Leigh Whannell é um nome conhecido por atuar e dirigir filmes de terror nas duas últimas décadas. Após seu último longa-metragem atrás das câmeras, O Homem Invisível (2020), ele retorna para entregar uma abordagem mais moderna de outro clássico do gênero, Lobisomem. O filme estrelado por Christopher Abbott, Julia Garner e a jovem estreante Matilda Firth reformula a história para uma nova geração de uma forma menos exagerada em suas atuações e mais focada no drama da família que está no centro de tudo.
No início, ficamos sabendo que estranhos desaparecimentos acontecem na floresta próxima da casa onde o jovem Blake (Zac Chandler) e seu pai, Grady (Sam Jaeger) residem. A dupla passa seus dias caçando, até que um dia encontram uma criatura estranha que vaga pelas belas paisagens do Oregon causando medo na população local. Esta sequência de abertura já dá o tom do filme, com cenas bem tensas. Além disso, nos mostra o que precisamos saber sobre o relacionamento entre pai e filho. Grady é duro com o garoto por conta de seus medos em relação a segurança do filho e o desejo de manter o garoto protegido faz com que ele se torne um homem obcecado que causa traumas na criança.
Então, um salto temporal de 30 anos nos leva até Blake (Christopher Abbott), agora adulto. Ele é o oposto de seu pai, demonstrando ser muito carinhoso com a filha e sempre cuidando para que os desejos da menina sejam atendidos. Porém, a vida de conto de fadas da pequena Ginger (Matilda Firth) está prestes a mudar, pois Blake recebeu uma carta confirmando a morte de seu pai. Por conta das últimas notícias, Blake, Ginger e Charlotte (Julia Garner) deverão ir até a antiga casa dele para cuidar dos pertences de Grady – e quem sabe aproveitar alguns momentos juntos em família. Mas já na chegada as coisas se tornam um desastre, pois os três sofrem um acidente de carro e passam a ser caçados por uma criatura maníaca à espreita na floresta.
Os eventos do filme acontecem praticamente todos dentro de uma noite aterrorizante na vida dessa família, que está buscando esconderijo da besta que causou o acidente e agora está aparentemente em busca de sangue, tentando entrar na casa e despedaçá-los. Para Blake, a situação está ainda pior, já que ele descobriu um corte feio em seu braço, que está cada vez mais infeccionado e causando alguns efeitos assustadores em seu corpo. Nesse período noturno ocorre a transformação de um homem comum em criatura. Essa metamorfose vem de forma gradual e bastante eficiente (ainda que aconteça em um período tão curto de tempo), com a licantropia sendo vista como uma doença contagiosa. Além disso, funciona como uma metáfora para os traumas de Blake em relação ao pai – e aos possíveis traumas que pode causar na filha.
Christopher Abbott está bem no papel e entrega alguns momentos decentes, mas não chega a impressionar. Já a ótima Julia Garner é subutilizada no papel da mãe que corre e grita tentando salvar a filha com quem não tem muito contato. Ambos trabalham bem em cima de um roteiro que em muitos momentos não ajuda, pois não tem a complexidade emocional que a trama pede.
Em aspectos mais técnicos, o diretor mostra talento para movimentos de câmera inventivos e precisos. O design de som também é excelente, o que contribui muito para adicionar tensão a várias cenas de personagens parados no final de corredores escuros prendendo a respiração. Os efeitos práticos em uma era de uso excessivo dos computadores também vem como um ponto positivo no longa.
Porém, Lobisomem tem alguns problemas de roteiro. O ritmo, o desenvolvimento do suspense e a construção do terror psicológico poderiam ter sido mais bem elaborados, também poderia ser um pouco menos óbvio em alguns momentos. É um filme que tinha potencial para ter sido muito mais impactante, mas que ainda assim entrega uma experiência capaz agradar aos fãs de terror.
Lobisomem chega aos cinemas em 16 de janeiro de 2025, com distribuição da Universal Pictures.
Bom
O novo filme de monstros da Universal Pictures, traz uma versão repaginada e tecnicamente competente do Lobisomem, muito mais focada no drama da transformação de um homem comum em criatura e nos impactos que isso causam em sua família, do que nos sustos.