clichês recorrentes no gênero. O primeiro ato é dinâmico e envolvente, mantendo o espectador atento, mas a narrativa tropeça na segunda metade, se perdendo em fórmulas previsíveis que reduzem o impacto do clímax.

No filme, Clooney interpreta um agente veterano, especializado em encobrir crimes com perfeição, enquanto Pitt assume o papel de outro agente igualmente habilidoso, mas com uma abordagem mais impulsiva e desajeitada. Os dois “lobos solitários” são forçados a trabalhar juntos em uma missão que rapidamente sai de controle, levando-os a situações que desafiam tanto suas habilidades quanto suas personalidades. Essa dualidade entre os protagonistas oferece um espetáculo de carisma e boas doses de humor, especialmente nas cenas em que a rivalidade inicial dá lugar a uma parceria hesitante.

A temática dos “cleaners”, ou limpadores de cenas de crime, traz à mente filmes icônicos como Pulp Fiction, onde Harvey Keitel imortalizou o conceito com o personagem Winston Wolfe. Lobos tenta resgatar essa nostalgia, mas num contexto contemporâneo onde esse tipo de narrativa enfrenta desafios para conquistar grandes bilheterias. Embora o filme carregue em si a essência dos clássicos, ele luta para encontrar relevância em um cenário dominado por blockbusters cada vez mais dependentes de efeitos visuais grandiosos e franquias já estabelecidas. Ainda assim, é refrescante ver um filme que aposta no diálogo afiado e na construção de personagens.

O que sustenta Lobos do início ao fim é, sem dúvida, a presença carismática de Clooney e Pitt. Suas piadas, trocas de olhares e interações são, em grande parte, o que mantém o filme em movimento, mesmo quando o roteiro vacila. No entanto, nem todas as piadas acertam o alvo, e algumas sequências de ação parecem menos inovadoras do que poderiam ser. Ainda assim, a sensação de ver esses dois astros em cena juntos, claramente se divertindo com seus papéis, é algo que os fãs certamente irão apreciar.

Lobos não é um filme revolucionário, nem pretende ser. Ele é uma adição sólida ao catálogo da Apple TV+, entregando um entretenimento leve e envolvente, ideal para uma sessão descontraída no fim de semana. Para os amantes da química entre Clooney e Pitt, e para aqueles que buscam um respiro nostálgico em meio ao cinema moderno, Lobos oferece o suficiente para satisfazer, mesmo que não atinja todo o seu potencial.

3.5

BOM

O que sustenta Lobos do início ao fim é, sem dúvida, a presença carismática de Clooney e Pitt. Suas piadas, trocas de olhares e interações são, em grande parte, o que mantém o filme em movimento, mesmo quando o roteiro vacila.