Jurassic World: Recomeço é uma continuação de Jurassic World: Domínio. Ambientado cinco anos após os eventos do filme anterior, parece novamente que os dinossauros estão caminhando para a extinção, pois nosso mundo se mostrou amplamente inóspito para eles – aqueles que vagam por cidades repletas de humanos estão morrendo muito mais rápido do que o esperado. Porém, os que foram realocados para uma pequena faixa ao redor do equador, conseguem sobreviver normalmente. Por esse motivo, essas áreas se tornaram zonas em que a presença humana é estritamente proibida.
Então, a veterana das forças especiais Zora Bennett (Scarlett Johansson) é recrutada pela empresa farmacêutica ParkerGenix e pelo representante Martin Krebs (Rupert Friend) para liderar uma equipe para esse local tropical onde eles podem extrair DNA de dinossauros vivos e saudáveis para terminar um novo medicamento com potencial de aumentar a expectativa de vida humana em décadas. Zora está cética em relação à missão, mas a quantidade de dinheiro oferecida faz com que ela seja convencida.
Martin a junta ao paleontólogo Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey), enquanto ela traz a bordo o colega Duncan Kincaid (Mahershala Ali), o líder de uma tripulação. Logo, eles partem para a Ilha Saint-Hubert, que a InGen usou como centro de pesquisa para trazer os dinossauros de volta à vida anos antes. A equipe precisa extrair sangue das três maiores espécies: o Mosasaurus na água, o Titanosaurus em terra e o Quetzalcoatlus no ar – mas até mesmo chegar à ilha é um grande perigo.
Não existe filme da franquia sem pelo menos uma criança em perigo, então uma trama inicialmente separada é inserida ao filme e ela acompanha uma viagem de barco em família a bordo do La Mariposa, embarcação comandada por Reuben Delgado (Manuel Garcia-Rulfo). Desde o divórcio, as filhas de Reuben, a adolescente Teresa (Luna Blaise) e Isabella (Audrina Miranda), de 11 anos, moram com a mãe. As férias são a tentativa de Reuben de se reconectar com elas, embora ele não esteja muito feliz por ter o namorado preguiçoso e maconheiro de Teresa, Xavier (David Iacono), na viagem.
Quando a equipe de Zora está se aproximando do primeiro alvo, a família acaba sofrendo um acidente envolvendo uma criatura gigantesca e eles precisam ser resgatados, fazendo com que o grupo fique ainda maior quando todos acabam unidos na mesma trama. Tantos os mercenários quanto a família acabam presos na ilha por um período e passam por várias provações envolvendo dinossauros de todos os tipos – isso inclui até mesmo tentar evitar ser comido por criaturas mutantes, experimentos fracassados dos tempos antigos.
Esse novo filme serve como uma espécie de recomeço, não trazendo de volta nenhum dos membros do elenco anterior, mas permite que o diretor Gareth Edwards e o roteirista David Koepp (que escreveu o roteiro do Jurassic Park original) selecionem o que funcionou nos vários filmes anteriores da franquia e utilizam novamente em Jurassic World: Recomeço – muito do que estamos vendo é o que já vimos feito várias vezes antes.
Depois da sequência de terror envolvendo dinossauros mutantes na abertura do filme, eles fazem o melhor trabalho até agora de retratar os dinossauros como parte da vida cotidiana dos seres humanos – isso é uma novidade bem vinda, mas que dura pouquíssimo. E voltamos para os grandes dinossauros perigosos e aventuras por locais lindos e perigosos. As lutas são imersivas e resultam em ação cheia de adrenalina, desperta nossas emoções e até mesmo uma leve atmosfera de terror.
A rica trilha sonora orquestral de Alexandre Desplat, incorporando a música tema clássica de John Williams, intensifica as cenas de ação com eficácia, mas é especialmente encantadora nos momentos mais ternos, como quando Henry fica completamente encantado ao ver os gigantes gentis Titanosaurus e ficar quase incapaz de conter suas emoções enquanto acaricia uma das pernas enormes das criaturas – uma das sequências mais memoráveis do novo filme e a que mais evoca o original de Steven Spielberg.
Scarlett Johansson lidera essa nova aventura e mostra suas consideráveis habilidades de heroína de ação – certamente uma boa escolha para a protagonista, afinal ela está mais do que acostumada a atuar com grandes telas verdes em produções com muito CGI envolvido e parece totalmente confortável como Zora. Além disso, é especialmente gratificante ter uma mulher no papel da membro mais forte da equipe, sem a obrigação de ser o interesse amoroso de ninguém ou de ser objetificada o tempo todo, o que aconteceu nos filmes anteriores com a personagem de Bryce Dallas Howard.
Mahershala Ali e Jonathan Bailey completam o trio superqualificado, todos eles tem uma boa química e retratam personagens que não são grandes novidades dentro dessa franquia. Duncan Kincaid é um velho amigo de Zora, aventureiro o suficiente para conduzir seu navio e sua tripulação (o desagradável chefe de segurança Bobby Atwater interpretado por Ed Skrein, o copiloto haitiano LeClerc interpretado por Bechir Sylvain e a marinheira Nina interpretada por Philippine Velge) para uma ruína certa. Kincaid pode parecer implacável, mas ele tem história de fundo que sugere que o mercenário enlutado perdeu recentemente um filho e pode se sacrificar para poupar outra criança, se tiver a oportunidade.
Já o Dr. Henry Loomis, com seus pequenos óculos com armação de arame, é apresentado como aluno do Dr. Alan Grant, mas, apesar de várias décadas de dinossauros vagando pela Terra novamente, ele passou mais tempo estudando fósseis em um museu do que interagindo com qualquer uma das criaturas vivas. Com essa missão, ele terá a chance de observá-los de perto enquanto tenta coletar as amostras de sangue. Mas, não importa quantos dinossauros ele tenha estudado no museu, quando se está em campo, parece que nenhum conhecimento acadêmico pode prepará-lo para o que está por vir. Rupert Friend interpreta um vilão um tanto quanto genérico, que leva o grupo a todos desenvolvimentos de enredo esperados pelo público. A subtrama da família é em grande parte esquecível e não dá para destacar nenhum dos atores.
Jurassic World: Recomeço é mais do mesmo e não se diferencia o suficiente do resto dos filmes da franquia, que depois do primeiro, deixaram de ser uma grande novidade. Mas, o que falta em originalidade ao novo filme, é compensado com uma narrativa cativante, grandes sustos e novos personagens carismáticos interpretados por um elenco muito bem escolhido – provando que essa franquia tão querida pelo público não está completamente extinta. Fãs de longa data certamente irão se divertir muito.
Jurassic World: Recomeço tem distribuição da Universal Pictures e estará disponível nos cinemas a partir de 3 de julho – também em versões acessíveis.
Bom
Jurassic World: Recomeço não traz grandes novidades em relação aos seis longa-metragens anteriores, mas conta com um elenco muito carismático, dinossauros bem feitos e aquela diversão misturada com pitadas de terror que amamos na franquia.